domingo, 31 de maio de 2020

NO CULTO À PRECE

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NO CULTO À PRECE

E, tendo eles orado, tremeu o lugar onde estavam reunidos e todos ficaram cheios do Espírito Santo.

Atos (4:31).

Todos lançamos, em torno de nós, forças criativas ou destrutivas, agradáveis ou desagradáveis ao círculo pessoal em que nos movimentamos.

A árvore alcança-nos com a matéria sutil das próprias emanações.

A aranha respira no centro das próprias teias.

A abelha pode viajar intensivamente, mas não descansa a não ser nos compartimentos da própria colmeia.

Assim também o homem vive no seio das criações mentais a que dá origem.

Nossos pensamentos são paredes em que nos enclausuramos ou asas com que progredimos na ascese.

Como pensas, viverás.

Nossa vida íntima – nosso lugar.

A fim de que não perturbemos as leis do Universo, a natureza somente nos concede as bênçãos da vida, de conformidade com as nossas concepções.

Recolhe-te e enxergará o limite de tudo o que te cerca.

Expande-te e encontrarás o infinito de tudo o que existe.

Para que nos elevemos, com todos os elementos de nossa órbita, não conhecemos outro recurso além da oração, que pede luz, amor e verdade.

A prece, traduzindo aspiração ardente de subida espiritual, através do conhecimento e da virtude, é a força que ilumina o ideal e santifica o trabalho.

Narram os Atos que, havendo os apóstolos orado, tremeu o lugar em que se encontravam e ficaram cheios do Espírito Santo: iluminou-se-lhes o anseio de fraternidade, engrandeceram-se-lhes as mentes congregadas em propósitos superiores e a energia santificadora felicitou-lhes o espírito.

Não olvides, pois, que o culto à prece é marcha decisiva. A oração renovar-te-á para a obra do Senhor, dia a dia, sem que tu mesmo possas perceber.

NOSSA REFLEXÃO

A prece é um instrumento de ligação com o Criador, passando pelos seus prepostos, ou seja, nossos Anjos da Guarda, mentores e amigos espirituais[i] mais próximos. Contudo, nada se dá, em nosso favor, senão por vontade do Pai[ii]. E, além disso, devemos ter consciência dos elementos que dão eficácia à prece[iii].

Emmanuel, nesta mensagem, ora refletida, nos traz orientações de como podemos nos recolher e a importância disso para que consigamos atingir o nosso objetivo. Engrandece a força do pensamento e a importância do recolhimento para tal fim. Se trabalhamos ou nos entretemos conscientes que estamos no nosso ambiente natural que é o dos Espíritos, certamente que o respeito a esse ambiente qualificará o nosso trabalho e o nosso entretenimento.

Devemos, no entanto, ter cuidado com as distrações, nos momentos da prece, próprias de seres imperfeitos como nós. Emmanuel nos lembrou a passagem evangélica, grafada em Mateus (26: 40) e através de Chico Xavier escreveu a mensagem intitulada “Velar com Jesus”.[iv]

Que fiquemos com essa exortação de Emmanuel: “Não olvides, pois, que o culto à prece é marcha decisiva. A oração renovar-te-á para a obra do Senhor, dia a dia, sem que tu mesmo possas perceber”. Entendemos que a “obra do Senhor” é toda obra que se propõe ao engrandecimento nosso e da humanidade, pelos mais diversos meios, seja na profissão, nos estudos, no coletivo religioso, na praça pública, seja no recolhimento em família ou sozinhos.

Que Deus nos ajude a compreender e vivenciar isso, diariamente.

Domício.


[i] Vide O Livro dos Espíritos, no tópico “Da intervenção dos Espíritos no mundo corporal – Anjo da Guarda. Espíritos protetores e familiares”. Questões de 489 a 521.

[ii] Vide O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXVIII – Coletânea de preces espíritas -Oração Dominical.

[iii] Vide O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXVII – Pedi e obtereis.

