domingo, 25 de novembro de 2018

ADMINISTRAÇÃO


75
ADMINISTRAÇÃO
Dá conta de tua administração.
Jesus. (LUCAS, 16:2).
Na essência, cada homem é servidor pelo trabalho que realiza na obra do Supremo Pai, e, simultaneamente, é administrador, porquanto cada criatura humana detém possibilidades enormes no plano em que moureja.
Mordomo do mundo não é somente aquele que encanece os cabelos, à frente dos interesses coletivos, nas empresas públicas ou particulares, combatendo intrigas mil, a fim de cumprir a missão a que se dedica.
Cada inteligência da Terra dará conta dos recursos que lhe foram confiados.
A fortuna e a autoridade não são valores únicos de que devemos dar conta hoje e amanhã.
O corpo é um templo sagrado.
A saúde física é um tesouro.
A oportunidade de trabalhar é uma bênção.
A possibilidade de servir é um obséquio divino.
O ensejo de aprender é uma porta libertadora.
O tempo é um patrimônio inestimável.
O lar é uma dádiva do Céu.
O amigo é um benfeitor.
A experiência benéfica é uma grande conquista.
A ocasião de viver em harmonia com o Senhor, com os semelhantes e com a Natureza é uma glória comum a todos.
A hora de ajudar os menos favorecidos de recursos ou entendimento é valiosa.
O chão para semear, a ignorância para ser instruída e a dor para ser consolada são apelos que o Céu envia sem palavras ao mundo inteiro.
Que fazes, portanto, dos talentos preciosos que repousam em teu coração, em tuas mãos e no teu caminho? Vela por tua própria tarefa no bem, diante do Eterno, porque chegará o momento em que o Poder Divino te pedirá: "Dá conta de tua administração".
NOSSA REFLEXÃO
Como somos potenciais trabalhadores, pois, conforme Emmanuel, nesta mensagem, “o chão para semear, a ignorância para ser instruída e a dor para ser consolada são apelos que o Céu envia sem palavras ao mundo inteiro”, somos, a todo momento, chamados para o trabalho, de forma silenciosa, como trabalhadores da última hora[1].
Muito nos é dado, na forma de riquezas, ou na forma de oportunidades profissionais, ou mesmo na forma religiosa. Então, teremos, sim, que dar conta das oportunidades que nos foram dadas para o engrandecimento de nossa humanidade e de nós mesmos.
Sejamos fiéis aos talentos que nos foram e continuam sendo dados, e os multipliquemos, para que, quando voltarmos ao plano espiritual, devolvamos, de forma justa e multiplicada, o que recebemos[2]. Esta prestação de contas, de tudo que recebemos, será um item avaliativo com relação ao nosso progresso espiritual. A partir dela, seremos escolhidos, ou não, a continuar com novas e mais desafiantes obras, como verdadeiros filhos de Deus[3].
Que Deus nos ajude.
Domício.

