domingo, 29 de outubro de 2017

DIFERENÇA

20
DIFERENÇA
Crês que há um só Deus: fazes bem. Também os demônios o creem, e estremecem.
TIAGO (2:19).
A advertência do apóstolo é de essencial importância no aviso espiritual.
Esperar benefícios do Céu é atitude comum a todos.
Adorar o Senhor pode ser trabalho de justos e injustos.
Admitir a existência do Governo Divino é traço dominante de todas as criaturas.
Aceitar o Supremo Poder é próprio de bons e maus.
Tiago foi divinamente inspirado neste versículo, porque suas palavras definem a diferença entre crer em Deus e fazer-Lhe a Sublime Vontade.
A inteligência é atributo de todos.
A cognição procede da experiência.
O ser vivo evolve sempre e quem evolve aprende e conhece.
A diferenciação entre o gênio do mal e o gênio do bem permanece na direção do conhecimento.
O demônio, como símbolo de maldade, executa os próprios desejos, muita vez desvairados e escuros.
O anjo identifica-se com os desígnios do Eterno e cumpre-os onde se encontra.
Recorda, pois, que não basta a escola religiosa a que te filias para que o problema da felicidade pessoal alcance a solução desejada.
Adorar o Senhor, esperar e crer nEle são atitudes características de toda a gente.
O único sinal que te revelará a condição mais nobre estará impresso na ação que desenvolveres na vida, a fim de executar-lhe os desígnios, porque, em verdade, não adianta muito ao aperfeiçoamento o ato de acreditar no bem que virá do Senhor e sim a diligência em praticar o bem, hoje, aqui e agora, em seu nome.
NOSSA REFLEXÃO
Entre crer e dar sentido prático ao que se crer, há uma certa distância que varia de pessoa para pessoa.
Nosso planeta tem um considerado contingente de crentes na ideia da existência de Deus. Isto é um grande avanço espiritual, pois quando Moisés baixou o Decálogo, a ideia do monoteísmo estava implantada. No entanto, foi o começo de uma luta no caminho de tornar a Terra um Reino de Deus.
Passaram milênios e estamos hoje numa fase de transição planetária em que muitos estão sendo conduzidos a outros reinos parecidos com aquele que elegeram como seu, mas muito diferente do de Deus.
Isto nos remete a pensar se somos, de fato, cristãos ou simpatizantes do Cristianismo. E, particularmente, pensando como espíritas, se somos, de fato, espíritas ou simpatizantes do Espiritismo.
É muito bacana já termos uma simpatia pelos apelos cristãos (se referindo a todos os crentes das denominações cristãs, militantes ou não), e, notadamente, pelos apelos espíritas (se referindo aos crentes, militantes ou não, nos postulados espíritas). Mas mais que crer, é importante, como Emmanuel nos orienta, praticar, propagar. Isto não significa nos tornarmos perfeitos de uma hora para outra. É um exercício. Na participação das reuniões de sua religião, cada pessoa vai se mantendo firme em sua fé, se abastecendo de energias, estímulos, consolos, se fortalecendo para os embates da vida moral, integrada na vida social.
Estamos nesse planeta por sermos imperfeitos, e A. Kardec traçou o perfil do verdadeiro espírita em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XVII, Sede Perfeitos, item 4, ao dissertar sobre os Bons Espíritas:
Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más.
Então, para praticar, primeiro deve-se crer. Estudar as minudências doutrinárias, o segundo passo. Crendo, estudando, e nos amando (uma ordem, meramente didática, pois são intrínsecas, umas às outras)[1], estaremos nos aperfeiçoando, cumprindo os desígnios do Senhor.
As críticas e cobranças, pessoais ou de terceiros, sobre nossa coerência com os postulados que professamos são naturais. Sermos avaliados como bom, ou não, praticantes do Espiritismo, é fundamental para a nossa progressão. Devemos, de vez em quando, dar uma parada para meditarmos sobre nosso progresso espiritual com base nos postulados espíritas e, nos declararmos espíritas, mesmo após uma queda, pois somos estudantes de uma Doutrina que professa o perdão das quedas.
Que Deus nos ajude na subida até Ele.
Domício.

