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DIFERENÇA
Crês que há um só Deus: fazes bem. Também os
demônios o creem, e estremecem.
TIAGO (2:19).
A advertência do apóstolo é de essencial importância no
aviso espiritual.
Esperar benefícios do Céu é atitude comum a todos.
Adorar o Senhor pode ser trabalho de justos e injustos.
Admitir a existência do Governo Divino é traço dominante de
todas as criaturas.
Aceitar o Supremo Poder é próprio de bons e maus.
Tiago foi divinamente inspirado neste versículo, porque
suas palavras definem a diferença entre crer em Deus e fazer-Lhe a Sublime Vontade.
A inteligência é atributo de todos.
A cognição procede da experiência.
O ser vivo evolve sempre e quem evolve aprende e conhece.
A diferenciação entre o gênio do mal e o gênio do bem permanece
na direção do conhecimento.
O demônio, como símbolo de maldade, executa os próprios
desejos, muita vez desvairados e escuros.
O anjo identifica-se com os desígnios do Eterno e cumpre-os
onde se encontra.
Recorda, pois, que não basta a escola religiosa a que te
filias para que o problema da felicidade pessoal alcance a solução desejada.
Adorar o Senhor, esperar e crer nEle são atitudes
características de toda a gente.
O
único sinal que te revelará a condição mais nobre estará impresso na ação que desenvolveres
na vida, a fim de executar-lhe os desígnios, porque, em verdade, não adianta
muito ao aperfeiçoamento o ato de acreditar no bem que virá do Senhor e sim a
diligência em praticar o bem, hoje, aqui e agora, em seu nome.
NOSSA REFLEXÃO
Entre crer e
dar sentido prático ao que se crer, há uma certa distância que varia de pessoa
para pessoa.
Nosso planeta
tem um considerado contingente de crentes na ideia da existência de Deus. Isto
é um grande avanço espiritual, pois quando Moisés baixou o Decálogo, a ideia do
monoteísmo estava implantada. No entanto, foi o começo de uma luta no caminho
de tornar a Terra um Reino de Deus.
Passaram
milênios e estamos hoje numa fase de transição planetária em que muitos estão
sendo conduzidos a outros reinos parecidos com aquele que elegeram como seu,
mas muito diferente do de Deus.
Isto nos remete
a pensar se somos, de fato, cristãos ou simpatizantes do Cristianismo. E,
particularmente, pensando como espíritas, se somos, de fato, espíritas ou simpatizantes
do Espiritismo.
É muito
bacana já termos uma simpatia pelos apelos cristãos (se referindo a todos os
crentes das denominações cristãs, militantes ou não), e, notadamente, pelos
apelos espíritas (se referindo aos crentes, militantes ou não, nos postulados
espíritas). Mas mais que crer, é importante, como Emmanuel nos orienta,
praticar, propagar. Isto não significa nos tornarmos perfeitos de uma hora para
outra. É um exercício. Na participação das reuniões de sua religião, cada
pessoa vai se mantendo firme em sua fé, se abastecendo de energias, estímulos,
consolos, se fortalecendo para os embates da vida moral, integrada na vida
social.
Estamos nesse
planeta por sermos imperfeitos, e A. Kardec traçou o perfil do verdadeiro
espírita em O
Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XVII, Sede Perfeitos, item 4, ao
dissertar sobre os Bons Espíritas:
Reconhece-se o
verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega
para domar suas inclinações más.
Então, para
praticar, primeiro deve-se crer. Estudar as minudências doutrinárias, o segundo
passo. Crendo, estudando, e nos amando (uma ordem, meramente didática, pois são
intrínsecas, umas às outras)[1], estaremos nos
aperfeiçoando, cumprindo os desígnios do Senhor.
As críticas e
cobranças, pessoais ou de terceiros, sobre nossa coerência com os postulados
que professamos são naturais. Sermos avaliados como bom, ou não, praticantes do
Espiritismo, é fundamental para a nossa progressão. Devemos, de vez em quando,
dar uma parada para meditarmos sobre nosso progresso espiritual com base nos
postulados espíritas e, nos declararmos espíritas, mesmo após uma queda, pois
somos estudantes de uma Doutrina que professa o perdão das quedas.
Que Deus nos
ajude na subida até Ele.
Domício.
Ps. Trago abaixo um poema de L. Angel
que trata de uma declaração de um espírita.
L. Angel 02/04/2017
Quando me perguntam
Qual a minha religião,
Pois a alguma eles se devotam,
Vem aquela hesitação...
Sou quase espírita,
Vem a minha mente...
Eu não sigo o que a Doutrina dita...
Não sou perfeito, infelizmente...
Espírita verdadeiro?
O que significa?
A. Kardec, responde, ligeiro,
E de maneira específica:
O verdadeiro espírita é aquele se transforma, moralmente,
Se esforçando, ante às tentações,
Em domar suas más inclinações.
Ainda bem que essa máxima está escrita, felizmente!
Já posso dizer, sem vacilação, qual a minha religião:
Sou espírita, por que não?
[1]
Espíritas! amai-vos, este o
primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo (Espírito de Verdade, in O
Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. VI, O Cristo Consolador, item 5).