domingo, 18 de novembro de 2018

QUANDO HÁ LUZ


74
QUANDO HÁ LUZ
         O amor do Cristo nos constrange.
Paulo (II CORÍNTIOS, 5:14.)
Quando Jesus encontra santuário no coração de um homem, modifica-se-lhe a marcha inteiramente.
Não há mais lugar dentro dele para a adoração improdutiva, para a crença sem obras, para a fé inoperante.
Algo de indefinível na terrestre linguagem transtorna-lhe o espírito.
Categoriza-o a massa comum por desajustado, entretanto, o aprendiz do Evangelho, chegando a essa condição, sabe que o Trabalhador Divino como que lhe ocupa as profundidades do ser.
Renova-se-lhe toda a conceituação da existência.
O que ontem era prazer, hoje é ídolo quebrado.
O que representava meta a atingir, é roteiro errado que ele deixa ao abandono.
Torna-se criatura fácil de contentar, mas muito difícil de agradar.
A voz do Mestre, persuasiva e doce, exorta-o a servir sem descanso.
Converte-se-lhe a alma num estuário maravilhoso, onde os padecimentos vão ter, buscando arrimo, e por isso sofre a constante pressão das dores alheias.
A própria vida física afigura-se-lhe um madeiro, em que o Mestre se aflige. É-lhe o corpo a cruz viva em que o Senhor se agita crucificado.
O único refúgio em que repousa é o trabalho perseverante no bem geral.
Insatisfeito, embora resignado; firme na fé, não obstante angustiado; servindo a todos, mas sozinho em si mesmo, segue, estrada afora, impelido por ocultos e indescritíveis aguilhões...
Esse é o tipo de aprendiz que o amor do Cristo constrange, na feliz expressão de Paulo. Vergasta-o a luz celeste por dentro até que abandone as zonas inferiores em definitivo.
Para o mundo, será inadaptado e louco.
Para Jesus, é o vaso das bênçãos.
A flor é uma linda promessa, onde se encontre.
O fruto maduro, porém, é alimento para Hoje.
Felizes daqueles que espalham a esperança, mas bem-aventurados sejam os seguidores do Cristo que suam e padecem, dia a dia, para que seus irmãos se reconfortem e se alimentem no Senhor!
NOSSA REFLEXÃO
Eis o nosso futuro. Deixar-se iluminar pela Luz do Cristo. Mudança assim, podemos citar a de Paulo e de Maria de Magdala[1]. A nossa transformação ainda é lenta, mas acredito que constante. A instrução e o amor aos semelhantes, e, em particular, aos que nos são afins, no que diz respeito a Doutrina Espírita, é a força que nos fará, cada vez mais, aberto a Luz do Senhor. Há sempre luz no estudo e na comunhão com o próximo, pensando em transformação coletiva.
Devo depor minha experiência com o primeiro contato com o Espiritismo. Para mim, foi uma luz que me abriu as possibilidades de fé e trabalho. Foi uma adesão sem vacilação. Contudo, o processo de transformar a Luz do Conhecimento em Luz da Moral, devo confessar, não foi automático. Ainda está como a passos de tartaruga (ela não tem pressa...), mas sei que vou chegar lá.
Devemo-nos sentir gratificados por termos nos deixado iluminar pela Doutrina Espírita, pois tal qual o trabalhador da última hora, nos dispomos, agora, a servir numa seara de engrandecimento espiritual. Acreditemos, a hora chegou e tenhamos a certeza que seremos aproveitados naquilo que temos de aptidão, respeitado o nosso estágio evolutivo, para ajudar no trabalho do Mestre. Como disse Constantino, Espírito protetor:

Bons espíritas[2], meus bem-amados, sois todos obreiros da última hora. Bem orgulhoso seria aquele que dissesse: Comecei o trabalho ao alvorecer do dia e só o terminarei ao anoitecer. Todos viestes quando fostes chamados, um pouco mais cedo, um pouco mais tarde, para a encarnação cujos grilhões arrastais; mas há quantos séculos e séculos o Senhor vos chamava para a sua vinha, sem que quisésseis penetrar nela! Eis-vos no momento de embolsar o salário; empregai bem a hora que vos resta e não esqueçais nunca que a vossa existência, por longa que vos pareça, mais não é do que um instante fugitivo na imensidade dos tempos que formam para vós a eternidade.[3]
Que tenhamos vontade, estudos e muito desejo de nos melhorar, nos deixando iluminar pelo Cristo. Deixemo-nos constranger...
Que Deus nos ajude.
Domício.

[1] Vide mensagem de Emmanuel e nossa reflexão, sobre a Madalena, no nosso blog “Caminho, Verdade e Vida”.
[2] Segundo Allan Kardec, “Bem compreendido, mas sobretudo bem sentido, o Espiritismo leva aos resultados acima expostos, que caracterizam o verdadeiro espírita, como o cristão verdadeiro, pois que um o mesmo é que outro. O Espiritismo não institui nenhuma nova moral; apenas facilita aos homens a inteligência e a prática da do Cristo, facultando fé inabalável e esclarecida aos que duvidam ou vacilam” (In: O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVII, Item 4.
Para Paulo, o Apóstolo: “Esforçai-vos, pois, para que os vossos irmãos, observando-vos, sejam induzidos a reconhecer que verdadeiro espírita e verdadeiro cristão são uma só e a mesma coisa, dado que todos quantos praticam a caridade são discípulos de Jesus, sem embargo da seita a que pertençam” (In: O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XV, Item 10.
[3] In: O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XX, Item 2.

