domingo, 24 de junho de 2018

PROCUREMOS COM ZELO


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PROCUREMOS COM ZELO
Procurai com zelo os melhores dons e eu vos mostrarei um caminho ainda mais excelente.
Paulo. (I CORÍNTIOS, 12 :31.)
A ideia de que ninguém deve procurar aprender e melhorar-se para ser mais útil à Revelação Divina é muito mais uma tentativa de consagração à ociosidade que um ensaio de humildade incipiente.
A vida é curso avançado de aprimoramento, através do esforço e da luta, e se a própria pedra deve sofrer o burilamento para refletir a luz, que dizer de nós mesmos, chamados, desde agora, a exteriorizar os recursos divinos?
Ninguém interrompa o serviço abençoado da sua educação, a pretexto de cooperar com o Céu, porque o progresso é um comboio de rodas infatigáveis que relega para trás os que se rebelam contra os imperativos da frente.
É indispensável avançar com a melhoria consequente de tudo o que nos rodeia.
E o Evangelho não endossa qualquer atitude de expectativa displicente.
A palavra de Paulo é demasiado significativa.
Dirigindo-se aos coríntios, o apóstolo da gentilidade exorta-os a procurarem com fervor os melhores dons.
É imprescindível nos disponhamos a adquirir as qualidades mais nobres de inteligência e coração, sublimando a individualidade imperecível.
Cultura e santificação, através do trabalho e da fraternidade, constituem dever para todas as criaturas.
Autoaperfeiçoamento é obrigação comum.
Busquemos, zelosos, a elevação de nós mesmos, assinalando a nossa presença, seja onde for, com as bênçãos do serviço a todos, e tão logo estejamos integrados no esforço digno, dentro da ação pessoal e incessante no bem, o Alto nos descortinará mais iluminados caminhos para a ascensão.
NOSSA REFLEXÃO
Somos noviços na vida e muito temos que aprender na nossa trajetória terráquea. Estejamos preparados para assumir as responsabilidades de ser cada vez melhores na senda da vida, na direção da perfeição moral.
Somos discentes que, para nos tornarmos docentes, muito temos que nos preparar a partir dos recursos, disponibilizados a nós, decorrentes de nossas inconscientes preferências. Nem sempre colaboramos para que os melhores recursos didáticos nos sejam disponibilizados. No entanto, temos a inteligência que pode transformar o que nos apresenta em material suficiente para atingirmos nossos objetivos, mudando o curso das coisas e melhorando cada vez mais o que pode ser útil para conquistas bem maiores.
Como diz Emmanuel:
Busquemos, zelosos, a elevação de nós mesmos, assinalando a nossa presença, seja onde for, com as bênçãos do serviço a todos, e tão logo estejamos integrados no esforço digno, dentro da ação pessoal e incessante no bem, o Alto nos descortinará mais iluminados caminhos para a ascensão.
Isto é comum, nos meios acadêmicos: se nos mostramos bons produtores de conhecimentos, mais recursos obtemos para continuarmos nossas pesquisas e aprendizagens com fins de divulgação para a massa de aprendizes. Assim, também, entendemos, é a nossa vida no aperfeiçoamento espiritual. Quanto mais nos desenvolvemos espiritualmente, mais recursos e portas se abrem para continuarmos nossa ascensão espiritual.
Não podemos deixar de citar a bela passagem evangélica grafada em Mateus (7:7 a 11)[1], cuja interpretação de Kardec[2] foi:
Do ponto de vista terreno, a máxima: Buscai e achareis é análoga a esta outra: Ajuda-te a ti mesmo, que o céu te ajudará. É o princípio da lei do trabalho e, por conseguinte, da lei do progresso, porquanto o progresso é filho do trabalho, visto que este põe em ação as forças da inteligência.
Não nos deixemos paralisar pelos percalços do caminho, pois são inúmeros, e sigamos o exemplo do Mestre que, mesmo sabendo o que ia passar para realizar o seu trabalho, foi altivo e resoluto: seguiu em frente[3]. Sejamos resolutos e, em vez de reclamar das pedras do caminho, afastemo-las.
Que Deus nos ajude.
Domício.



