domingo, 28 de janeiro de 2018

ERGUER E AJUDAR

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ERGUER E AJUDAR
E ele, dando-lhe a mão [...], a levantou. (ATOS, 9:41.)
Muito significativa a lição dos Atos, quando Pedro restaura a irmã Dorcas para a vida.
Não se contenta o apóstolo em pronunciar palavras lindas aos seus ouvidos, renovando-lhe as forças gerais.
Dá-lhe as mãos para que se levante.
O ensinamento é dos mais simbólicos.
Observamos muitos companheiros a se reerguerem para o conhecimento, para a alegria e para a virtude, banhados pela divina claridade do Mestre, e que podem levantar milhares de criaturas para a Esfera Superior.
Para isso, porém, não bastará a predicação pura e simples.
O sermão é, realmente, um apelo sublime, do qual não prescindiu o próprio Cristo, mas não podemos esquecer que o Celeste Amigo, se doutrinou no monte, igualmente no monte multiplicou os pães para o povo esfaimado, restabelecendo-lhe o ânimo.
Nós, os que nos achávamos mortos na ignorância, e que hoje, por acréscimo da Misericórdia Infinita, já podemos desfrutar algumas bênçãos de luz, precisamos estender o serviço de socorro aos demais.
Não nos desincumbiremos, porém, da tarefa salvacionista, simplesmente pronunciando alguns discursos admiráveis.
É imprescindível usar nossas mãos nas obras do bem.
Esforço dos braços significa atividade pessoal.
Sem o empenho de nossas energias, na construção do Reino Espiritual com o Cristo, na Terra, debalde alinharemos observações excelentes em torno das preciosidades da Boa Nova ou das necessidades da redenção humana.
Encontrando o nosso irmão, caído na estrada, façamos o possível por despertá-lo com os recursos do verbo transformador, mas não olvidemos que, para trazê-lo de novo à vida construtiva, será indispensável, segundo a inesquecível lição de Pedro, estender-lhe fraternalmente as nossas mãos.
NOSSA REFLEXÃO
O soerguimento é fundamental na vida do ser humano. Caímos muito, e para nos reanimar, nem sempre conseguimos sozinhos. Nessa hora precisamos de uma alma amiga. Muitos conseguem sozinho, sem a companhia de encarnados. Todavia, não está sozinho, pois tem o amigo espiritual, o protetor, o Anjo da Guarda[1], o Cristo e Deus. Ao ver algo assim, muito se perguntam: como ele conseguiu sozinho?
Todavia, não podemos deixar os desvalidos morais e físicos simplesmente a sós por sabermos que há Espíritos que os ajudam. Estamos num planeta de provas e expiações[2] e o Cristo nos ensinou que deveríamos ajudar uns aos outros. Ou seja, deveríamos praticar a caridade. Cada um de nós precisa passar por situações que podem nos fazer refletir ao estar em situações oposta: a do são e a do doente.[3]
Então, como Pedro fez, e como Emmanuel nos adverte, não só falemos, demo-nos as mãos para o soerguimento geral.
Que Deus nos ajude.
Domício.