domingo, 11 de novembro de 2018

ESTÍMULO FRATERNAL


73
ESTÍMULO FRATERNAL
O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus.
Paulo (FILIPENSES, 4:19).
Não te julgues sozinho na luta purificadora, porque o Senhor suprirá todas as nossas necessidades.
Ergue teus olhos para o Alto e, de quando em quando, contempla a retaguarda.
Se te encontras em posição de servir, ajuda e segue.
Recorda o irmão que se demora sem recursos, no leito da indigência.
Pensa no companheiro que ouve o soluço dos filhinhos, sem possibilidades de enxugar-lhes o pranto.
Detém-te para ver o enfermo que as circunstâncias enxotaram do lar.
Para um momento, endereçando um olhar de simpatia à criancinha sem teto.
Medita na angústia dos desequilibrados mentais, confundidos no eclipse da razão.
Reflete nos aleijados que se algemam na imobilidade dolorosa.
Pensa nos corações maternos, torturados pela escassez de pão e harmonia no santuário doméstico.
Interrompe, de vez em quando, o passo apressado, a fim de auxiliares o cego que tateia nas sombras.
É possível, então, que a tua própria dor desapareça aos teus olhos.
Se tens braços para ajudar e cabeça habilitada a refletir no bem dos semelhantes, és realmente superior a um rei que possuísse um mundo de moedas preciosas, sem coragem de amparar a ninguém.
Quando conseguires superar as tuas aflições para criares a alegria dos outros, a felicidade alheia te buscará, onde estiveres, a fim de improvisar a tua ventura.
Que a enfermidade e a tristeza nunca te impeçam a jornada.
É preferível que a morte nos surpreenda em serviço, a esperarmos por ela numa poltrona de luxo.
Acende, meu irmão, nova chama de estímulo, no centro da tua alma, e segue além. Sê o anjo da fraternidade para os que te seguem dominados de aflição, ignorância e padecimento.
Quando plantares a alegria de viver nos corações que te cercam, em breve as flores e os frutos de tua sementeira te enriquecerão o caminho.
NOSSA REFLEXÃO
Somos todos necessitados e sofridos das mais diversas mazelas, mas há uma imensidade de irmãos em situações bem piores, doloridas e, até mesmo, desesperadora.
O Cristo nos ensinou que devemos olhar para os doentes (Mateus, 9:10 a 12)[1], e os pobres e estropiados do caminho (Lucas, 14:12 a 15)[2], pois Ele desceu para eles. Podemos nos incluir, dentre estes, e já nos incluímos, nas mais diversas encarnações já vividas; portanto, sabemos o significado de estar numa ou noutra condição. Dentre os doentes, o Cristo abrangeu aqueles do corpo e da alma e, dentre os pobres, abrangeu todo aquele que não tem condição de nos recompensar pelo bem recebido. Está aí a verdadeira caridade.
Então, quando nos sentirmos amargurados, aflitos ou deprimidos, lembremos daqueles que não têm a luz do Evangelho a lhes consolar. E quem é espírita, deve ter um maior comprometimento neste sentido, pois sua compreensão evangélica, que o Espiritismo dá, vai além dos ditados dos Evangelhos.
Que nossas preocupações e compromissos mais urgentes não nos sequem a vontade de olhar o que está a nossa volta. Como Emmanuel nos diz, nesta mensagem, ora refletida por nós: “Quando conseguires superar as tuas aflições para criares a alegria dos outros, a felicidade alheia te buscará, onde estiveres, a fim de improvisar a tua ventura. Que a enfermidade e a tristeza nunca te impeçam a jornada”.
Que Deus nos ajude.
Domício.


[1] Vide interpretação de Allan Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXIV, Item 12.
[2] Vide interpretação de Allan Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XIII, Item 8.