[1] Pedi e se vos dará; buscai e achareis; batei à porta e se vos abrirá; porquanto, quem pede recebe e quem procura acha e, àquele que bata à porta, abrir-se-á. Qual o homem, dentre vós, que dá uma pedra ao filho que lhe pede pão? Ou, se pedir um peixe, dar-lhe-á uma serpente? Ora, se, sendo maus como sois, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, não é lógico que, com mais forte razão, vosso Pai que está nos céus dê os bens verdadeiros aos que lhos pedirem? (Mateus, 7:7 a 11.)
[2] Vide mais em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XXV, item 2.
[3] Vide mensagem de Emmanuel sobre a escalada de Jesus nos últimos momentos de sua vida entre nós, seguida de nossa reflexão em http://caminhovvida.blogspot.com/2014/03/levantamo-nos.html.

domingo, 17 de junho de 2018

NA PREGAÇÃO

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NA PREGAÇÃO
Eu de muito boa vontade gastarei e me deixarei gastar pelas vossas almas, ainda que, amando-vos cada vez mais, seja menos amado.
Paulo (II CORÍNTIOS, 12:15).
Há numerosos companheiros da pregação salvacionista que, de bom grado, se elevam a tribunas douradas, discorrendo preciosamente sobre os méritos da bondade e da fé, mas, se convidados a contribuir nas boas obras, sentem-se feridos na bolsa e recuam apressados, sob disparatadas alegações.
Impedimentos mil lhes proíbem o exercício da caridade e afastam-se para diferentes setores, onde a boa doutrina lhes não constitua incômodo à vida calma.
Efetivamente, no entanto, na prática legítima do Evangelho não nos cabe apenas gastar o que temos, mas também dar do que somos.
Não basta derramar o cofre e solucionar questões ligadas à experiência do corpo.
E imprescindível darmo-nos, através do suor da colaboração e do esforço espontâneo na solidariedade, para atender, substancialmente, as nossas obrigações primárias, à frente do Cristo.
Quem, de algum modo, não se empenha a benefício dos companheiros, apenas conhece as lições do Alto nos círculos da palavra.
Muita gente espera o amor alheio, a fim de amar, quando tal atitude somente significa dilação nos empreendimentos santificadores que nos competem.
Quem ajuda e sofre por devoção à Boa-Nova, recolhe suprimentos celestes de força para agir no progresso geral.
Lembremo-nos de que Jesus não só cedeu, em favor de todos, quanto poderia reter em seu próprio benefício, mas igualmente fez a doação de si mesmo pela elevação comum.
Pregadores que não gastam e nem se gastam pelo engrandecimento das idéias redentoras do Cristianismo são orquídeas do Evangelho sobre o apoio problemático das possibilidades alheias; mas aquele que ensina e exemplifica, aprendendo a sacrificar-se pelo erguimento de todos, é a árvore robusta do eterno Bem, manifestando o Senhor no solo rico da verdadeira fraternidade.
NOSSA REFLEXÃO
Nosso Mestre Jesus deu-se por completo para nós, como podemos refletir na mensagem de Emmanuel, intitulada “Jesus e os amigos”, de seu livro Caminho, Verdade e Vida, psicografada por Chico Xavier. Nesta, referente à Pregação, podemos pensar o quanto nos comprometemos ao ir para frente do público, na Casa Espírita, para pregar a Doutrina do Cristo, repaginada de modo racional pelo Espiritismo[1].
Ao nos expor, nos colocamos como seguidores do Cristo, mesmo ainda, ou muito menos evoluídos que os seus Apóstolos, que, na sua simplicidade, tiveram que dar continuidade à grande obra de evangelização terrena. Estamos no país propício – pois para cá o Mestre transplantou a árvore de seu Evangelho[2] – para arregaçar as mangas e não só falar a nossa compreensão da Boa Nova.
Lembremos, conforme Emmanuel, nesta mensagem, “(...) de que Jesus não só cedeu, em favor de todos, quanto poderia reter em seu próprio benefício, mas igualmente fez a doação de si mesmo pela elevação comum”.
Sejamos, também, tarefeiros nas atividades mais simples, ou mesmo de peso, na Casa Espírita, como também na vida pública, em casa, conforme a nossa capacidade de se doar, e sigamos fazendo o que possamos fazer pelos os outros, fazendo por nós mesmos.
Que Deus nos ajude.
Domício.