[1] Vide O Livro dos Espíritos, questões 489 a 521

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

A BOA PARTE

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A BOA PARTE
Maria escolheu a boa parte, que não lhe será tirada.
Jesus. (LUCAS, 10:42.)
Não te esqueças da "boa parte" que reside em todas as criaturas e em todas as coisas.
O fogo destrói, mas transporta consigo o elemento purificador.
A pedra é contundente, mas consolida a segurança.
A ventania açoita impiedosa, todavia, ajuda a renovação.
A enxurrada é imundície, entretanto, costuma carrear o adubo indispensável à sementeira vitoriosa.
Assim também há criaturas que, em se revelando negativas em determinados setores da luta humana, são extremamente valiosas em outros.
A apreciação unilateral é sempre ruinosa.
A imperfeição completa, tanto quanto a perfeição integral, não existem no plano em que evoluímos.
O criminoso, acusado por toda a gente, amanhã pode ser o enfermeiro que te estende o copo d’água.
O companheiro, no qual descobres agora uma faixa de trevas, pode ser depois o irmão sublimado que te convida ao bom exemplo.
A tempestade da hora em que vivemos é, muitas vezes, a fonte do bem-estar das horas que vamos viver.
Busquemos o lado melhor das situações, dos acontecimentos e das pessoas.
"Maria escolheu a boa parte, que não lhe será tirada" - disse-nos o Senhor.
Assimilemos a essência da divina lição.
Quem procura a "boa parte" e nela se detém, recolhe no campo da vida o tesouro espiritual que jamais lhe será roubado.
NOSSA REFLEXÃO
Todos temos o gérmen da perfeição. Os anos e as experiências vividas ao longo deles vão apresentando o melhor que temos em nós, ou o que da perfeição já podemos apresentar. Por isso, devemos ver, em tudo, a “boa parte” que salta aos olhos e que logo, logo, será ampliada e reconhecida.
A boa vontade em não ser duro com os outros tem a vantagem de lhes dar a chance de reproduzirem o melhor que podem fazer, pois são valorizados no ponto  melhor de sua vida, naquele momento.
Uma outra análise de valorizar a “boa parte” dos outros é calar, não passivamente, sobre os graves defeitos que eles apresentam. Não ser passivo, é ser compreensível com o estágio evolutivo da criatura que nos incomoda. Podemos, sim, reprimir uma má ação se não for com o intuito de humilhar.[1], O Espírito Dufêtre, bispo de Nevers, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. X, item 18, nos esclarece sobre o nosso dever de não exaltar as más qualidades dos outros, já que as temos também.
Caros amigos, sede severos convosco, indulgentes para as fraquezas dos outros. É esta uma prática da santa caridade, que bem poucas pessoas observam. Todos vós tendes maus pendores a vencer, defeitos a corrigir, hábitos a modificar; todos tendes um fardo mais ou menos pesado a alijar, para poderdes galgar o cume da montanha do progresso. Por que, então, haveis de mostrar-vos tão clarividentes com relação ao próximo e tão cegos com relação a vós mesmos? Quando deixareis de perceber, nos olhos de vossos irmãos, o pequenino argueiro que os incomoda, sem atentardes na trave que, nos vossos olhos, vos cega, fazendo-vos ir de queda em queda? Crede nos vossos irmãos, os Espíritos. Todo homem, bastante orgulhoso para se julgar superior, em virtude e mérito, aos seus irmãos encarnados, é insensato e culpado: Deus o castigará no dia da sua justiça.
Então, sabemos que todos somos imperfeitos, mas todos têm um lado bom, até o pior criminoso. A misericórdia de Deus atua na fagulha de bem que enxerga em seu mais imperfeito filho.
Sejamos a imagem e semelhança de Deus.
Que Ele nos ajude a sermos chamados Filho Dele.
Domício.




[1] Vede O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. X, item 19.

domingo, 14 de janeiro de 2018

LAVRADORES

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LAVRADORES
O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos.
Paulo. (lI TIMÓTEO, 2:6.)
Há lavradores de toda classe.
Existem aqueles que compram o campo e exploram-no, através de rendeiros suarentos, sem nunca tocarem o solo com as próprias mãos.
Encontramos em muitos lugares os que relegam a enxada à ferrugem, cruzando os braços e imputando à chuva ou ao solo fracasso da sementeira que não vigiam.
Somos defrontados por muitos que fiscalizam a plantação dos vizinhos, sem qualquer atenção para com os trabalhos que lhes dizem respeito.
Temos diversos que falam despropositadamente com referência a inutilidades mil, enquanto vermes destruidores aniquilam as flores frágeis.
Vemos numerosos acusando a terra como incapaz de qualquer produção, mas negando à gleba que lhes foi confiada a bênção da gota d’água e o socorro do adubo.
Observamos muitos que se dizem possuídos pela dor de cabeça, pelo resfriado ou pela indisposição e perdem a sublime oportunidade de semear.
A Natureza, no entanto. retribui a todos eles com o desengano, a dificuldade, a negação e o desapontamento.
Mas o agricultor que realmente trabalha, cedo recolhe a graça do celeiro farto.
E assim ocorre na lavoura do espírito.
Ninguém logrará o resultado excelente, sem esforçar-se, conferindo à obra do bem o melhor de si mesmo.
Paulo de Tarso. escrevendo numa época de senhores e escravos, de superficialidade e favoritismo, não nos diz que o semeador distinguido por César ou mais endinheirado seria o legítimo detentor da colheita, mas asseverou, com indiscutível acerto, que o lavrador dedicado às próprias obrigações será o primeiro a beneficiar-se com as vantagens do fruto.
NOSSA REFLEXÃO
Esta mensagem de Emmanuel nos cala forte na consciência. Nos impele a lembrar do fruto que é produto de nosso esforço. O trabalho é a oportunidade de crescimento intelectual, moral e também social, com vistas ao aperfeiçoamento espiritual[1]. Todo trabalho é útil, conforme os Espíritos Superiores a Allan Kardec na questão 675 do “O Livro dos Espíritos”.
Jesus nos conclamou: “Pedi e se vos dará; buscai e achareis; batei à porta e se vos abrirá; porquanto, quem pede recebe e quem procura acha e, àquele que bata à porta, abrir-se-á. (Mateus, 7: 7-8).  Segundo A. Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XXV (Buscai e achareis), item 2:
Do ponto de vista terreno, a máxima: Buscai e achareis é análoga a esta outra: Ajuda-te a ti mesmo, que o céu te ajudará. É o princípio da lei do trabalho e, por conseguinte, da lei do progresso, porquanto o progresso é filho do trabalho, visto que este põe em ação as forças da inteligência.
Então, devemos exercer nossa inteligência e força possível para nos empenharmos em qualquer trabalho, pois sem o trabalho não evoluiríamos. E por tudo que fizermos, seremos agraciados pela alegria de ter sido útil e de ter nos tornarmos melhor.
Corroborando com a questão 676 de “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec, falando de Deus, nos clareia as ideias sobre a necessidade do trabalho: “Por isso é que lhe fez do trabalho uma necessidade e lhe disse: Procura e acharás; trabalha e produzirás. Dessa maneira serás filho das tuas obras, terás delas o mérito e serás recompensado de acordo com o que hajas feito”[2].
Então, de fato, o primeiro beneficiado de qualquer ação no bem, somos nós mesmos. Nem sempre seremos reconhecidos. Nem o Cristo foi. Sejamos fiéis ao bem e ao Senhor e só alegria e felicidade teremos em troca.
Que Deus nos ajude.
Domício.



