domingo, 27 de agosto de 2017

GLORIFIQUEMOS

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GLORIFIQUEMOS
Ora, a nosso Deus e Pai seja dada glória para todo o sempre.
Paulo. FILIPENSES (4:20).
Quando o vaso se retirou da cerâmica, dizia sem palavras:
- Bendito seja o fogo que me proporcionou a solidez.
Quando o arado se ausentou da forja, afirmava em silêncio:
- Bendito seja o malho que me deu forma,
Quando a madeira aprimorada passou a brilhar no palácio, exclamava, sem voz:
- Bendita seja a lâmina que me cortou cruelmente, preparando-me a beleza.
Quando a seda luziu, formosa no templo, asseverava no íntimo:
- Bendita seja a feia lagarta que me deu vida.
Quando a flor se entreabriu, veludosa e sublime, agradeceu, apressada:
- Bendita a terra escura que me encheu de perfume.
Quando o enfermo recuperou a saúde, gritou, feliz:
- Bendita seja a dor que me trouxe a lição do equilíbrio.
Tudo é belo, tudo é grande, tudo é santo na casa de Deus.
Agradeçamos a tempestade que renova, a luta que aperfeiçoa, o sofrimento que ilumina.
A alvorada é maravilha do céu que vem após a noite na Terra.
Que em todas as nossas dificuldades e sombras seja nosso Pai glorificado para sempre.
NOSSA REFLEXÃO
Somos criaturas de Deus fadadas à perfeição[1], pois tudo que Deus faz é perfeito, mas cada um tem seu tempo próprio para reluzir. Em se tratando de inteligências, temos a opção de nos tornarmos perfeitos no tempo próprio. Cada um, então, passa pelos cadinhos particulares, conforme adequação à Lei que está gravada em nossa consciência, lembrada pelo conhecimento ou pela dor. De alguma forma somos ou fomos lembrados da Lei, seja diretamente pelos Profetas, pelo Cristo, ou por termos que vivê-la pelos processos reencarnatórios em que cada um vive a Lei de Causa e Efeito[2].
Deus nos deu o modelo de perfeição, senão vejamos, na questão 625 de O Livro dos Espíritos:
Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo? “Jesus.”
Mas para chegarmos a esse topo da evolução, passamos por vários estágios evolutivos, e o da pureza espiritual é o daquele em que não há mais necessidade de reencarnarmos, como está gravado, também, em o Livro dos Espíritos, numa explicação de Allan Kardec à questão 226:
No tocante às qualidades íntimas, os Espíritos são de diferentes ordens, ou graus, pelos quais vão passando sucessivamente, à medida que se purificam. Com relação ao estado em que se acham, podem ser: encarnados, isto é, ligados a um corpo; errantes, isto é, sem corpo material e aguardando nova encarnação para se melhorarem; Espíritos puros, isto é, perfeitos, não precisando mais de encarnação.
Somos frutos de nós mesmos, e a cada reencarnação nos despojamos do peso de nossa inadequação à Lei de Deus.
Cabe a nós sermos dóceis ao cadinho da Lei e darmos graças ao nosso Pai pelo o que nos espera, em termos de felicidade espiritual. Isto faz parte da Lei de Adoração.[3]
Que Deus nos ajude.
Domício.




[1] Vide O Livro dos Espíritos, da questão 96 a 127 que trata das diferentes ordens dos Espíritos e de sua progressão.
[2] Vide algumas explicações espíritas em vídeo.
[3] Vide O Livro dos Espíritos, Livro Terceiro, As Leis Morais, cap II, questões 649 a 673.

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

CERTAMENTE

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CERTAMENTE
          Certamente, cedo venho.
APOCALIPSE (22 :20).
Quase sempre, enquanto a criatura humana respira na carne jovem, a atitude que lhe caracteriza o coração para com a vida é a de uma criança que desconhece o valor do tempo.
Dias e noites são curtos para a internação em alegrias e aventuras fantasiosas. Engodos mil da ilusão efêmera lhe obscurecem o olhar e as horas se esvaem num turbilhão de anseios inúteis.
Raras pessoas escapam de semelhante perda.
Geralmente, contudo, quando a maturidade aparece e a alma já possui relativo grau de educação, o homem reajusta, apressado, a conceituação do dia.
A semana é reduzida para o que lhe cabe fazer.
Compreende que os mesmos serviços, na posição em que se encontra, se repetem a determinados meses do ano, perfeitamente recapitulados, qual ocorre às estações de frio e calor, floração e frutescência para a Natureza.
Agita-se, inquieta-se, desdobra-se, no afã de multiplicar as suas forças para enriquecer os minutos ou ampliá-los, favorecendo as próprias energias.
E, comumente, ao termo da romagem, a morte do corpo surpreendendo nos ângulos da expectativa ou do entretenimento, sem que lhe seja dado recuperar os anos perdidos.
Não te embrenhes, assim, na selva humana, despreocupado de tua habilitação à luz espiritual, ante o caminho eterno.
No penúltimo versículo do Novo Testamento, que é a Carta do Amor Divino para a Humanidade, determinou o Senhor fosse gravada pelo apóstolo a sua promessa solene: -.Certamente, cedo venho...
Vale-te, pois, do tempo e não te faças tardio na preparação.
NOSSA REFLEXÃO
O Cristo trouxe-nos uma imagem da vida como aquela que tem um objetivo não inteiramente ligado às preocupações terrenas. Sendo assim, a vida futura, a vida espiritual deve ser o alvo de todo cristão. A vida presente tem o objetivo de possibilitar ao Espírito instrumentos para sua evolução espiritual. Por isso ele disse que o Reino dele não era desse mundo, quando foi interpelado por Herodes, quando da sua condenação[1].
Então, devemos viver em função de alcançar esse Reino Divino prometido por Jesus Cristo. O tempo urge e talvez venhamos a sermos pegos de surpresa pela morte do corpo e ficarmos decepcionado por, estando do lado espiritual, não nos sentir dignos, pela própria consciência, do Reino de Deus.
Que sejamos espertos em entender que o Cristo já veio novamente e se encontra entre nós, como sempre esteve; mas agora, retomando sobre o que pudemos fazer por nós mesmos, e pelo semelhante, depois de Sua segunda vinda, com o Advento do Espiritismo.
Que Deus nos ajude.
Domício.



[1] João (18: 33, 36 e 37). Vide interpretação de Allan Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. 2.

domingo, 20 de agosto de 2017

ESTEJAMOS CONTENTES

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ESTEJAMOS CONTENTES
Tendo, porém, sustento e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes.
Paulo. (1 TIMÓTEO, 6:8.)
O monopolizador de trigo não poderá abastecer-se à mesa senão de algumas fatias de pão, para saciar as exigências da sua fome.
O proprietário da fábrica de tecidos não despenderá senão alguns metros de pano para a confecção de um costume, destinado ao próprio uso.
Ninguém deve alimentar-se ou vestir-se pelos padrões da gula e da vaidade, mas sim de conformidade com os princípios que regem a vida em seus fundamentos naturais.
Por que esperas o banquete, a fim de ofereceres algumas migalhas ao companheiro que passa faminto?
Por que reclamas um tesouro de moedas na retaguarda, para seres útil ao necessitado?
A caridade não depende da bolsa. É fonte nascida no coração.
É sempre respeitável o desejo de algo possuir no mealheiro para socorro do próximo ou de si mesmo, nos dias de borrasca e insegurança, entretanto, é deplorável a subordinação da prática do bem ao cofre recheado.
Descerra, antes de tudo, as portas da tua alma e deixa que o teu sentimento fulgure para todos, à maneira de um astro cujos raios iluminem, balsamizem, alimentem e aqueçam.
A chuva, derramando-se em gotas, fertiliza o solo e sustenta bilhões de vidas. Dividamos o pouco, e a insignificância da boa-vontade, amparada pelo amor, se converterá com o tempo em prosperidade comum.
Algumas sementes, atendidas com carinho, no curso dos anos, podem dominar glebas imensas.
Estejamos alegres e auxiliemos a todos os que nos partilhem a marcha, porque, segundo a sábia palavra do apóstolo, se possuímos a graça de contar com o pão e com o agasalho para cada dia, cabe-nos a obrigação de viver e servir em paz e contentamento.
NOSSA REFLEXÃO
Diz um dito popular que “o pouco com Deus é muito”. Sábio dito que Emmanuel corrobora nesta mensagem. A partilha cristã não pede muito. Cada um, em suas necessidades, pode repartir o pouco que tem, pois o mais virá no tempo certo.
Diz outro dito milenar baseado em. Pedro (I Pedro, 4:8), quando referenda que “o Amor cobre uma multidão de pecados”.
O pouco é o suficiente para tomar proporções incomensuráveis, pois nunca o pouco está sozinho. Ele é capaz de se agigantar a ponto de transformar o impossível no possível. Lembremos do óbolo da viúva[1], do grão de mostarda[2], a divisão dos peixes e pães na oportunidade do Sermão da Montanha[3].
Que saibamos multiplicar o pouco talento que temos, pois o que temos é o suficiente para fazer o que viemos fazer na Terra, numa existência. A prodigalidade, quando existe, também deve ser administrada para que suas partes sejam frutíferas e saciem as necessidades de quem administra e dos que lhe são beneficiados.
Que sejamos gratos com o pouco, pois o muito (que também não é tanto, pois temos que dividi-lo, pois não é nosso) vem em seguida.
Que Deus não nos deixe cair em tentação da ostentação do que não é nosso e nem da lamúria pelo que nos falta, pois a falta significa o muito que desprezamos ou não soubemos administrar visando nossa evolução espiritual.
Domício.