[1] “(...) A fé raciocinada, por se apoiar nos fatos e na lógica, nenhuma obscuridade deixa. A criatura então crê, porque tem certeza, e ninguém tem certeza senão porque compreendeu. Eis por que não se dobra. Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.” (Allan Kardec in O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XIX, item 6.)
[2] Vide a obra “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, do Espírito Humberto de Campos, psicografada por Chico Xavier.

domingo, 10 de junho de 2018

SERVIR E MARCHAR


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SERVIR E MARCHAR
Portanto, tornai a levantar as mãos cansadas e os joelhos desconjuntados.
Paulo. (HEBREUS, 12:12.)
Se é difícil a produção de fruto sadio na lavoura comum, para que não falte o pão do corpo aos celeiros do mundo, é quase sacrificial o serviço de aquisição dos valores espirituais que significam o alimento vivo e imperecível da alma.
Planta-se a semente da boa-vontade, mas obstáculos mil lhe prejudicam a germinação e o crescimento.
É a aluvião de futilidades da vida inferior.
A invasão de vermes simbolizados nos aborrecimentos de toda sorte.
A lama da inveja e do despeito.
As trovoadas da incompreensão.
Os granizos da maldade.
Os detritos da calúnia.
A canícula da responsabilidade.
O frio da indiferença.
A secura do desentendimento.
O escalracho da ignorância.
As nuvens de preocupações.
A poeira do desencanto.
Todas as forças imponderáveis da experiência humana como que se conjugam contra aquele que deseja avançar no roteiro do bem.
Enquanto não alcançarmos a herança divina a que somos destinados, qualquer descida é sempre fácil...
A elevação, porém, é obra de suor, persistência e sacrifício.
Não recues diante da luta, se realmente já podes interessar o coração nos climas superiores da vida.
Não obstante defrontado por toda a espécie de dificuldades, segue para a frente, oferecendo ao serviço da perfeição quanto possuas de nobre, belo e útil.
Recorda o conselho de Paulo e não te imobilizes.
Movimenta as mãos cansadas para o trabalho e ergue os joelhos desconjuntados, na certeza de que para a obtenção da melhor parte da vida é preciso servir e marchar, incessantemente.
NOSSA REFLEXÃO
Estamos no mundo para nos elevar na hierarquia espiritual, e elevação, como Emmanuel no diz: “é obra de suor, persistência e sacrifício”.
Aprendizado requer esforço, paciência e muito trabalho. Cada prova passada é um salto na elevação espiritual. Devemos prosseguir, mesmo diante das dificuldades intelectuais e morais de toda sorte, como Emmanuel cita nesta mensagem.
Diante da luta, devemos desenvolver a fé, que, segundo os Espíritos da Codificação, pode ser humana ou divina[1].
Diante das dificuldades, é possível que, em algum momento, podemos vir a nos sentirmos sozinhos, sentindo a falta dos amigos mais próximos. Mas, mesmo assim, devemos compreender que essa hora é a hora de mais compreendermos as dificuldades dos outros. É quando devemos ser amigos de quem nos falta na hora de turbulências. O Cristo passou por esse momento, mas, mesmo assim, perdoou a todos, pois ao descer sabia com quem ia conviver[2]. E hoje, nós temos também consciência, pelo o estudo do Espiritismo, de com quem convivemos: Espíritos, tal qual nós, endividados do passado, inseguros, nas horas dos testemunhos, de exercer a fidelidade fraternal.
Que tenhamos ânimo nas horas difíceis e sigamos com fé.
Que Deus nos ajude.
Domício.