[1] O Livro dos Espíritos, questão 676. Por que o trabalho se impõe ao homem? “Por ser uma consequência da sua natureza corpórea. É expiação e, ao mesmo tempo, meio de aperfeiçoamento da sua inteligência. Sem o trabalho, o homem permaneceria sempre na infância, quanto à inteligência. Por isso é que seu alimento, sua segurança e seu bem-estar dependem do seu trabalho e da sua atividade. Ao extremamente fraco de corpo outorgou Deus a inteligência, em compensação. Mas é sempre um trabalho.”

domingo, 7 de janeiro de 2018

EDUCA

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EDUCA
Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?
Paulo. (I CORINTIOS, 3: 16.)
Na semente minúscula reside o germe do tronco benfeitor.
No coração da terra, há melodias da fonte.
No bloco de pedra, há obras-primas de estatuária.
Entretanto, o pomar reclama esforço ativo.
A corrente cristalina pede aquedutos para transportar-se incontaminada.
A joia de escultura pede milagres do buril.
Também o espírito traz consigo o gene da Divindade.
Deus está em nós, quanto estamos em Deus.
Mas, para que a luz divina se destaque da treva humana, é necessário que os processos educativos da vida nos trabalhem no empedrado caminho dos milênios.
Somente o coração enobrecido no grande entendimento pode vazar o heroísmo santificante.
Apenas o cérebro cultivado pode produzir iluminadas formas de pensamento.
Só a grandeza espiritual consegue gerar a palavra equilibrada, o verbo sublime e a voz balsamizante.
Interpretemos a dor e o trabalho por artistas celestes de nosso acrisolamento.
Educa e transformarás a irracionalidade em inteligência, a inteligência em humanidade e a humanidade em angelitude.
Educa e edificarás o paraíso na Terra.
Se sabemos que o Senhor habita em nós, aperfeiçoemos a nossa vida, a fim de manifestá-lo.
NOSSA REFLEXÃO
As mensagens de Emmanuel, intituladas O Tesouro Enferrujado e O Tesouro Maior do livro Caminho, Verdade e Vida, refletem a busca do tesouro, que a traça não corrói, pelo ser humano ao longo dos milênios. Nesta mensagem que ora refletimos, Emmanuel nos traz, baseado em Paulo, aos Coríntios, que esse Tesouro, que é Deus, está em nós, e sabemos que se constitui em Sua própria Lei. A nossa consciência é o lugar que guarda o tesouro maior que devemos encontrar[1], meio a outros que construímos nas relações que fomos fazendo com a natureza e os nossos semelhantes. Somos o que pensamos. Eis o tesouro que elegemos como sendo nosso, a despeito da existência de um outro muito mais valioso, que só vamos revelando, se nos dispormos a conhecer, mediante o estudo, a prática (reforma íntima) e a sua revelação aos demais que também sentem falta de um tesouro que lhe tragam um bem-estar espiritual. Esse tesouro vai sendo despido em nós a medida que nos sintonizamos com Deus, com suas Leis gravadas em nossas consciências.
Como diz O Espírito Protetor em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. VIII, item 19:
Se tendes amor, possuís tudo o que há de desejável na Terra, possuís preciosíssima pérola, que nem os acontecimentos, nem as maldades dos que vos odeiem e persigam poderão arrebatar. Se tendes amor, tereis colocado o vosso tesouro lá onde os vermes e a ferrugem não o podem atacar e vereis apagar-se da vossa alma tudo o que seja capaz de lhe conspurcar a pureza; sentireis diminuir dia a dia o peso da matéria e, qual pássaro que adeja nos ares e já não se lembra da Terra, subireis continuamente, subireis sempre, até que vossa alma, inebriada, se farte do seu elemento de vida no seio do Senhor. – Um Espírito protetor. (Bordeaux, 1861.)
Então, sejamos eternos buscadores de Deus em nós.
Que Jesus e nossos Anjos Guardiães nos ajudem.
Domício.




[1] Vide questão nº 621 de O Livro dos Espíritos.