[iv] Vide nossa reflexão sobre essa mensagem em Velar com Jesus do livro Caminho, Verdade e Vida (FEB).

domingo, 24 de maio de 2020

O HERDEIRO DO PAI


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O HERDEIRO DO PAI
A quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo.
Paulo (Hebreus, 1: 2).
Cede aos poderes humanos respeitáveis o que lhes cabe por direito lógico da vida, mas não te esqueças de dar ao Senhor o que lhe pertence.
Esta fórmula conciliadora do Evangelho permanece, ainda, palpitante de interesse para o bem-estar do mundo.
Não convém concentrar em organizações mutáveis do plano carnal todas as nossas esperanças e aspirações.
O homem interior renova-se diariamente. Por isso, a ciência que lhe atende as reclamações, nos minutos que passam, não é a mesma que o servia, nas horas que se foram, e a do futuro será muito diversa daquela que o auxilia no presente. A política do pretérito deu lugar à política das lutas modernas. Ao triunfo sanguinolento dos mais fortes ao tempo da selvageria sem peias, seguiu-se a autocracia militarista. A força cedeu à autoridade, a autoridade ao direito. No setor das atividades religiosas, o esforço evolutivo não tem sido menor.
Em vista de semelhantes realidades, por que te apaixonas, com tanta veemência, por criaturas falíveis e programas transitórios?
Os homens de hoje, por mais veneráveis, são herdeiros dos homens de ontem, empenhados na luta gigantesca pela redenção de si mesmos. Poderão prometer maravilhosos reinados de abastança e paz, liberdade e harmonia, entretanto, não fugirão ao serviço de corrigenda dos erros que herdaram, não só daqueles que os antecederam, no campo dos compromissos coletivos, mas igualmente de suas próprias experiências passadas, em tenebrosos desvios do sentimento.
A civilização de agora é sucessora das civilizações que faliram.
As nações que se restauram aproveitam as nações que se desfizeram.
As organizações que surgem na atualidade guardam a herança das que desapareceram na voragem da discórdia e da tirania.
Examinando a fisionomia indisfarçável da verdade, como hipertrofiar o sentimento, definindo-te, em absoluto, por instituições terrestres que carecem, acima de tudo, de teu próprio auxílio espiritual?
Como pode a casa sem teto abrigar-te da intempérie? A planta do arranha-céu, inteligentemente traçada no pergaminho, ainda não é a construção mantenedora da legítima segurança.
Não existem, pois, razões que justifiquem os tormentos dos aprendizes do Cristo, angustiados pelas inquietudes políticas da hora que passa. Semelhante estado de alma é simples produto de inadvertência perigosa. porque todos devemos saber que os homens falíveis não podem erguer obras infalíveis e que compete a nós outros, partidários do Mestre, a posição de trabalhadores sinceros, chamados a servir e cooperar na obra paciente e longa, mas definitiva e eterna. daquele a quem o Pai "constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo".
NOSSA REFLEXÃO
Eis uma reflexão que pode ser entendida como um chamado ao cuidado de não servir à coletividade, de modo político, como se nós, próprios, cristãos e espíritas, em particular, não pudéssemos ser políticos. Mas todo ensinamento, inclusive o do Cristo, não deve ser tomado como absoluto[i]. Sim, não devemos confiar absolutamente em homens falíveis, como Emmanuel nos fala. Mas, em nossa imperfeição, podemos agir, coletivamente em favor dos mais necessitados. Devemos contribuir com os processos políticos, mas não de forma idólatra a um Político ou partido político.[ii] No meu entender (assumo como particular e não como orientada espiritualmente) essa é uma das funções que o ser humano pode assumir numa sociedade democrática que chama os cristãos a se posicionarem silenciosamente, através do voto e que, muitas vezes, o fazem por pessoas totalmente indignas de ser confiável.
Não devemos fugir ao calor do debate político se a intenção dele é favorecer os desfavorecidos. Mas isso deve ser feito de forma pacífica. Entendo que isolar-se do debate político, significa, também, fugir do contato com os semelhantes nas lutas em favor de todos. Conforme Um Espírito Protetor,
Nenhuma caridade teria a praticar o homem que vivesse insulado. Unicamente no contato com os seus semelhantes, nas lutas mais árduas é que ele encontra ensejo de praticá-la. Aquele, pois, que se isola priva-se voluntariamente do mais poderoso meio de aperfeiçoar-se; não tendo de pensar senão em si, sua vida é a de um egoísta[iii].
Ninguém deve ser julgado por um posicionamento e ativismo político, desde que faça respeitosamente e de modo pacífico. Por que entender que todo Político é desonesto? Falível, mas não desonesto em sua essência. Quem generaliza, se coloca como perfeito. E isso não é cristão.
Como Emmanuel, diz, nesta mensagem, ora refletida,
A política do pretérito deu lugar à política das lutas modernas. Ao triunfo sanguinolento dos mais fortes ao tempo da selvageria sem peias, seguiu-se a autocracia militarista. A força cedeu à autoridade, a autoridade ao direito (grifos nossos).
Portanto, que todos se sintam confortáveis em silenciar-se ou se posicionar em relação ao que está posto ou ao que estão querendo pôr. Mas que o silêncio seja sincero, em estado de oração, sem julgamento de quem faz diferente e nunca compactuando com as injustiças sociais, inclusive votando em um Político totalmente sem condições morais e administrativas de exercer um cargo legislativo e que se sustenta em julgamentos penais parciais, mentiras, violências, preconceitos, etc., para vencer um pleito eleitoral.
Que sejamos cristãos, de todo modo.
Que Deus nos ajude.
Domício.


[i] “7. Esta sentença: “Dai a César o que é de César”, não deve, entretanto, ser entendida de modo restritivo e absoluto. Como em todos os ensinos de Jesus, há nela um princípio geral, resumido sob forma prática e usual e deduzido de uma circunstância particular. (Allan Kardec in O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XI, Item 7).
[ii] Entenda-se “Político”, com inicial maiúscula, como aquele que é filiado a um partido e exerce uma função na legislatura.
[iii] In: O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XII (Sede Perfeitos), Item 10.

domingo, 17 de maio de 2020

REFUGIA-TE EM PAZ


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REFUGIA-TE EM PAZ
Havia muitos que iam e vinham e não tinham tempo para comer.
Marcos (6:31).
O convite do Mestre, para que os discípulos procurem lugar à parte, a fim de repousarem a mente e o coração na prece, é cada vez mais oportuno.
Todas as estradas terrestres estão cheias dos que vão e vêm, atormentados pelos interesses imediatistas, sem encontrarem tempo para a recepção de alimento espiritual. Inúmeras pessoas atravessam a senda, famintas de ouro, e voltam carregadas de desilusões. Outras muitas correm às aventuras, sedentas de novidade emocional, e regressam com o tédio destruidor.
Nunca houve no mundo tantos templos de pedra, como agora, para as manifestações de religiosidade, e jamais apareceu tamanho volume de desencanto nas almas.
A legislação trabalhista vem reduzindo a atividade das mãos, como nunca; no entanto, em tempo algum surgiram preocupações tão angustiosas como na atualidade.
As máquinas da civilização moderna limitaram espantosamente o esforço humano, todavia, as aflições culminam, presentemente, em guerras de arrasamento científico.
Avançou a técnica da produção econômica em todos os setores, selecionando o algodão e o trigo por intensificar-lhes as colheitas, mas, para os olhos que contemplam a paisagem mundial, jamais se verificou entre os encarnados tamanha escassez de pão e vestuário.
Aprimoraram-se as teorias sociais de solidariedade e nunca houve tanta discórdia.
Como acontecia nos tempos da permanência de Jesus no apostolado, a maioria dos homens permanece no vaivém dos caminhos, entre a procura desorientada e o achado falso, entre a mocidade leviana e a velhice desiludida, entre a saúde menosprezada e a moléstia sem proveito, entre a encarnação perdida e a desencarnação em desespero.
Ó meu amigo, se adotaste efetivamente o aprendizado com o divino Mestre, retira-te a um lugar à parte, e cultiva os interesses de tua alma.
É possível que não encontres o jardim exterior que facilite a meditação, nem algum pedaço de natureza física onde repouses do cansaço material, todavia, penetra o santuário, dentro de ti mesmo.
Há muitos sentimentos que te animam há séculos, imitando, em teu íntimo, o fluxo e o refluxo da multidão. Passam apressados de teu coração ao cérebro e voltam do cérebro ao coração, sempre os mesmos, incapacitados de acesso à luz espiritual. São os princípios fantasistas de paz e justiça, de amor e felicidade que o plano da carne te impôs.
Em certas circunstâncias da experiência transitória, podem ser úteis, entretanto, não vivas exclusivamente ao lado deles. Exerceriam sobre ti o cativeiro infernal.
Refugia-te no templo à parte, dentro de tua alma, porque somente aí encontrarás as verdadeiras noções da paz e da justiça, do amor e da felicidade reais, a que o Senhor te destinou.
NOSSA REFLEXÃO
Vivemos num turbilhão de ideias e pensamentos que às vezes nos sentimos exauridos. São ideias políticas, de solidariedade, de justiça que perpassam em nossa mente que, sim, tem momentos que temos que parar para pensar, meditar sobre a nossa participação no contexto do qual fazemos parte.
Como Emmanuel nos fala, nesta mensagem, temos que nos refugiar, conforme suas palavras, “[...] no templo à parte, dentro de tua alma, porque somente aí encontrarás as verdadeiras noções da paz e da justiça, do amor e da felicidade reais, a que o Senhor te destinou”. Ele corrobora o Espírito Santo Agostinho, quando esse nos orienta que “no recolhimento e na solidão [...]”[i], estamos com o Senhor.
A humanidade tem evoluído bastante em Ciência, Justiça e Solidariedade. Todavia, vivemos um momento que percebemos a luta entre o bem e o mal e temos fé que o bem está prevalecendo, mas não de forma passiva, pois há reconhecimento de um contingente de pessoas, no mundo inteiro, dando exemplo de razoabilidade e empatia. Mas nesse terreno, temos que, de vez em quando, parar para pensar melhor, perdoar e seguir com a nossa consciência do que é melhor para nós e para o nosso semelhante.
Que Deus nos ampare e nos ajude a perceber quando estivermos nos excedendo na luta pelo/no bem.
Domício.


[i] O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXVII, Item 23 – A felicidade que a prece proporciona.

domingo, 10 de maio de 2020

SAIBAMOS COOPERAR


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SAIBAMOS COOPERAR
Porque sem mim nada podeis fazer.
Jesus (João, 15:5).
O divino poder do Cristo, como representante de Deus, permanece latente em todas as criaturas.
Todos os homens receberam dele sagrados dons, ainda que muitos se mantenham afastados do campo religioso.
Referimo-nos aqui, porém, aos cultivadores da fé, que iniciam o esforço laborioso e longo da descoberta dos valores sublimes que vibram em si mesmos.
Grande parte suspira por espetaculares demonstrações de Jesus em seus caminhos, e companheiros incontáveis acreditam que apenas cooperam com o Senhor os que se encontram no ministério da palavra, no altar ou na tribuna de variadas confissões religiosas.
Urge, entretanto, retificar esse erro interpretativo.
O Senhor está conosco em todas as posições da vida. Nada poderíamos realizar sem o influxo de sua vontade soberana.
Diz-nos o Mestre com clareza: - "Eu sou a videira, vós as varas."
Como produzir alguma coisa sem a seiva essencial?
Efetivamente, os aprendizes arguciosos poderão objetar que, nesse critério, também encontraremos os que praticam o mal, alicerçados nas mesmas bases. Respondendo, consideraremos somente que semelhantes infelizes enxertam cactos infernais na Videira divina, por conta própria, pagando elevado preço, perante o Governo do Universo.
Reportamo-nos aos companheiros tímidos e vacilantes, embora bem intencionados, para concluir que, em todas as tarefas humanas, podemos sentir a presença do Senhor, santificando o trabalho que nos foi cometido. Por isso, não podemos olvidar a lição evangélica de que seria abençoado qualquer esforço no bem, ainda que fosse apenas o de ministrar um copo de água pura em seu nome.
O Mestre não se encontra tão somente no serviço daqueles que ensinam a Revelação divina, através da palavra acadêmica instrutiva ou consoladora. Acompanha os que administram os bens do mundo e os que obedecem às ordenanças do caminho, concorrendo na edificação do futuro melhor, nas organizações materiais e espirituais. Permanece ao lado dos que revolvem o chão do Planeta, cooperando na estruturação da Terra aperfeiçoada, como inspira os missionários da inteligência na evolução dos direitos humanos.
Saibamos cooperar, desse modo, nos círculos de serviço a que fomos chamados para o concurso cristão.
Faze, tão bem quanto esteja em tuas possibilidades, a obra parcial confiada às tuas mãos.
Por hoje, talvez te enganes, supondo servir às autoridades terrestres, no entanto, chegará o minuto revelador no qual reconhecerás que permaneces a serviço do Senhor. Une-te, pois, ao divino Artífice, em espírito e verdade, porque o problema fundamental de nossa paz é justamente o de saber se vivemos nele tanto quanto Ele vive em nós.
NOSSA REFLEXÃO
Cooperar faz parte do fazer humano, quando nasce nele um sentimento de empatia em relação ao outro, contribuindo com suas experiências/conhecimento adquirido ao longo de sua vida. Cooperando, o cristão segue ao preceito: “Fazei aos homens tudo o que queirais que eles vos façam, pois é nisto que consistem a lei e os profetas”. (MATEUS, 7:12.)[i].
Cabe a todos nós, que nos candidatamos ao trabalho espontâneo na seara do Senhor, lembrar que temos uma diretriz apontada por quem conta conosco. Ela está gravada nos Evangelhos e nas obras espíritas que lhe dão sentido, com relevância para O Evangelho Segundo o Espiritismo.
Cada pessoa, em qualquer nível intelecto-moral, pode cooperar nessa seara. O primeiro pré-requisito é a boa vontade. Interpretando a parábola do “Trabalhador da Última Hora”, o Espírito Constantino, Espírito protetor, faz a seguinte introdução em sua instrução: “O obreiro da última hora tem direito ao salário, mas é preciso que a sua boa vontade o haja conservado à disposição daquele que o tinha de empregar e que o seu retardamento não seja fruto da preguiça ou da má vontade (grifos nossos).[ii]
Então, estando a postos, todo o momento é um momento inspirador do Mestre para fazer um bem, ou seja, conforme o Espírito Emmanuel nessa mensagem, que ora refletimos: “Por isso, não podemos olvidar a lição evangélica de que seria abençoado qualquer esforço no bem, ainda que fosse apenas o de ministrar um copo de água pura em seu nome”. Emmanuel, também, em Ajudemos sempre, mensagem desta mesma obra, nos aponta: “No Evangelho, a posição neutra significa menor esforço. [...] Diante, pois, do próximo, que se acerca do teu coração, cada dia, lembra-te sempre de que estás situado na Terra para aprender e auxiliar”.
De modo mais amplo, Emmanuel nos traz, nesta mensagem, ora em questão, a possibilidade de qualquer um contribuir com a evolução da humanidade terrena, como segue:
O Mestre não se encontra tão somente no serviço daqueles que ensinam a Revelação divina, através da palavra acadêmica instrutiva ou consoladora. Acompanha os que administram os bens do mundo e os que obedecem às ordenanças do caminho, concorrendo na edificação do futuro melhor, nas organizações materiais e espirituais. Permanece ao lado dos que revolvem o chão do Planeta, cooperando na estruturação da Terra aperfeiçoada, como inspira os missionários da inteligência na evolução dos direitos humanos.
De qualquer modo, devemos ter em mente que a cooperação com o Cristo deve seguir suas orientações. Isto é, ao terminar qualquer tarefa, ou durante a realização, de iniciativa particular, que pensamos seja no bem, devemos nos autoavaliar quanto a coerência com os preceitos evangélicos.
Que Deus nos ajude a colaborar com fidelidade aos preceitos cristãos.
Domício.


[i] Vide interpretação espírita em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XI. Item 4.