domingo, 4 de novembro de 2018

INCOMPREENSÃO

72
INCOMPREENSÃO
Fiz-me fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos para, por todos os meios, chegar a salvar alguns.
Paulo (I CORÍNTIOS, 9:22).
A incompreensão, indiscutivelmente, é assim como a treva perante a luz, entretanto, se a vocação da claridade te assinala o íntimo, prossegue combatendo as sombras, nos menores recantos de teu caminho.
Não te esqueças, porém, da lei do auxílio e observa-lhe os princípios, antes da ação.
Descer para ajudar é a arte divina de quantos alcançaram conscienciosamente a vida mais alta.
A luz ofuscante produz a cegueira.
Se as estrelas da sabedoria e do amor te povoam o coração, não humilhes quem passa sob o nevoeiro da ignorância e da maldade.
Gradua as manifestações de ti mesmo para que o teu socorro não se faça destrutivo.
Se a chuva alagasse indefinidamente o deserto, a pretexto de saciar-lhe a sede, e se o Sol queimasse o lago, sem medida, com a desculpa de subtrair-lhe o barro úmido, nunca teríamos clima adequado à produção de utilidades para a vida.
Não te faças demasiado superior diante dos inferiores ou excessivamente forte perante os fracos.
Das escolas não se ausentam todos os aprendizes, habilitados em massa, e sim alguns poucos cada ano.
Toda mordomia reclama noção de responsabilidade, mas exige também o senso das proporções.
Conserva a energia construtiva do exemplo respeitável, mas não olvides que a ciência de ensinar só triunfa integralmente no orientador que sabe amparar, esperar e repetir.
Não clames, pois, contra a incompreensão, usando inquietude e desencanto, vinagre e fel.
Há méritos celestiais naquele que desce ao pântano sem contaminar-se, na tarefa de salvação e reajustamento.
O bolo de matéria densa reveste-se de Iodo, quando arremessado ao poço lamacento, todavia, o raio de luz visita as entranhas do abismo e dele se retira sem alterar-se.
Que seria de nós se Jesus não houvesse apagado a própria claridade fazendo-se à semelhança de nossa fraqueza, para que lhe testemunhássemos a missão redentora? Aprendamos com Ele a descer, auxiliando sem prejuízo de nós mesmos.
E, nesse sentido, não podemos esquecer a expressiva declaração de Paulo de Tarso quando afirma que, para a vitória do bem, se fez fraco para os fracos, fazendo-se tudo para todos, a fim de, por todos os meios, chegar a erguer alguns.
NOSSA REFLEXÃO
Esta mensagem de Emmanuel nos faz lembrar de nossa condição de educador e educando. Analisamos nossa conduta diante das incoerências e rebeldias de uns e das nossas ações/reações diante daqueles que, de alguma forma, exercem uma posição superior nas atividades profissionais ou de condutor de um processo ensino-aprendizagem em que somos aprendizes.
Então, pensando na condição de educador ou líder religioso, ou mesmo profissional, se alcançarmos uma posição de liderança, deveremos sempre estar dispostos na manutenção dos estímulos dos nossos liderados para que não caiam na tentação da fuga ao dever de transformar-se e, ao mesmo tempo, contribuir com o trabalho em andamento. Nesta condição, conforme Emmanuel, lembrando Paulo, na epístola aqui citada, devemos estar perto, sem demonstrar superioridade, ou perder a paciência, pois estaremos nos nivelando por baixo. Não devemos ter pressa com o crescimento de ninguém, e nem com o nosso também.
Portanto, pensando que estamos também aprendendo, faremos o nosso trabalho estimulando a todos a fazer o seu. Neste contexto, é muito oportuno o pensamento educativo desta mensagem, ora refletida: “Conserva a energia construtiva do exemplo respeitável, mas não olvides que a ciência de ensinar só triunfa integralmente no orientador que sabe amparar, esperar e repetir”. O Espírito François-Nicolas-Madeleine, Cardeal Morlot, nos ajuda a pensar, sobre isso, em sua instrução em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Cap. XVII, Item 9[1].
Mas, em primeiro lugar, espelhemo-nos no Cristo, pois Ele foi o maior exemplo da Luz que desceu ao pântano, sem se contaminar com o lodo.
E, para quem já leu as obras de André Luiz, psicografadas por Chico Xavier (quem ainda não leu, deveria), ou de outros Espíritos, como Manoel Philomeno de Miranda, por Divaldo Franco, lembra como são as incursões dos bons Espíritos nas regiões mais tenebrosas do umbral. Para se fazerem visíveis, precisam diminuir suas vibrações, sem se deixarem influenciar pelas vibrações dos que lá permanecem. Orientam aos que estão em atividades de estágio, no plano espiritual, que se mantenham em sintonia com o Pai, pela oração.
Assim, deve ser toda a nossa trajetória de Espíritos imperfeitos, nesta atual e seguintes encarnações, até nos tornarmos Espíritos Puros. Auxiliando com humildade para sermos auxiliados do mesmo modo.
Que Deus nos ajude.
Domício.


[1] Assim como pergunta ao rico: “Que fizeste da riqueza que nas tuas mãos devera ser um manancial a espalhar a fecundidade ao teu derredor”, também Deus inquirirá daquele que disponha de alguma autoridade: “Que uso fizeste dessa autoridade? Que males evitaste? Que progresso facultaste?. Se te dei subordinados, não foi para que os fizesses escravos da tua vontade, nem instrumentos dóceis aos teus caprichos ou à tua cupidez; fiz-te forte e confiei-te os que eram fracos, para que os amparasses e ajudasses a subir ao meu seio”.