[1] Marcos (12: 41 a 44); Lucas (21: 1 a 4). Vide interpretação por Allan Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. 13, Item 6.
[2] Mateus (17: 14 a 19). Vide interpretação por Allan Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. 19, Item 2.
[3] Mateus (15: 32 a 39).

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

OBREIROS ATENTOS

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OBREIROS ATENTOS
Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecido, mas fazedor da obra, esse tal será bem-aventurado em seus feitos.
TIAGO, 1 :25.
O discípulo da Boa Nova, que realmente comunga com o Mestre, antes de tudo compreende as obrigações que lhe estão afetas e rende sincero culto à lei de liberdade, ciente de que ele mesmo recolherá nas leiras do mundo o que houver semeado. Sabe que o juiz dará conta do tribunal, que o administrador responderá pela mordomia e que o servo se fará responsabilizado pelo trabalho que lhe foi conferido. E, respeitando cada tarefeiro do progresso e da ordem, da luz e do bem, no lugar que lhe é próprio, persevera no aproveitamento das possibilidades que recebeu da Providência Divina, atencioso para com as lições da verdade e aplicado às boas obras de que se sente encarregado pelos Poderes Superiores da Terra.
Caracterizando-se por semelhante atitude, o colaborador do Cristo, seja estadista ou varredor, está integrado com o dever que lhe cabe, na posição de agir e servir, tão naturalmente quanto comunga com o oxigênio no ato de respirar.
Se dirige, não espera que outros lhe recordem os empreendimentos que lhe competem. Se obedece, não reclama instruções reiteradas, quanto às atribuições que lhe são deferidas na disposição regimental dos trabalhos de qualquer natureza. Não exige que o governo do seu distrito lhe mande adubar a horta, nem aguarda decretos para instruir-se ou melhorar-se.
Fortalecendo a sua própria liberdade de aprender, aprimorar-se e ajudar a todos, através da inteira consagração aos nobres deveres que o mundo lhe confere, faz-se bem-aventurado em todas as suas ações, que passam a produzir vantagens substanciais na prosperidade e elevação da vida comum.
Semelhante seguidor do Evangelho, de aprendiz do Mestre passa à categoria dos obreiros atentos, penetrando em glorioso silêncio nas reservas sublimes do Celeste Apostolado.
NOSSA REFLEXÃO
No decorrer de nossa evolução espiritual, ocupamos os diversos setores da vida social. Ora ocupamos um lugar de superioridade, ora de inferioridade. Seja na família ou no trabalho. Em cada lugar desse, passamos pelas as mais diferentes experiências que nos fazem pensar como faríamos se estivéssemos no lugar do outro. Ou seja, a posição em que ocupamos é de muito valor para nossa evolução, pois nos levar à prática da caridade, incondicionalmente.
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo 17 (Sede Perfeitos), item 9, François, Nicolas, Madeleine, Cardeal de Morlot nos traz uma mensagem, intitulada “Os Superiores e os Inferiores”, da qual fazemos um recorte, como segue:
O superior, que se ache compenetrado das palavras do Cristo, a nenhum despreza dos que lhe estejam submetidos, porque sabe que as distinções sociais não prevalecem às vistas de Deus. Ensina-lhe o Espiritismo que, se eles hoje lhe obedecem, talvez já lhe tenham dado ordens, ou poderão dar-lhas mais tarde, e que ele então será tratado conforme os haja tratado, quando sobre eles exercia autoridade. Se o superior tem deveres a cumprir, o inferior, de seu lado, também os tem e não menos sagrados. Se for espírita, sua consciência ainda mais imperiosamente lhe dirá que não pode considerar-se dispensado de cumpri-los, nem mesmo quando o seu chefe deixe de dar cumprimento aos que lhe correm, porquanto sabe muito bem não ser lícito retribuir o mal com o mal e que as faltas de uns não justificam as de outrem.
Que fiquemos atentos às nossas obrigações aonde formos convidados a contribuir, e ganhemos em salários do trabalhador da última hora (enquanto espíritas).
Que Deus, Jesus Cristo e nosso Anjo da Guarda, assessorados pelos mentores amigos nos ajudem a não esquecer de sermos cristãos, seja qual for a posição que estivermos.

Domício.

domingo, 13 de agosto de 2017

PELOS FRUTOS

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PELOS FRUTOS
                  Por seus frutos os conhecereis... Jesus
(MATEUS, 7:16)
Nem pelo tamanho.
Nem pela configuração.
Nem pelas ramagens.
Nem pela imponência da copa.
Nem pelos rebentos verdes.
Nem pelas pontas ressequidas.
Nem pelo aspecto brilhante.
Nem pela apresentação desagradável.
Nem pela antiguidade do tronco.
Nem pela fragilidade das folhas.
Nem pela casca rústica ou delicada.
Nem pelas flores perfumadas ou inodoras.
Nem pelo aroma atraente.
Nem pelas emanações repulsivas.
Árvore alguma será conhecida ou amada pelas aparências exteriores, mas sim pelos frutos, peja utilidade, pela produção.
Assim também nosso espírito em plena jornada...
Ninguém que se consagre realmente à verdade dará testemunho de nós pelo que parecemos, pela superficialidade de nossa vida, pela epiderme de nossas atitudes ou expressões individuais percebidas ou apreciadas de passagem, mas sim pela substância de nossa colaboração no progresso comum, pela importância de nosso concurso no bem geral.
- "Pelos frutos os conhecereis" - disse o Mestre.
- "Pelas nossas ações seremos conhecidos" - repetiremos nós.
NOSSA REFLEXÃO
Não importa o que falamos, ou que escrevemos, somos o que fazemos. Nossas ações são nosso cartão de entrada em qualquer parte. Lembro da passagem evangélica em que Jesus conta da separação dos homens no juízo final. Então, o Cristo lembra que estariam à sua direita só aqueles que tinham sido caridosos com os semelhantes. As exterioridades não adiantariam para sentar à direita do Senhor[1]. O Mestre que veio para os doentes, também queria que todos nós, enquanto estivéssemos encarnados, cuidando de sua própria evolução, cuidássemos também da dos irmãos. Ele também nos asseverou que “Nem todos aqueles que dizem: Senhor! Senhor! Entrarão no Reino dos Céus”, significando que as nossas superficialidades como cristãos, praticando rotinas religiosas não nos credenciam a entrar nos Reino de Deus[2].
Que sejamos árvores que dê bons frutos.
Domício.

Ps.: Sendo, hoje, o Dia dos Pais, gratos por estarmos encarnados, de ter convivido com um pai exemplar, deixo minha homenagem a ele que não sei se já retornou ao nosso convívio. Que Deus o abençoe.

AO MEU PAI, MINHA ETERNA GRATIDÃO
L. ANGEL             08/06/2010
Pai, Espírito que nem sempre respeitei,
Nessa vida em que me foste a ponte,
Onde te encontras, me conte.
Ouvir-te, hoje, seria bom, eu sei.
Fostes exemplo de retidão,
Respeito e bondade.
Decerto, não eras perfeito, em moralidade,
Mas foste objeto de minha admiração.
Que possamos logo mais
Gozarmos de outra privacidade,
Seja na Terra ou na erraticidade.
Com certeza seremos filho-pai-irmão,
Num clima de eterna gratidão,
Sintonizados com o Pai que decerto amais.




[1] Mateus (25:31 – 46). Vide interpretação de A. Kardec in O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. 15, Item 3.
[2] Mateus (7:21 – 23). Vide interpretação de A. Kardec in O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. 18, Item 9.