domingo, 3 de maio de 2020

GUARDAI-VOS DOS CÃES


145
GUARDAI-VOS DOS CÃES
Guardai-vos dos cães.
Paulo (FILIPENSES, 3:2).
Somos imensa caravana de seres, na estrada evolutiva, a movimentar-se, sob o olhar do Divino Pastor, em demanda de esferas mais altas.
Em verdade, se prosseguimos caminho a fora, magnetizados pelo devotamento do Condutor Divino, inegavelmente somos também assediados pelos cães da ignorância, da perversidade, da má-fé.
Referindo-se a cães, Paulo de Tarso não mentalizava o animal amigo, símbolo de ternura e fidelidade, após a domesticação. Reportava-se aos cães selvagens, impulsivos e ferozes. No rebanho humano, encontraremos sempre criaturas que os personificam.
São os adversários sistemáticos do bem.
Atassalham reputações dignas.
Estimam a maledicência.
Exercitam a crueldade.
Sentem prazer com a imposição tirânica que lhes é própria.
Desfazem a conceituação elevada e santificante da vida.
Desarticulam o serviço dos corações bem-intencionados.
Atiram-se, desvairadamente, à substância das obras construtivas, procurando consumi-Ias ou pervertê-las.
Vomitam impropérios e calúnias.
Gritam, levianos, que o mal permanece vitorioso, que a sombra venceu, que a miséria consolidou o seu domínio na Terra, perturbando a paz dos servos operosos e fiéis.
E, quando o micróbio do ódio ou da cólera lhes excita a desesperação, ai daqueles que se aproximam, generosos e confiantes!
É para esse gênero de irmãos que Paulo solicita, de nós outros, a conjugação do verbo guardar. Para eles, pobres prisioneiros, da incompreensão e da ignorância, resta somente o processo educativo, no qual podemos cooperar com amor, competindo-nos reconhecer, contudo, que esse recurso de domesticação procede originariamente de Deus.
NOSSA REFLEXÃO
O mal, na Terra, ainda prepondera. Muitos Espíritos maus, encarnados ou não, estão à solta por aí. São nossos irmãos que ainda deixam vibrar em si, o espírito da cólera, da animosidade e, por isso, satisfazem-se em angariar muitos para o seu desiderato.
A luta pela vida, dos outros, não lhes toca a consciência. Desse modo, estão instalados em todas as classes, profissões e posições de destaque na sociedade. Vivemos um momento em que eles estão mostrando a que vieram e, jocosamente, têm sido intitulados, no Brasil, de “cidadãos do bem”. Não são os criminosos comuns, mas pessoas que conseguiram arrebanhar, politicamente, um curral eleitoral bastante considerável.
Emmanuel, nesta mensagem, ora refletida, apresenta todas as características que são evidentes naqueles “cidadãos do bem”.
Religiosos, notadamente muitos cristãos, abrangendo muitos  espíritas, apoiaram a instalação da ignomínia declarada e vibrante em todos os cantos do Brasil. Isto é fato. Precisamos denunciar, aos mesmos, o caminho tortuoso por onde debandaram. Depois de um tempo, da escolha, temos, de modo acintoso e debochado, a dominação de ideias anticristãs.
É bem verdade que precisamos fazer isso da forma mais cristã possível. Através da arte, isso é possível. Usando de humor, encenações várias, desenhando para que seja entendido, poetizando as situações, quando elas acontecem, pode ajudar. Contudo, nem sempre isso será levado a efeito, pois não é fácil descontaminar o que já está contaminado. Vide o caso do vírus SARS-CoV-2 que tem contaminado milhões de pessoas e, dessas, matado milhares.[i]
Que consigamos passar por esse momento, tão grave, perdoando, mas sem deixar de fazer a crítica sobre os rumos para os quais nossa nação, bem como a humanidade terrestre, está se dirigindo.
Nessa situação, parece que estamos numa guerra entre o bem e o mal. Politicamente, devemos tomar partido do bem, estimulados que fomos por Jesus Cristo em Mateus (25:31 a 46) e Lucas (14:12 a 15). Vide interpretação de A. Kardec, a essas passagens evangélicas, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, nos capítulos XV, Item 3 e XIII, Item 8, respectivamente. Sim, como espíritas, defendemos e divulgamos uma Doutrina baseada no tripé: Filosofia, Ciência e Religião. Como Religião, ela "[...] não autoriza a injustiça sob qualquer forma ou pretexto que seja [...]" (KARDEC, 2013, p. 107)[ii].
Que possamos nos guardar dos cães, sem vociferar contra eles.
Que Deus nos ajude.
Domício.


[i]Globalmente, a partir das 2:00 horas da CEST, de 3 de maio de 2020, houve 3.318.755 casos confirmados de COVID-19, incluindo 236.431 mortes, relatados à OMS”. In: https://covid19.who.int/. Acesso em 03/05/2020, às 9:07h (horário de Brasília).
[ii] KARDEC, A. O que é o Espiritismo. 56. ed. 1. impressão. Brasília: FEB, 2013.