[1] Vide em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XIX, item 12.
[2] Vide mensagem de Emmanuel sobre essa situação em outra mensagem intitulada “Jesus e os amigos” do livro Caminho, Verdade e Vida, que nós refletimos também, em outro blog, de nossa autoria, de mesmo título do livro.

domingo, 3 de junho de 2018

SEPULCROS ABERTOS


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SEPULCROS ABERTOS
                      A sua garganta é um sepulcro aberto.
Paulo (ROMANOS, 3: 13).
Reportando-se aos espíritos transviados da luz, asseverou Paulo que têm a garganta semelhante a sepulcro aberto e, nessa imagem, podemos emoldurar muitos companheiros, quando se afastam da Estrada Real do Evangelho para os trilhos escabrosos do personalismo delinquente.
Logo se instalam no império escuro do "eu", olvidando as obrigações que nos situam no Reino divino da Universalidade, transfigura-se-lhes a garganta em verdadeiro túmulo descerrado. Deixam escapar todo o fel envenenado que lhes transborda do íntimo, à maneira dum vaso de lodo, e passam a sintonizar, exclusivamente, com os males que ainda apoquentam vizinhos, amigos e companheiros.
Enxergam apenas os defeitos, os pontos frágeis e as zonas enfermiças das pessoas de boa-vontade que lhes partilham a marcha.
Tecem longos comentários no exame de úlceras alheias, ao invés de curá-las.
Eliminam precioso tempo em palestras compridas e ferinas, enegrecendo as intenções dos outros.
Sobrecarregam a imaginação de quadros deprimentes, nos domínios da suspeita e da intemperança mental.
Sobretudo, queixam-se de tudo e de todos.
Projetam emanações entorpecentes de má-fé, estendendo o desânimo e a desconfiança contra a prosperidade da santificação, por onde passam, crestando as flores da esperança e aniquilando os frutos imaturos da caridade.
Semelhantes aprendizes, profundamente desventurados pela conduta a que se acolhem, afiguram-se-nos, de fato, sepulcros abertos...
Exalam ruínas e tóxicos de morte.
Quando te desviares, pois, para o resvaladiço terreno das lamentações e das acusações, quase sempre indébitas, reconsidera os teus passos espirituais e recorda que a nossa garganta deve ser consagrada ao bem, pois só assim se expressará, por ela, o verbo sublime do Senhor.
NOSSA REFLEXÃO
Apesar de sabermos dos objetivos da encarnação[1], somos verdadeiros reclamadores da vida, quando algo acontece diferentemente do que estávamos esperando. Caímos em prostração. Algo nos embota a vontade e deixamos de ser produtivos. Eis o momento de aprendermos a trabalhar com as ferramentas que se nos apresentam. O trabalho, mesmo com poucas ferramentas, nos é útil para aprendermos a ter paciência, fé e esperança em dias melhores. Afinal, não descemos aqui para sermos coroados de louros e facilidades. O Cristo ao descer, não pediu ao Pai facilidades, e, realmente, não teve. Foi até perseguido, incompreendido e traído. Mas fez o que veio fazer. Então, que entendamos que o trabalho é sempre uma atividade útil, principalmente quando difícil, pois nos ajuda a aperfeiçoar a nossa inteligência e a nossa moral[2].
Motivados pelo desânimo, muito pelo contrário, não devemos ser motivo de baixo astral ao contato com outros companheiros que se nos avizinham em nossa romagem terrena. Devemos, sim, diferentemente dos que tem sepulcros abertos em suas gargantas, ser estimuladores de seus trabalhos, exaltar suas contribuições e ajudá-los, na medida de nossas possibilidades. Caso precisemos de ajuda, que façamos sem lamúrias, pois afinal, nunca devemos nos sentir isolados. Sempre tem alguém para somar aos nossos esforços, pois fazemos parte de uma grande coletividade de Espíritos irmãos que devem se ajudar.
Que sejamos tarefeiros no bem, sempre para somar e oportunizar frentes de trabalho para outros de boa vontade, sem engrandecer, é claro, o nosso trabalho, pois ele é só um na grande Seara do Mestre.
Que Deus nos ajude com as ferramentas e saibamos aproveitar o que se nos apresenta.
Domício.



[1] Vide O Livro dos Espíritos, questão 132 e seguintes e O Evangelho Segundo o Espiritismo Cap. IV.
[2] Vide O Livro dos Espíritos, questões 675 e 676 e O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXV.