domingo, 27 de maio de 2018

AVANCEMOS


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AVANCEMOS
Irmãos, quanto a mim, não julgo que haja alcançado a perfeição, mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, avanço para as que se encontram diante de mim.
Paulo (FILIPENSES, 3:13 e 14.)
Na estrada cristã, somos defrontados sempre por grande número de irmãos que se aquietaram à sombra da improdutividade, declarando-se acidentados por desastres espirituais.
É alguém que chora a perda de um parente querido, chamado à transformação do túmulo.
É o trabalhador que se viu dilacerado pela incompreensão de um amigo.
É o missionário que se imobilizou à face da calúnia.
É alguém que lastima a deserção de um consócio da boa luta.
É o operário do bem que clama indefinidamente contra a fuga da companheira que lhe não percebeu a dedicação afetiva.
É o idealista que espera uma fortuna material para dar início às realizações que lhe competem.
É o cooperador que permanece na expectativa do emprego ricamente remunerado para consagrar-se às boas obras.
É a mulher que se enrola no cipoal da queixa contra os familiares incompreensivos.
É o colaborador que se escandaliza com os defeitos do próximo, congelando as possibilidades de servir.
É alguém que deplora um erro cometido, menosprezando as bênçãos do tempo em remorso destrutivo.
O passado, porém, se guarda as virtudes da experiência, nem sempre é o melhor condutor da vida para o futuro.
É imprescindível exumar o coração de todos os envoltórios entorpecentes que, por vezes, nos amortalham a alma.
A contrição, a saudade, a esperança e o escrúpulo são sagrados, mas não devem representar impedimento ao acesso de nosso espírito à Esfera Superior.
Paulo de Tarso, que conhecera terríveis aspectos do combate humano, na intimidade do próprio coração, e que subiu às culminâncias do apostolado com o Cristo, nos oferece roteiro seguro ao aprimoramento.
"Esqueçamos todas as expressões inferiores do dia de ontem e avancemos para os dias iluminados que nos esperam" - eis a essência de seu aviso fraternal à comunidade de Filipos.
Centralizemos nossas energias em Jesus e caminhemos para diante.
Ninguém progride sem renovar-se.
NOSSA REFLEXÃO
Somos dignos de reprovação, pois nem sempre fomos fiéis aos mandamentos de Deus e às todas as informações evangélicas de que nos apropriamos nesta vida. Nem sempre aprovamos, também, as pessoas. Algumas coisas não saíram como gostaríamos que saíssem. Algum trabalho já realizado nem sempre teve o apoio na hora que foi preciso, e algum outro ainda espera o específico apoio. Nem sempre fomos compreendidos como gostaríamos de ter sido. Ou perdemos a companhia física de parentes ou amigos. Estes motivos desaceleram nossas motivações presentes no dia a dia de nossas vidas. No entanto, como diz Emmanuel, nesta mensagem: “(...) Centralizemos nossas energias em Jesus e caminhemos para diante. Ninguém progride sem renovar-se”.
Assim, se temos um trabalho para dar conta, devemos lembrar de Paulo, que, certamente, tinha muito o que reclamar de seu passado, como também do presente, pela falta de compreensão dos que lhe eram bajuladores e afeitos ao farisaísmo, antes de sua conversão. No entanto, ele deu conta do gigantesco trabalho de levar a Boa Nova aos gentios baseado no caput desta mensagem de Emmanuel. E o que falar do nosso Mestre? Apesar de não ter nada do que reclamar de seu passado, contou com o apoio de apenas 12 apóstolos e não foi aprovado por todos da sua época, tendo sido crucificado, mas foi até o fim de seu trabalho missionário.
O passado nos incomoda nesta vida, e sempre nos incomodará, mas temos que avançar, pois o presente tem muito a nos dar e cobrar.
Precisamos aguçar nossa fé, seja ela humana ou divina[1], e seguir em frente, tendo a consciência que nem sempre seremos aprovados por todos[2].
Que Deus nos ajude.
Domício.



[1] Vide o Cap. 19, item 12 de O Evangelho Segundo o Espiritismo.
[2] Vide mensagem de nº 80, intitulada Opiniões, do livro Caminho, Verdade e Vida de Emmanuel e a nossa reflexão sobre.

domingo, 20 de maio de 2018

UNIÃO FRATERNAL


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UNIÃO FRATERNAL
Procurando guardar a unidade do espírito pelo vínculo da paz. Paulo. (EFÉSIOS, 4:3.)
À frente de teus olhos, mil caminhos se descerram, cada vez que te lembras de fixar a vanguarda distante.
São milhões de sendas que marginam a tua.
Não olvides a estrada que te é própria e avança, destemeroso.
Estimarias, talvez, que todas as rotas se subordinassem à tua e reportas-te à união, como se os demais viajores da vida devessem gravitar ao redor de teus passos.:.
Une-te aos outros, sem exigir que os outros se unam a ti.
Procura o que seja útil e belo, santo e sublime e segue adiante...
A nascente busca o regato, o regato procura o rio e o rio liga-se ao mar.
Não nos esqueçamos de que a unidade espiritual é serviço básico da paz.
Observas o irmão que se devota às crianças?
Reparas o companheiro que se dispôs a ajudar aos doentes?
Identificas o cuidado daquele que se fez o amigo dos velhos e dos jovens?
Assinalas o esforço de quem se consagrou ao aprimoramento do solo ou à educação dos animais?
Aprecias o serviço daquele que se converteu em doutrinador na extensão do bem?
Honra a cada um deles, com o teu gesto de compreensão e serenidade, convencido de que só pelas raízes do entendimento pode sustentar-se a árvore da união fraterna, que todos ambicionamos robusta e farta.
Não admitas que os outros estejam enxergando a vida através de teus olhos.
A evolução é escada infinita. Cada qual abrange a paisagem de acordo com o degrau em que se coloca.
Aproxima-te de cada servidor do bem, oferecendo-lhe o melhor que puderes, e ele te responderá com a sua melhor parte.
A guerra é sempre o fruto venenoso da violência.
A contenda estéril é resultado da imposição.
A união fraternal é o sonho sublime da alma humana, entretanto, não se realizará sem que nos respeitemos uns aos outros, cultivando a harmonia, à face do ambiente que fomos chamados a servir.
Somente alcançaremos semelhante realização "procurando guardar a unidade do espírito pelo vínculo da paz".
NOSSA REFLEXÃO
É verdade, os questionamentos de Emmanuel nos faz lembrar o quanto esperamos muito dos outros e pouco nos direcionamos às outras pessoas para ajudá-las no bem que estão fazendo. O que fazemos nos parece tão importante que esquecemos o que os outros fazem, caindo no melindre de que as pessoas não reparam no que fazemos e não se interessam em nos ajudar.
Quando agimos assim, esquecemos que o Cristo contou no início tão somente de 12 pescadores imperfeitos para divulgar sua Boa Nova.
No contexto do movimento espírita, isto cai muito bem[1]. Precisamos buscar o outro, a outra casa, a Federação, as outras Federações para saber o que podemos ajudar. Precisamos nos desfazer da capa de que o que nós fazemos é o que é importante, e fazer o que está ao nosso alcance sem reclamar de poucos trabalhadores, como é comum dizer: “a seara é grande, mas os trabalhadores são poucos”. Façamos o nosso trabalho, mesmo que com poucos colaboradores, pois estamos na última hora e há muito que o Cristo nos procura para trabalhar em sua Seara[2].
Se em vez de esperarmos os colaboradores, nos aproximarmos de outros, veremos que eles, nas suas singularidades, também precisam da colaboração dos demais, e como diz Emmanuel, nesta mensagem: “Aproxima-te de cada servidor do bem, oferecendo-lhe o melhor que puderes, e ele te responderá com a sua melhor parte”.
Que possamos fazer nossa parte, mesmo não contando com muitos, e sejamos sempre fraternos com os trabalhos dos outros.
Que Deus nos ajude.
Domício.



[1] No site da Federação Espírita Brasileira temos as diretrizes para Trabalho Federativo e Unificação do Movimento Espírita, das quais destacamos a seguinte, coerente com esta mensagem de Emmanuel, que ora refletimos: “Caracteriza-se por oferecer sem exigir compensações, ajudar sem criar condicionamentos, expor sem impor resultados e unir sem tolher iniciativas, preservando os valores e as características individuais tanto dos homens como das Instituições.

domingo, 13 de maio de 2018

DIANTE DO SENHOR


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DIANTE DO SENHOR
Por que não entendeis a minha linguagem? Por não poderdes ouvir a minha palavra. Jesus. (JOÃO, 8:43.)
A linguagem do Cristo sempre se afigurou a muitos aprendizes indecifrável e estranha.
Fazer todo o bem possível, ainda quando os males sejam crescentes e numerosos.
Emprestar sem exigir retribuição.
Desculpar incessantemente.
Amar os próprios adversários.
Ajudar aos caluniadores e aos maus.
Muita gente escuta a Boa Nova, mas não lhe penetra os ensinamentos.
Isso ocorre a muitos seguidores do Evangelho, porque se utilizam da força mental em outros setores.
Creem vagamente no socorro celeste, nas horas de amargura, mostrando, porém, absoluto desinteresse ante o estudo e ante a aplicação das leis divinas.
A preocupação da posse lhes absorve a existência.
Reclamam o ouro do solo, o pão do celeiro, o linho usável, o equilíbrio da carne, o prazer dos sentidos e a consideração social, com tamanha volúpia que não se recordam da posição de simples usufrutuários do mundo em que se encontram, e nunca refletem na transitoriedade de todos os patrimônios materiais, cuja função única é a de lhes proporcionar adequado clima ao trabalho na caridade e na luz, para engrandecimento do espírito eterno.
Registram os chamamentos do Cristo, todavia, algemam furiosamente a atenção aos apelos da vida primária.
Percebem, mas não ouvem.
Informam-se, mas não entendem.
Nesse campo de contradições, temos sempre respeitáveis personalidades humanas e, por vezes, admiráveis amigos.
Conservam no coração enormes potenciais de bondade, contudo, a mente deles vive empenhada no jogo das formas perecíveis.
São preciosas estações de serviço aproveitável, com o equipamento, porém, ocupado em atividades mais ou menos inúteis.
Não nos esqueçamos, pois, de que é sempre fácil assinalar a linguagem do Senhor, mas é preciso apresentar-lhe o coração vazio de resíduos da Terra, para receber-lhe, em espírito e verdade, a palavra divina.
NOSSA REFLEXÃO
Emmanuel nos reporta aos cuidados com a alma, como na mensagem intitulada “Zelo Próprio” do livro “Caminho, Verdade e Vida”, também psicografado por Chico Xavier e que nós refletimos no blog de mesmo título do livro[1].
Se pensarmos bem, para nos sintonizar com os ensinamentos do Cristo, que em um primeiro momento são somente informações, precisamos estar vestidos com uma “túnica nupcial”, como na parábola do festim das bodas[2] (Mateus, 22:1 a 14.).
Darmos importância primeiro aos ensinamentos contidos nos Evangelhos é fundamental, pois estamos em um curso cujo obra didática é a Boa Nova deixada por Cristo e grafada pelos apóstolos escritores. O cuidado com corpo físico, as obrigações e reconhecimento sociais, e em particular os da família, faz um bem enorme, mas isso não é tudo. Por vezes, nem merecemos tudo isso, apesar de toda a nossa boa vontade e esforço pessoal, dado que estamos numa continuidade de nossa vida espiritual (isto se reflete em nossas decepções). Contudo, devemos continuar fazendo o que pode ser um bem para todos, e em particular para nós mesmos, evangelicamente falando. Falamos dos limites a que estamos fadados nesta vida corpórea e que deve ser um trampolim para a vida plena espiritual.
Que possamos dar contar em primeiro lugar de nossas obrigações espirituais. Assim, as do plano físico estarão sendo executadas no seu tempo, conforme os ditames das relações humanas e nosso merecimento.
Que Deus nos ajude e nosso esforço seja potencializado.
Domício.