Ps. Trago abaixo um poema de L. Angel que trata de uma declaração de um espírita.
L. Angel      02/04/2017
Quando me perguntam
Qual a minha religião,
Pois a alguma eles se devotam,
Vem aquela hesitação...
Sou quase espírita,
Vem a minha mente...
Eu não sigo o que a Doutrina dita...
Não sou perfeito, infelizmente...
Espírita verdadeiro?
O que significa?
A. Kardec, responde, ligeiro,
E de maneira específica:
O verdadeiro espírita é aquele se transforma, moralmente,
Se esforçando, ante às tentações,
Em domar suas más inclinações.
Ainda bem que essa máxima está escrita, felizmente!
Já posso dizer, sem vacilação, qual a minha religião:
Sou espírita, por que não?




[1] Espíritas! amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo (Espírito de Verdade, in O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. VI, O Cristo Consolador, item 5).

domingo, 22 de outubro de 2017

APASCENTA

19
APASCENTA
           Apascenta as minhas ovelhas.
Jesus (João, 21:17).
Significativo é o apelo do Divino Pastor ao coração amoroso de Simão Pedro para que lhe continuasse o apostolado.
Observando na Humanidade o seu imenso rebanho, Jesus não recomenda medidas drásticas em favor da disciplina compulsória.
Nem gritos, nem xingamentos.
Nem cadeia, nem forca.
Nem chicote, nem vara.
Nem castigo, nem imposição.
Nem abandono aos infelizes, nem flagelação aos transviados.
Nem lamentação, nem desespero.
Pedro, apascenta as minhas ovelhas!
Isso equivale a dizer: - Irmão, sustenta os companheiros mais necessitados que tu mesmo.
Não te desanimes perante a rebeldia, nem condenes o erro, do qual a lição benéfica surgirá depois.
Ajuda ao próximo, ao invés de vergastá-lo.
Educa sempre.
Revela-te por trabalhador fiel.
Sê exigente para contigo mesmo e ampara os corações enfermiços e frágeis que te acompanham os passos.
Se plantares o bem, o tempo se incumbirá da germinação, do desenvolvimento, da florescência e da frutificação, no instante oportuno.
Não analises, destruindo.
O inexperiente de hoje pode ser o mentor de amanhã.
Alimenta a "boa parte" do teu irmão e segue para diante. A vida converterá o mal em detritos e o Senhor fará o resto.
NOSSA REFLEXÃO
O Cristo se despedia sem deixar de exortar algumas orientações ao discípulo que, na sua avaliação, era o mais preparado para liderar o grupo de apóstolos reunidos por Ele para dar continuidade à Sua obra de evangelização da nossa humanidade.
Não lhe deu prerrogativas, nem trono. Colocou Pedro no lugar de um irmão mais experiente que poderia liderar o grupo e a todos os que se juntassem ao grupo por conversão.
Considerou-lhe a condição de necessitado, mas lembrando que os demais poderiam ser muito mais. Desse modo, sua liderança seria pautada na pacificação, no apoio, na compreensão, na orientação e demonstração de fé.
Jesus, quando reuniu pescadores simples, já deu demonstração que não esperava perfeição deles. Compreendeu as vacilações de todos, particularmente a de Pedro que o negou três vezes, já sabendo que ele iria agir assim. A despeito disso, o intitulou a Pedra que sobre ela se ergueria sua Igreja (Mateus, 16:18).
Emmanuel, no meu entender, nos reporta a essa passagem de Mateus para nos lembrar que a obra do Cristo continua e que Ele confia em todos que assumem uma liderança religiosa com base no Cristianismo. Particularmente, a exortação deve calar fundo nos corações dos dirigentes espíritas.
Isto deve também valer para qualquer tipo de liderança na Terra, em que os superiores devem acolher os menores na condição de aprendizes e colaboradores, e não meros subalternos[1].
Que Deus nos ajude.
Domício.


[1] Vide em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. 17, Item 9:  Os superiores e os inferiores.

domingo, 15 de outubro de 2017

NÃO SOMENTE

18
NÃO SOMENTE
Nem só de pão viverá o homem.
– Jesus. (MATEUS. 4:4).
Não somente agasalho que proteja o corpo, mas também o refúgio de conhecimentos superiores que fortaleçam a alma.
Não só a beleza da máscara fisionômica, mas igualmente a formosura e nobreza dos sentimentos.
Não apenas a eugenia que aprimora os músculos, mas também a educação que aperfeiçoa as maneiras.
Não somente a cirurgia que extirpa o defeito orgânico, mas igualmente o esforço próprio que anula o defeito íntimo.
Não só o domicílio confortável para a vida física, mas também a casa invisível dos princípios edificantes em que o espírito se faça útil, estimado e respeitável.
Não apenas os títulos honrosos que ilustram a personalidade transitória, mas igualmente as virtudes comprovadas, na luta objetiva, que enriqueçam a consciência eterna.
Não somente claridade para os olhos mortais, mas também luz divina para o entendimento imperecível.
Não só aspecto agradável, mas igualmente utilidade viva.
Não apenas flores, mas também frutos.
Não somente ensino continuado, mas igualmente demonstração ativa.
Não só teoria excelente, mas também prática santificante.
Não apenas nós, mas igualmente os outros.
Disse o Mestre: - "Nem só de pão viverá o homem".
Apliquemos o sublime conceito ao imenso campo do mundo.
Bom gosto, harmonia e dignidade na vida exterior constituem dever, mas não nos esqueçamos da pureza, da elevação e dos recursos sublimes da vida interior, com que nos dirigimos para a Eternidade.
NOSSA REFLEXÃO
Essa reflexão de Emmanuel nos faz lembrar de uma lição encontrada em O Evangelho Segundo o Espiritismo, pelo Espírito Georges, que apresenta duas correntes antagônica, tais quais, uma que renega a alma e a outra que renega o corpo. Entre o materialismo e o fanatismo religioso que responsabiliza o corpo pelas imperfeições da alma, o Espírito Georges nos ensina que devemos buscar o equilíbrio nos dando a noção de que, de outro modo, devemos ter mente sã em corpo são, parafraseando o filósofo/poeta romano Juvenal. De outro modo ele nos ensina: “amai, pois, a vossa alma, porém, cuidai igualmente do vosso corpo, instrumento daquela” (cap. 17 – Sede Perfeitos, item 11).
O Espírito ao reencarnar recebe um corpo programado para dar suporte a todas as provas ou expiações que o mesmo deve passar. Em geral, nós perdemos muita energia com atividades que além de não nos enobrecer, desgastam o corpo, diminuindo assim o tempo de oportunidades evolutivas que poderíamos ainda viver se respeitássemos o corpo. Muitos se dão conta dessa necessidade, de cuidar do corpo, além da alma, depois dos 40 anos (meu caso...). Mas antes tarde do que nunca (risos).
Além disso, entendemos a partir da reflexão de Emmanuel, que não devemos nos preocupar só com as aparências, com o imediatismo de nossas necessidades materiais, seja do corpo (vestes, moradia, alimentação e lazer) ou da alma (ascensão intelectual e profissional, por exemplo), pois o verdadeiro sentido de estarmos encarnados é de evoluir espiritualmente para o Reino de Deus.
Que Deus nos ajude a buscar o equilíbrio em favor do nosso equilíbrio espiritual.
Domício.

Ps. Acrescento uma poesia de L. Angel que lembra um momento que busquei a saúde do corpo, para começar, a partir daquele momento, cuidar tanto alma como do corpo.

UM RETIRO PARA RECOMEÇAR
L. ANGEL     19/07/11

Numa casa onde me recluso,
Para um tratamento integral,
Penso que sou um ser incluso
Na grande orquestra celestial.
Penso nas coisas que devo melhorar
E nas pessoas que me merecem melhor.
Deus há de me ajudar
A crescer, recomeçar e deixar de ser só.
O ambiente é calmo e inspirador.
Somos tratados com carinho e amor.
As enfermeiras são dedicadas e solícitas.
E os pacientes esperançosos e obedientes.
Refletem sobre as terapias para ficarem cientes
Das origens e resultados terapêuticos que cada terapia suscita.
O jejum limpa o corpo e alma.
Repousa-se os órgãos e a mente acalma.
A parada é hoje necessária,
Já que a vida muito ainda pode ensejar.
São projetos e sonhos a realizar,
Que necessitam de uma estrada além de precária.
“Mente sã em corpo são”
Lembra meu velho e querido pai.
Muito me motiva esse pensamento daquele ancião.
Que com sua cultura lembrava que não podia cair mais.

