94
CAPACETE DA ESPERANÇA
Tendo por capacete a esperança na salvação.
Paulo
(I Tessalonicenses, 5:8).
O capacete é a defesa da cabeça em que a vida situa a sede
de manifestação ao pensamento e Paulo não podia lembrar outro símbolo mais
adequado à vestidura do cérebro cristão, além do capacete da esperança na
salvação.
Se o sentimento, muitas vezes, está sujeito aos ataques da
cólera violenta, o raciocínio, em muitas ocasiões, sofre o assédio do desânimo,
à frente da luta pela vitória do bem, que não pode esmorecer em tempo algum.
Raios anestesiantes são desfechados sobre o ânimo dos
aprendizes por todas as forças contrárias ao Evangelho salvador.
A exigência de todos e a indiferença de muitos procuram
cristalizar a energia do discípulo, dispersando-lhe os impulsos nobres ou neutralizando-lhe
os ideais de renovação.
Contudo, é imprescindível esperar sempre o desenvolvimento
dos princípios latentes do bem ainda mesmo quando o mal transitório estenda
raízes em todas as direções.
É necessário esperar o fortalecimento do fraco, à maneira
do lavrador que não perde a confiança nos grelos tenros; aguardar a alegria e a
coragem dos tristes, com a mesma expectativa do floricultor que conta com
revelações de perfume e beleza no jardim cheio de ramos nus.
É imperioso reconhecer, todavia, que a serenidade do
cristão nunca representa atitude inoperante, por agir e melhorar
continuadamente pessoas, coisas e situações, em todas as particularidades do
caminho.
Por isso mesmo, talvez, o Apóstolo não se refere à touca
protetora.
Chapéu, quase sempre, indica passeio, descanso, lazer,
quando não defina convenção no traje exterior, de acordo com a moda estabelecida.
Capacete, porém, é indumentária de luta, esforço,
defensiva.
E o discípulo de Jesus é um combatente efetivo contra o mal,
que não dispõe de multo tempo para cogitar de si mesmo, nem pode exigir demasiado
repouso, quando sabe que o próprio Mestre permanece em trabalho ativo e
edificante.
Resguardemos,
pois, o nosso pensamento com o capacete da esperança fiel e prossigamos para a
vitória suprema do bem.
NOSSA REFLEXÃO
Todo aquele que, inspirado pelo Cristo, conforme suas
lições grafadas pelos seus Discípulos, almeja paz íntima, alegria, união entre
os homens e sofre por desânimo ao ver tanta injustiça, dor, desesperança e
descrédito das pessoas em um mundo melhor.
Mas aquele (a) que se candidata a noviço (a) às hostes
evangélicas, sintonizado (a) que se vê com as suas claridades, certamente se
deterá para pensar sobre o estágio evolutivo da humanidade. A maldade, a
injustiça, o preconceito, a fome, doenças, etc., imperando, o faz esmorecer
diante de tudo isso.
Quando da vinda de Jesus, entretanto, já existia essas
situações, em grau maior, mas o Cristo, esperançoso que se mostrou, apresentou um
programa de evolução para a Terra. Um programa com mais de dois mil anos para
se concretizar. Naquela oportunidade, Ele, sabedor de nossa ignorância,
falou-nos por parábolas, prometendo um Consolador que explicaria tudo. Isso só
se deu, 1824 anos depois de sua partida, com a 3ª Revelação, a Doutrina dos Espíritos,
codificada por Allan Kardec.[1]
De 1857 para os dias de hoje, pensamos que a humanidade
evoluiu muito, em termos morais, apesar que evoluiu muito mais em termos
intelectuais. Todavia, há, ainda, muita maldade imperando e sendo divulgada com
a velocidade da internet. Todo dia,
somos assaltados com notícias de assaltos, suicídios, todo tipo de assassinato,
com relevo aos feminicídios, apesar dos movimentos em favor das mulheres. É
para esmorecer qualquer cristão...
Mas Emmanuel nos dá uma injeção de ânimo com essa mensagem.
O trabalho do Mestre continua, de modo a refletir na continuidade do trabalho,
de renovação própria e da humanidade, daquele que o vê como o Caminho, a Verdade
e a Vida.
Que tenhamos uma fé operante, pois a esperança e a caridade
brotará mais pujantemente de nós, dado que
A esperança e a caridade são corolários da fé e
formam com esta uma trindade inseparável. Não é a fé que faculta a esperança na
realização das promessas do Senhor? Se não tiverdes fé, que esperareis? Não é a
fé que dá o amor? Se não tendes fé, qual será o vosso reconhecimento e,
portanto, o vosso amor?[2]
Que Deus nos ajude.
Domício.
[1] A
1ª edição de O Livro dos Espíritos foi publicada por Allan Kardec no dia 18 de abril de 1857, sendo
ampliada em 1860.
[2] Extraído da mensagem de José, Espírito
protetor em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XIX, item 11.
Nenhum comentário:
Postar um comentário