domingo, 21 de abril de 2019

CAPACETE DA ESPERANÇA


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CAPACETE DA ESPERANÇA
Tendo por capacete a esperança na salvação.
Paulo (I Tessalonicenses, 5:8).
O capacete é a defesa da cabeça em que a vida situa a sede de manifestação ao pensamento e Paulo não podia lembrar outro símbolo mais adequado à vestidura do cérebro cristão, além do capacete da esperança na salvação.
Se o sentimento, muitas vezes, está sujeito aos ataques da cólera violenta, o raciocínio, em muitas ocasiões, sofre o assédio do desânimo, à frente da luta pela vitória do bem, que não pode esmorecer em tempo algum.
Raios anestesiantes são desfechados sobre o ânimo dos aprendizes por todas as forças contrárias ao Evangelho salvador.
A exigência de todos e a indiferença de muitos procuram cristalizar a energia do discípulo, dispersando-lhe os impulsos nobres ou neutralizando-lhe os ideais de renovação.
Contudo, é imprescindível esperar sempre o desenvolvimento dos princípios latentes do bem ainda mesmo quando o mal transitório estenda raízes em todas as direções.
É necessário esperar o fortalecimento do fraco, à maneira do lavrador que não perde a confiança nos grelos tenros; aguardar a alegria e a coragem dos tristes, com a mesma expectativa do floricultor que conta com revelações de perfume e beleza no jardim cheio de ramos nus.
É imperioso reconhecer, todavia, que a serenidade do cristão nunca representa atitude inoperante, por agir e melhorar continuadamente pessoas, coisas e situações, em todas as particularidades do caminho.
Por isso mesmo, talvez, o Apóstolo não se refere à touca protetora.
Chapéu, quase sempre, indica passeio, descanso, lazer, quando não defina convenção no traje exterior, de acordo com a moda estabelecida.
Capacete, porém, é indumentária de luta, esforço, defensiva.
E o discípulo de Jesus é um combatente efetivo contra o mal, que não dispõe de multo tempo para cogitar de si mesmo, nem pode exigir demasiado repouso, quando sabe que o próprio Mestre permanece em trabalho ativo e edificante.
Resguardemos, pois, o nosso pensamento com o capacete da esperança fiel e prossigamos para a vitória suprema do bem.
NOSSA REFLEXÃO
Todo aquele que, inspirado pelo Cristo, conforme suas lições grafadas pelos seus Discípulos, almeja paz íntima, alegria, união entre os homens e sofre por desânimo ao ver tanta injustiça, dor, desesperança e descrédito das pessoas em um mundo melhor.
Mas aquele (a) que se candidata a noviço (a) às hostes evangélicas, sintonizado (a) que se vê com as suas claridades, certamente se deterá para pensar sobre o estágio evolutivo da humanidade. A maldade, a injustiça, o preconceito, a fome, doenças, etc., imperando, o faz esmorecer diante de tudo isso.
Quando da vinda de Jesus, entretanto, já existia essas situações, em grau maior, mas o Cristo, esperançoso que se mostrou, apresentou um programa de evolução para a Terra. Um programa com mais de dois mil anos para se concretizar. Naquela oportunidade, Ele, sabedor de nossa ignorância, falou-nos por parábolas, prometendo um Consolador que explicaria tudo. Isso só se deu, 1824 anos depois de sua partida, com a 3ª Revelação, a Doutrina dos Espíritos, codificada por Allan Kardec.[1]
De 1857 para os dias de hoje, pensamos que a humanidade evoluiu muito, em termos morais, apesar que evoluiu muito mais em termos intelectuais. Todavia, há, ainda, muita maldade imperando e sendo divulgada com a velocidade da internet. Todo dia, somos assaltados com notícias de assaltos, suicídios, todo tipo de assassinato, com relevo aos feminicídios, apesar dos movimentos em favor das mulheres. É para esmorecer qualquer cristão...
Mas Emmanuel nos dá uma injeção de ânimo com essa mensagem. O trabalho do Mestre continua, de modo a refletir na continuidade do trabalho, de renovação própria e da humanidade, daquele que o vê como o Caminho, a Verdade e a Vida.
Que tenhamos uma fé operante, pois a esperança e a caridade brotará mais pujantemente de nós, dado que
A esperança e a caridade são corolários da fé e formam com esta uma trindade inseparável. Não é a fé que faculta a esperança na realização das promessas do Senhor? Se não tiverdes fé, que esperareis? Não é a fé que dá o amor? Se não tendes fé, qual será o vosso reconhecimento e, portanto, o vosso amor?[2]

Que Deus nos ajude.
Domício.


[1] A 1ª edição de O Livro dos Espíritos foi publicada por Allan Kardec no dia 18 de abril de 1857, sendo ampliada em 1860.
[2] Extraído da mensagem de José, Espírito protetor em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XIX, item 11.

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