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ASSIM SERÁ
Assim é aquele que para si ajunta tesouros e
não é rico para com Deus.
Jesus (Lucas, 12:21).
Guardarás inúmeros títulos de posse sobre as utilidades
terrestres, mas se não fores senhor de tua própria alma, todo o teu patrimônio não
passará de simples introdução à loucura.
Multiplicarás, em torno de teus pés, maravilhosos jardins
da alegria juvenil, entretanto, se não adquirires o conhecimento superior para
o roteiro de amanhã, a tua mocidade será a véspera ruidosa da verdadeira
velhice.
Cobrirás com medalhas honoríficas o teu peito, aumentando a
série dos admiradores que te aplaudem, mas, se a luz da reta consciência não te
banhar o coração, assemelhar-te-ás a um cofre de trevas, enfeitado por fora e
vazio por dentro.
Amontoarás riquezas e apetrechos de conforto para a tua
casa terrena, imprimindo-lhe perfil dominante e revestindo-a de esplendores
artísticos, contudo, se não possuíres na intimidade do lar a harmonia que
sustenta a felicidade de viver, o teu domicílio será tão-somente um mausoléu
adornado.
Empilharás moedas de ouro e prata, à sombra das quais
falarás com autoridade e influência aos ouvidos do próximo, todavia, se os teus
haveres não se dilatarem, em forma de socorro e trabalho, estímulo e educação,
em favor dos semelhantes, serás apenas um viajor descuidado, no rumo de
pavorosas desilusões.
Crescerás horizontalmente, conquistarás o poder e a fama, reverenciar-te-ão
a presença física na Terra, mas, se não trouxeres contigo os valores do bem,
ombrearás com os infelizes, em marcha imprevidente para as ruínas do
desencanto.
Assim
será "todo aquele que ajunta tesouros para si, sem ser rico para com
Deus".
NOSSA REFLEXÃO
Em tempos de evolução, muito tem se feito para que seja
implantado o Reino de Deus na Terra, das formas mais distintas. É o religioso
que se devota a estudar, praticar e transmitir os ensinamentos cristãos. É o cientista
que, inquieto com algo obsoleto ou impulsionado em descobrir formas de combater doenças ou as desigualdades sociais, contribui com os seus estudos. É o educador
que pesquisa formas de proporcionar às crianças e jovens um aprendizado
significativo que pode impulsioná-lo a uma boa convivência no mundo em que
vive, podendo mais tarde dá sequências aos estudos realizados em vidas
passadas.
As descobertas e as contribuições científicas proporcionam
aos contribuidores uma certa posição de destaque social e acadêmico. É o
reconhecimento das comunidades científicas e sociais. Assim, também, podemos pensar
naqueles que, em suas áreas de atuação, como a arte, comércio e administração,
entre outras, também recebem seus lauréis pelo o que fazem. São formas de acumulação
de riquezas, que, se não estiverem sintonizadas com as Leis de Deus, de nada
servirá, espiritualmente para quem as acumulou. Tudo lhe é tirado, como Jesus
nos ensinou na Parábola do Rico Insensato (Lucas, 12: 13-21)[1] e que Emmanuel se utilizou
do último versículo para compor essa mensagem que ora refletimos.
Somo apenas usufrutuários dos bens materiais e sociais que
adquirimos na Terra. É verdade que, quando adquiridos com muita dedicação e
esforço, isso nos traz muito orgulho, perante aos homens. Mas estamos na Terra
para nos orgulhar, primeiramente, perante a Deus. E quanto mais nós distribuímos
o que ganhamos com o nosso esforço e muita ajuda de Deus, que estimula a muitos
a nos ajudarem a conquistar os resultados de nosso trabalho, mais adquirimos
bens espirituais.
Tenhamos em mente que, segundo o Espirito Pascal,
O
homem só possui em plena propriedade aquilo que lhe é dado levar deste mundo.
Do que encontra ao chegar e deixa ao partir goza ele enquanto aqui permanece.
Forçado, porém, que é a abandonar tudo isso, não tem das suas riquezas a posse
real, mas, simplesmente, o usufruto. Que é então o que ele possui? Nada do que
é de uso do corpo; tudo o que é de uso da alma: a inteligência, os
conhecimentos, as qualidades morais. Isso o que ele traz e leva consigo, o que
ninguém lhe pode arrebatar, o que lhe será de muito mais utilidade no outro
mundo do que neste[2].
Que possamos ser bons usufrutuários dos bens adquiridos por
nós, segundo nossos esforços ou não. E se não for pelos nossos esforços, que
saibamos multiplicá-los, evangelicamente falando[3].
Que Deus nos ajude.
Domício.
[1] Veja interpretações de A. Kardec e dos
Espíritos Superiores no Cap. XVI de O Evangelho Segundo o Espiritismo sobre várias passagens evangélicas a partir
do Tema “Não se pode servir a Deus e a Mamon”.
[2] In: O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVI, Item 9.
[3] Vide
sobre o emprego da riqueza em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVI, itens 11, 12 e 13.