domingo, 8 de outubro de 2017

CRISTO E NÓS

17
CRISTO E NÓS
E disse-lhe o Senhor em visão: Ananias! E ele respondeu: Eis–me aqui, Senhor!
(ATOS, 9:10.)
Os homens esperam por Jesus e Jesus espera igualmente pelos homens.
Ninguém acredite que o mundo se redima sem almas redimidas.
O Mestre, para estender a sublimidade do seu programa salvador, pede braços humanos que o realizem e intensifiquem. Começou o apostolado, buscando o concurso de Pedro e André, formando, em seguida; uma assembleia de doze companheiros para atacar o serviço da regeneração planetária.
E, desde o primeiro dia da Boa Nova, convida, insiste e apela, Junto das almas, para que se convertam em instrumentos de sua Divina Vontade, dando-nos a perceber que a redenção procede do Alto, mas não se concretizará entre as criaturas sem a colaboração ativa dos corações de boa vontade.
Ainda mesmo quando surge, pessoalmente, buscando alguém para a sua lavoura de luz, qual aconteceu na conversão de Paulo, o Mestre não dispensa a cooperação dos servidores encarnados. Depois de visitar o doutor de Tarso, diretamente, procura Ananias, enviando-o a socorrer o novo discípulo.
Por que razão Jesus se preocupou em acompanhar o recém-convertido, assistindo-o em pessoa? É que, se a Humanidade não pode iluminar-se e progredir sem o Cristo, o Cristo não dispensa os homens na obra de soerguimento e sublimação do mundo.
"Ide e pregai".
"Eis que vos mando".
"Resplandeça a vossa luz diante dos homens".
"A Seara é realmente grande, mas poucos são os ceifeiros".
Semelhantes afirmativas do Senhor provam a importância por ele atribuída à contribuição humana.
Amemos e trabalhemos, purificando e servindo sempre.
Onde estiver um seguidor do Evangelho aí se encontra um mensageiro do Amigo Celestial para a obra incessante do bem.
Cristianismo significa Cristo e nós.
NOSSA REFLEXÃO
Esta mensagem guarda nítida relação com outra de Emmanuel, do livro “O Espírito da Verdade”, intitulada “Seja Voluntário”, que a refletimos em outro blog de nossa autoria: “OEspírito da Verdade”.
É verdade, o Mestre não pode fazer o trabalho sozinho. Além do mais, o trabalho que Ele nos convida a fazer é uma atividade prática das aulas teórico-práticas que ele desenvolveu entre nós. Necessário que possamos aplicar nossos conhecimentos na relação com os nossos semelhantes, pois é nessa atividade, numa situação avaliativa de um curso para o Espírito em evolução, onde a Escola é a Terra, que nós progredimos em nossa carreira evolutiva, se a fizermos caprichosamente.
Se o leitor fizer uma leitura da mensagem citada aqui, encontrada no blog cujo link se encontra no seu título acima, verá que na oportunidade o autor desse blog encontrava-se em “inatividade”, apesar de um histórico de trabalho intenso. No momento, ele se encontra em situação similar. O único trabalho voluntário que faz no momento é esse blog. Um trabalho de divulgação doutrinária e de reflexões pessoais sobre as mensagens de Emmanuel, pois encontra-se distante do Centro Espírita a que é associado (vide perfil do autor desse blog), sabendo que pode fazer mais na relação com aqueles com quem convive.
De qualquer modo, a iniciativa para o trabalho é importante. O contato com as dificuldades do semelhante que visita o Centro Espírita ou mesmo fora dele é fundamental para que sintamos a importância de nós mesmos compreendermos o que passamos neste planeta. Existe inúmeras maneiras de ajudar e os prepostos do Mestre aproveitam-nos nas situações mais inusitadas para ajudar na Seara do Mestre. Estamos no mundo, Sua maior seara, onde nos candidatamos a construir a perfeição em nós[1]. Então, estejamos dispostos ao trabalho espírita, também fora do Centro Espírita, e, em particular, dentro do lar (local privilegiado, e que nem sempre nos damos conta...).
Que Deus nos ajude.
Domício.



