domingo, 29 de dezembro de 2019

HUMANIDADE REAL


127
HUMANIDADE REAL
Eis o Homem!
Pilatos (JOÃO, 19:5).
Apresentando o Cristo à multidão, Pilatos não designava um triunfador terrestre...
Nem banquete, nem púrpura.
Nem aplauso, nem flores.
Jesus achava-se diante da morte.
Terminava uma semana de terríveis flagelações.
Traído, não se rebelara.
Preso, exercera a paciência.
Humilhado, não se entregou a revides.
Esquecido, não se confiou à revolta.
Escarnecido, desculpara.
Açoitado, olvidou a ofensa.
Injustiçado, não se defendeu.
Sentenciado ao martírio, soube perdoar.
Crucificado, voltaria’ à convivência dos mesmos discípulos e beneficiários que o haviam abandonado, para soerguer-lhes a esperança.
Mas, exibindo-o, diante do povo, Pilatos não afirma: - Eis o condenado, eis a vítima!
Diz simplesmente: - "Eis o Homem!"
Aparentemente vencido, o Mestre surgia em plena grandeza espiritual, revelando o mais alto padrão de dignidade humana.
Rememorando, pois, semelhante passagem, recordemos que somente nas linhas morais do Cristo é que atingiremos a humanidade real.
NOSSA REFLEXÃO
O Mestre foi um grande exemplo de dignidade moral que passou pelo planeta. Melhor dizendo, foi o maior grande exemplo... Tanto que os Espíritos Superiores o reverenciaram como o “[...] tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo [...]”[1].
Toda a sua vida messiânica foi voltada para nos ensinar a retomar o caminho para Deus. Particularmente na hora crucial de sua vida, ele mostrou que o Reino de Deus ainda não é deste mundo. Deu exemplo de fé e amor aos desavisados da hora. Deu o exemplo de um Professor que, ao final da aula, informa as lições da aula seguinte, além dos deveres a cumprir, dizendo: assim que se faz.
Foi paciente, misericordioso e amoroso com todos. Sabia com quem estava tratando, desde sempre.
Aquele que tinha o poder de o libertar não o condenou, enfaticamente, porque não tinha provas contra ele. Apenas o entregou a massa, lavando as mãos, para que ela não tivesse a responsabilidade do fato que estaria para acontecer.
Emmanuel nos recorda que, para atingirmos a “humanidade real”, ou seja, para que nos tornemos dignos do Reino de Deus, devemos ter em mente as “[...] linhas morais do Cristo [...]”.
Depois de tantas investidas no mal, a alma cansa de sofrer e é quando o Mestre e Médico autorizado de Deus estende suas mãos curadoras sobre as feridas daquele que sofreu por livre e espontânea vontade. E Ele faz “Por Amor”[2].
Que saibamos ser corretos quando o homem velho[3] se apresenta em nós. Nem sempre somos.
Que Deus nos ajude.
Domício.

[1] Questão de nº 625 de O Livro dos Espíritos.
[2] Vide mensagem de Emmanuel, em “Caminho Verdade e Vida”, refletida por nós.
[3] “Assim, pois, meus queridos filhos, que uma santa emulação vos anime e que cada um de vós se despoje do homem velho. Deveis todos consagrar-vos à propagação desse Espiritismo que já deu começo à vossa própria regeneração. Corre-vos o dever de fazer que os vossos irmãos participem dos raios da sagrada luz. Mãos, portanto, à obra, meus muito queridos filhos! Que nesta reunião solene todos os vossos corações aspirem a esse grandioso objetivo de preparar para as gerações porvindouras um mundo no qual já não seja vã a palavra felicidade. – François-Nicolas-Madeleine, cardeal Morlot. (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. V, Item 20).

domingo, 22 de dezembro de 2019

domingo, 8 de dezembro de 2019

AJUDEMOS SEMPRE


126
AJUDEMOS SEMPRE
E quem é o meu próximo?
Lucas (10:29)
O próximo a quem precisamos prestar imediata assistência é sempre a pessoa que se encontra mais perto de nós.
Em suma, é, por todos os modos, a criatura que se avizinha de nossos passos. E como a Lei Divina recomenda amemos o próximo como a nós mesmos, preparemo-nos para ajudar, infinitamente...
Se temos pela frente um familiar, auxiliemo-lo com a nossa cooperação ativa.
Se somos defrontados por um superior hierárquico, exercitemos o respeito e a boa vontade.
Se um subordinado nos procura, ajudemo-lo com atenção e carinho.
Se um malfeitor nos visita, pratiquemos a fraternidade, tentando, sem afetação, abrir-lhe rumos novos na direção do bem.
Se o doente nos pede socorro, compadeçamo-nos de sua posição, qualquer que ela seja.
Se o bom se socorre de nossa palavra, estimulemo-lo a que se faça melhor.
Se o mau nos busca a influência, amparemo-lo, sem alarde, para que se corrija.
Se há Cristianismo em nossa consciência, o cultivo sistemático da compreensão e da bondade tem força de lei em nossos destinos.
Um cristão sem atividade no bem é um doente de mau aspecto, pesando na economia da coletividade.
No Evangelho, a posição neutra significa menor esforço.
Com Jesus, de perto, agindo intensivamente junto dele; ou com Jesus, de longe, retardando o avanço da luz. E sabemos que o Divino Mestre amou e amparou, lutou em favor da luz e resistiu à sombra, até à cruz.
Diante, pois, do próximo, que se acerca do teu coração, cada dia, lembra-te sempre de que estás situado na Terra para aprender e auxiliar.
NOSSA REFLEXÃO
A pergunta, grafada no caput desta mensagem de Emmanuel, se deu no contexto em que Jesus anunciou a Parábola do Bom Samaritano (Lucas, 10: 25-37). Allan Kardec e o Paulo, o Apóstolo, em Espírito, nos ajudam a entender melhor essa parábola[1].
Devemos agir segundo Emmanuel nos adverte, nesta mensagem: [...] como a Lei Divina recomenda amemos o próximo como a nós mesmos, preparemo-nos para ajudar, infinitamente...”
Ou seja, devemos ser As Cartas do Cristo[2] à gleba de sofredores e necessitados para os quais Ele dedicou seu messianato[3].
Emmanuel nos diz aqui que “no Evangelho, a posição neutra significa menor esforço”. Ele corrobora o Espírito Paulo, o Apóstolo, que nos ensina:

Submetei todas as vossas ações ao governo da caridade e a consciência vos responderá. Não só ela evitará que pratiqueis o mal, como também fará que pratiqueis o bem, porquanto uma virtude negativa não basta: é necessária uma virtude ativa. Para fazer-se o bem, mister sempre se torna a ação da vontade; para se não praticar o mal, basta as mais das vezes a inércia e a despreocupação.[4]

Que estejamos sintonizados com o Cristo na hora que Ele estiver assistindo um necessitado, e sejamos ativos, pois quase sempre somos passivos.
Que Deus nos ajude.
Domício.


[1] Vide em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XV, itens 3 e 10, respectivamente.
[2] Emmanuel escreve sobre esse tema no livro Caminho, Verdade e Vida. Vide também nossa reflexão em As Cartas do Cristo.
[3] Vide em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XIII, itens 7 e 8 e Cap. XV, itens 1, 3 e 10.

domingo, 1 de dezembro de 2019

RICAMENTE


125
RICAMENTE
"A palavra do Cristo habite em vós, ricamente...
Paulo (Colossenses, 3:16).
Dizes confiar no poder do Cristo, mas, se o dia aparece em cores contrárias à tua expectativa, demonstras deplorável indigência de fé na inconformação.
Afirmas cultivar o amor que o Mestre nos legou, entretanto, se o companheiro exterioriza pontos de vista diferentes dos teus, mostras enorme pobreza de compreensão, confiando-te ao desagrado e à censura.
Declaras aceitar o Evangelho em sua simplicidade e pureza, contudo, se o Senhor te pede algum sacrifício perfeitamente compatível com as tuas possibilidades, exibes incontestável carência de cooperação, lançando reptos e solicitando reparações.
Asseveras procurar a Vontade do celeste Benfeitor, no entanto, se os teus caprichos não se encontram satisfeitos, mostras lastimável miséria de paciência e esperança, arrojando teus melhores pensamentos ao lamaçal do desencanto.
Acenderemos, porém, a luz, permanecendo nas trevas.
Daremos testemunho de obediência, exaltando a revolta?
Ensinaremos a serenidade, inclinando-nos à desesperação?
Proclamaremos a glória do amor, cultivando o ódio?
A palavra do Cristo não nos convida a marchar na fraqueza ou na lamentação, como se fôssemos tutelados da ignorância.
Segundo a conceituação iluminada de Paulo, Boa-Nova deve irradiar-se de nossa vida, habitando a nossa alma, ricamente.
NOSSA REFLEXÃO
Nosso Mestre nos convidou a ser seus discípulos, sem deixar de nos dar os elementos que nos fariam fortes em qualquer situação da vida, e o Apóstolo Paulo nos lembra isso, pois considera que todo o esforço angelical e incomensurável do Cristo não foi à toa.
Não podemos trair a nossa fé em Jesus, como no início do Cristianismo, com Ele ainda entre nós, a exemplo dos próprios Apóstolos. Devemos seguir os exemplos desses mesmos Apóstolos, logo depois da volta de seu Mestre ao plano espiritual, bem como os exemplos testemunhados pelos primeiros cristãos que foram perseguidos e mortos, com requintes de crueldade, como na arena do Coliseu, mas sem perder a fé.
O Cristo não nos enganou quanto à perseguição que sofreriam os seus seguidores e, até hoje, no mundo, temos notícias de perseguição aos cristãos. Isto foi profetizado por Ele (Lucas, 21: 5-28)[1].
Allan Kardec disserta sobre as perseguições aos cristãos interpretando o que nos traz Lucas (6: 22-23):
“Rejubilai-vos”, diz Jesus, “quando os homens vos odiarem e perseguirem por minha causa, visto que sereis recompensados no céu.” Podem traduzir-se assim essas verdades: Considerai-vos ditosos, quando haja homens que, pela sua má vontade para convosco, vos deem ocasião de provar a sinceridade da vossa fé, porquanto o mal que vos façam redundará em proveito vosso. Lamentai-lhes a cegueira, porém, não os maldigais.”[2]

Mas não precisamos ser perseguidos para demonstrar a nossa fé em Jesus Cristo, até por que a perseguição é só uma entre inúmeras situações de demonstração de fé (Vide o Sermão do Monte[3]).
Devemos ser cristãos em pensamentos e atos. A caridade é a bandeira, o termômetro de todas nossas ações, independentemente da Religião cristã que professamos.
Então, as situações de conflitos de relacionamento, de carência material, de posicionamentos políticos, etc. se configuram como provas de nossa identidade com o Cristo e de oportunidades de irradiar, ricamente, a Boa-Nova em nossas vidas.
Que sejamos ricamente cristãos.
Que o Senhor nos ajude.
Domício.


[1] Vide mensagem do Espírito Emmanuel, grafada no livro “Caminho, Verdade e Vida”, intitulada Para testemunhar e refletida por nós.
[2] Vide O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXIV, Item 19.
[3] Os capítulos 5, 7, 8, 9 e 10 de O Evangelho Segundo o Espiritismo tratam de cada bem-aventurança prometida por Jesus Cristo.