136
VIVAMOS CALMAMENTE
Que procureis viver
sossegados.
Paulo. (I Tessalonicenses, 4: 11).
Viver sossegado não é apodrecer na preguiça.
Há pessoas, cujo corpo permanece em decúbito dorsal,
agasalhadas, contra o frio da dificuldade, por excelentes cobertores da
facilidade econômica, mas torturadas mentalmente por indefiníveis aflições.
Viver calmamente, pois, não é dormir na estagnação.
A paz decorre da quitação de nossa consciência para com a
vida, e o trabalho reside na base de semelhante equilíbrio.
Se desejamos saúde, é necessário lutar pela harmonia do
corpo.
Se esperamos colheita farta, é indispensável plantar com
esforço e defender a lavoura com perseverança e carinho.
Para garantir a fortaleza do nosso coração, contra o
assédio do mal, é imprescindível saibamos viver dentro da serenidade do
trabalho fiel aos compromissos assumidos com a ordem e com o bem.
O progresso dos ímpios e o descanso dos delinquentes são
paradas de introdução à porta do inferno criado por eles mesmos.
Não queiras, assim, estar sossegado, sem esforço, sem luta,
sem trabalho, sem problemas...
Todavia,
consoante a advertência do Apóstolo, vivamos calmamente, cumprindo com valor,
boa-vontade e espírito de sacrifício, as obrigações edificantes que o mundo nos
impõe cada dia, em favor de nós mesmos.
NOSSA
REFLEXÃO
Somos todos viajores no tempo e muito estivemos estagnados
na preguiça espiritual, se é que não continuamos assim. É importante ressaltarmos
que se chegamos aonde chegamos, espiritualmente falando, foi porque despertamos
da estagnação pessoal e nos dispomos a trabalhar por nós mesmos e pelo bem da
humanidade.
Trabalhar é uma Lei[1]. Só trabalhando, desenvolvemos
a nossa inteligência, melhoramos a nossa convivência com o semelhante, desde a família.
É certo que devemos viver como os pássaros, como disse-nos
Jesus, pois eles “[...] não semeiam, não ceifam, nada guardam em celeiros; mas
vosso Pai celestial os alimenta” (Mateus, 6:26)[2]. Mas o Cristo não quis
dizer que deveríamos viver esperando cair o maná dos deuses. Ele, na verdade, quis
dizer que fizéssemos nossa parte, como os pássaros fazem. E nossa parte diz
respeito ao trabalho com consciência, justiça, benevolência, indulgência e misericórdia
para conosco e com nossos irmãos. Pois sem esse princípio, que resulta em
sermos caridosos[3],
não evoluímos, não nos aperfeiçoamos.
Em verdade, o Mestre Jesus nos exortou, diferentemente do
que se pode apreender com a analogia aos pássaros, a não nos preocuparmos com
os excessos materiais que a vida corpórea pode nos contemplar. Devemos viver a
vida de maneira simples, fazendo nossa parte, que o mais virá, de Deus, com fim
de ascendermos na escala espírita[4]. Desse modo, desenvolvemos
a nossa inteligência e a nossa moral.
Por sua vez, Emmanuel nos ensina nesta mensagem, ora refletida
por nós, que não devemos viver como um “[...] sossegado, sem esforço, sem luta,
sem trabalho, sem problemas...”.
Então, que não tenhamos preocupação demasiada com o futuro
e com a ascensão social/acadêmica/profissional. Tudo no seu tempo e na hora que
tem que ser, para o nosso bem, conforme o nosso merecimento.
Que Deus nos ajude a compreender e viver esse discernimento,
diuturnamente.
Domício.
[2] Vide interpretação de A. Kardec sobre essa
passagem evangélica em o “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Cap. XXV, itens 6 a 8.
[3]O Livro dos Espíritos, questão nº 886.
[4]O Livro dos Espíritos, Livro Segundo, Cap. I (Dos Espíritos) – Escala espírita.
Nenhum comentário:
Postar um comentário