[1] Vide o cap. 17, intitulado “Sede Perfeitos”, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec.

domingo, 1 de outubro de 2017

NÃO TE PERTURBES

16
NÃO TE PERTURBES
E o mandamento que era para a vida, achei eu que me era para a morte
Paulo (ROMANOS, 7:10).
Se perguntássemos ao grão de trigo que opinião alimenta acerca do moinho, naturalmente responderia que dentro dele encontra a casa de tortura em que se aflige e sofre; no entanto, é de lá que ele se ausenta aprimorado para a glória do pão na subsistência do mundo.
Se indagássemos da madeira, com respeito ao serrote, informaria que nele identifica o algoz de todos os momentos, a dilacerar-lhe as entranhas; todavia, sob o patrocínio do suposto verdugo, faz-se delicada e útil para servir em atividades sempre mais nobres.
Se consultarmos a pedra, com alusão ao buril, certo esclarecerá que descobriu nele o detestável, perseguidor de sua tranquilidade, a feri-Ia, desapiedado, dia e noite; entretanto, é dos golpes dele que se eleva aos tesouros terrestres, aperfeiçoada e brilhante.
Assim, a alma. Assim, a luta.
Peçamos o parecer do homem, quanto à carne, e pronunciará talvez impropriedades mil. Ouçamo-lo sobre a dor e registraremos velhos disparates verbais. Solicitemos-lhe que se externe com referência à dificuldade, e derramará fel e pranto.
Contudo, é imperioso reconhecer que do corpo disciplinado, do sofrimento purificador e do obstáculo asfixiante, o espírito ressurge sempre mais aformoseado, mais robusto e mais esclarecido para a imortalidade.
Não te perturbes, pois, diante da luta, e observa.
O que te parece derrota, muita vez é vitória. E o que se te afigura em favor de tua morte, é contribuição para o teu engrandecimento na vida eterna.

NOSSA REFLEXÃO
Em face do sofrimento que nos inquieta por tempo, que parece eterno, nós nos desesperamos, por nos sentir sem força para levar em frente tal cruz. Mas o que pesa no ombro de um, não tem o mesmo peso no ombro de outro. Tudo depende do valor que se dá ao peso, do objetivo dele se encontra no ombro.
O que pode nos aquietar a alma, para nos fortalecer diante da Cruz que carregamos por anos a fio? Primeiramente, lembramos o Cristo que não tinha nada a reparar nessa Terra e carregou uma cruz, tornando isso simbólico. Cumpriu sua missão perdoando a todos que o feriram e o traíram.
Em seguida, lembramos este ensinamento deixado por Ele:
Vinde a mim, todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, que Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei comigo que sou brando e humilde de coração e achareis repouso para vossas almas, pois é suave o meu jugo e leve o meu fardo. (Mateus, 11:28 a 30.)[1]
Segundo A. Kardec, o jugo é suave e o fardo é leve porque a única imposição moral presente nesses jugo e fardo é o dever da prática da caridade.
Lembramos ainda da importância do significado da expiação e sua diferença em relação a prova, já que habitamos um planeta de provas e expiações.
(...) Não há crer, no entanto, que todo sofrimento suportado neste mundo denote a existência de uma determinada falta. Muitas vezes são simples provas buscadas pelo Espírito para concluir a sua depuração e ativar o seu progresso. Assim, a expiação serve sempre de prova, mas nem sempre a prova é uma expiação (...) (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. V, Item 9).
(...) Mediante as diversas existências corpóreas é que os Espíritos se vão expungindo, pouco a pouco, de suas imperfeições. As provações da vida os fazem adiantar-se, quando bem suportadas. Como expiações, elas apagam as faltas e purificam. São o remédio que limpa as chagas e cura o doente. (...) (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. V, Item 10).
Há que se entender, as reclamações e lamúrias são sinais de expiação. O sofrimento está na não aceitação da mesma. Daí o Cristo nos consolar com a bem-aventurança reservada àqueles que bem sofre suas expiações (Mateus, 5:4, 6 e 10.), (Lucas, 6:20 e 21.), (Lucas, 6:24 e 25.). Essas passagens evangélicas são a base para a dissertação do capítulo V, intitulado “Bem-aventurados os Aflitos” de O Evangelho Segundo o Espiritismo, por A. Kardec.
Que tornemos nossa expiação em prova, suportando-a sem muitos queixumes e lavemos nossas almas das impurezas acumuladas em vidas passadas.
Que Deus nos ajude.
Domício.



[1] Vide interpretação por A. Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. 6, Item 2.