[2] Vide interpretação de Allan Kardec no Cap. 18, item 2 do O Evangelho Segundo o Espiritismo.

domingo, 6 de maio de 2018

AUTOLIBERTAÇÃO


47
AUTOLIBERTAÇÃO
Nada trouxemos para este mundo e manifesto é que nada podemos levar dele.
Paulo (I TIMÓTEO, 6:7).
Se desejas emancipar a alma das grilhetas escuras do "eu", começa o teu curso de autolibertação, aprendendo a viver "como possuindo tudo e nada tendo", "com todos e sem ninguém".
Se chegaste à Terra na condição de um peregrino necessitado de aconchego e socorro e se sabes que te retirarás dela sozinho, resigna-te a viver contigo mesmo, servindo a todos, em favor do teu crescimento espiritual para a imortalidade.
Lembra-te de que, por força das leis que governam os destinos, cada criatura está ou estará em solidão, a seu modo, adquirindo a ciência da autossuperação.
Consagra-te ao bem, não só pelo bem de ti mesmo, mas, acima de tudo, por amor ao próprio bem.
Realmente grande é aquele que conhece a própria pequenez, ante a vida infinita.
Não te imponhas, deliberadamente, afugentando a simpatia; não dispensarás o concurso alheio na execução de tua tarefa.
Jamais suponhas que a tua dor seja maior que a do vizinho ou que as situações do teu agrado sejam as que devam agradar aos que te seguem. Aquilo que te encoraja pode espantar a muitos e o material de tua alegria pode ser um veneno para teu irmão.
Sobretudo, combate a tendência ao melindre pessoal com a mesma persistência empregada no serviço de higiene do leito em que repousas. Muita ofensa registrada é peso inútil ao coração. Guardar o sarcasmo ou o insulto dos outros não será o mesmo que cultivar espinhos alheios em nossa casa?
Desanuvia a mente, cada manhã, e segue para diante, na certeza de que acertaremos as nossas contas com quem nos emprestou a vida e não com os homens que a malbaratam.
Deixa que a realidade te auxilie a visão e encontrarás a divina felicidade do anjo anônimo, que se confunde na glória do bem comum.
Aprende a ser só, para seres mais livre no desempenho do dever que te une a todos, e, de pensamento voltado para o Amigo celeste, que esposou o caminho estreito da cruz, não nos esqueçamos da advertência de Paulo, quando nos diz que, com alusão a quaisquer patrimônios de ordem material, "nada trouxemos para este mundo e manifesto é que nada podemos levar dele".
NOSSA REFLEXÃO
Esta mensagem de Emmanuel pode ser, sim, o início de um curso de autolibertação. Pensar que temos tudo, sem ter nada e viver em solidão produtiva na companhia de muitos é por demais libertador. Precisamos entender que não somos desse mundo, em verdade, pois somos Espíritos imortais, habitantes do Universo – a Casa do Pai[1].
Emmanuel, nesta mensagem, oferece a cartilha para este curso. Em sua mensagem “Ao Salvar-nos”, do livro “Caminho, Verdade e Vida”, também refletida por nós, traz-nos um reforço a esta que agora refletimos. Somo devedores da vida e aqui devemos deixar tudo que possuímos de ordem material, além daquilo que acumulamos de pernicioso em nossa vida espiritual. Não precisamos ter a necessidade de convencer a todos, a agradar a todos, nos defender de forma irada, das injustiças, como se fossemos os Justos. Defender-se com espírito de combatente é puro orgulho e egoísmo. Reiniciemos, com mais atenção, o nosso caminho à perfeição, conforme o Cristo nos ensinou (Mateus, 5:44, 46 a 48) e à luz do Espiritismo[2].
Que nosso Anjo Guardião, Jesus Cristo, Deus e nossos Espíritos familiares nos ajudem.
Domício.


[1] Vide Cap. III de O Evangelho Segundo o Espiritismo (Há muitas moradas na casa de meu Pai)
[2] Vide Cap. XVII de O Evangelho Segundo o Espiritismo (Sede Perfeitos)