domingo, 27 de setembro de 2020

SIGAMO-LO

 166

SIGAMO-LO

Aquele que me segue não andará em trevas.

Jesus (JOÃO, 8:12).

Há quem admire a glória do Cristo. Mas a admiração pura e simples pode transformar-se em êxtase inoperante.

Há quem creia nas promessas do Senhor. Todavia, a crença só por si pode gerar o fanatismo e a discórdia.

Há quem defenda a revelação de Jesus. Entretanto, a defesa considerada isoladamente pode gerar o sectarismo e a cegueira.

Há quem confie no Divino Mestre. Contudo, a confiança estagnada pode ser uma força inerte.

Há quem espere pelo eterno Benfeitor. No entanto, a expectativa sem trabalho pode ser ansiedade inútil.

Há quem louve o Salvador. Louvor exclusivo, porém, pode coagular a adoração improdutiva.

A palavra do Enviado celeste, entretanto, é clara e incisiva: "Aquele que me segue não andará em trevas."

Se te afeiçoaste ao Evangelho não te situes por fora do serviço cristão.

Procuremos o Senhor, seguindo-lhe os passos.

Somente assim estaremos com o Cristo, recebendo-lhe a excelsa luz.

NOSSA REFLEXÃO

Admiração, crença, defesa, confiança, espera, adoração e louvor a Jesus são expressões cultivadas por todo cristão. A passagem encarnada do Mestre pela Terra se constituiu um divisor histórico para a humanidade. Somos devedores de sua excelsa compaixão por nós.

Contudo, devemos ter em mente que Ele incentivou, por atos, a não nos prendermos a Palavra, mas à ação em favor do próximo e de nós mesmos.

Então, se quisermos a Sua companhia, devemos estar em ação caritativa, não só social, mas sobretudo moral, pois há muitos que estão na condição só de receber, materialmente falando[i]. Mesmo nessa condição, podemos estar com Jesus, se considerarmos o Sermão da Montanha[ii] e trabalharmos em nossa reforma íntima[iii] e em favor do próximo.

Que sejamos seguidores de Suas ações quando esteve conosco, pois elas representam toda a Palavra que Ele nos deixou.

Que Deus nos ajude.

Domício.



[i] Vide O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XIII, itens 9 e 10 e Cap. XV.

[ii] Vide a sua interpretação em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. V, VII, VIII, IX e X.

[iii] “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más” (Allan Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVII, item 4.

domingo, 20 de setembro de 2020

NÃO DUVIDES

 165

NÃO DUVIDES

O que duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento e lançada de uma para outra parte.

Tiago (TIAGO, 1:6).

Em teus atos de fé e esperança, não permitas que a dúvida se interponha, como sombra, entre a tua necessidade e o poder do Senhor.

A força coagulante de teus pensamentos, nas realizações que empreendes, procede de ti mesmo, das entranhas de tua alma, porque somente aquele que confia consegue perseverar no levantamento dos degraus que o conduzirão à altura que deseja atingir.

A dúvida, no plano externo, pode auxiliar a experimentação, nesse ou naquele setor do progresso material, mas a hesitação no mundo íntimo é o dissolvente de nossas melhores energias.

Quem duvida de si próprio, perturba o auxílio divino em si mesmo.

Ninguém pode ajudar àquele que se desajuda.

Compreendendo o impositivo de confiança que deve nortear-nos para a frente, insistamos no bem, procurando-o com todas as possibilidades ao nosso. alcance.

Abandonemos a pressa e olvidemos o desânimo.

Não importa que a nossa conquista surja triunfante hoje ou amanhã.

Vale trabalhar e fazer o melhor que pudermos, aqui e agora, porque a vida se incumbe de trazer-nos aquilo que buscamos.

Avançar sem vacilações, amando, aprendendo e servindo infatigavelmente - eis a fórmula de caminhar com êxito, ao encontro de nossa vitória. E, nessa peregrinação incansável, não nos esqueçamos de que a dúvida será sempre o frio do derrotismo a inclinar-nos para a negação e para a morte.

NOSSA REFLEXÃO

Esta mensagem de Emmanuel nos faz lembrar que, segundo Um Espírito Protetor, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XIX, Item 12,

[...] a fé é humana e divina. Se todos os encarnados se achassem bem persuadidos da força que em si trazem, e se quisessem pôr a vontade a serviço dessa força, seriam capazes de realizar o a que, até hoje, eles chamaram prodígios e que, no entanto, não passa de um desenvolvimento das faculdades humanas (grifos do autor).

Assim, devemos desenvolver essa qualidade em relação a nós e a Deus. Daí, muito pertinente o título dessa mensagem de Emmanuel: “Não duvides”.

Sabedores que não nos encontramos sozinhos e que temos uma experiência milenar (que não lembramos, mas que se manifesta em nossas disposições para realizar algo) e aquela da vida atual, tudo pode ser resolvido se nos dispusermos a resolver. Creiamos em Deus, nos amigos espirituais superiores a nós, naqueles amigos de mesmo estágio evolutivo que nós e, principalmente, creiamos em nós mesmos, porque, afinal, quem tem que tomar uma decisão somos nós.

Emmanuel, nesta mensagem que ora refletimos, nos exorta o seguinte:

Abandonemos a pressa e olvidemos o desânimo. Não importa que a nossa conquista surja triunfante hoje ou amanhã. Vale trabalhar e fazer o melhor que pudermos, aqui e agora, porque a vida se incumbe de trazer-nos aquilo que buscamos.

Ou seja, devemos seguir ao que Jesus nos propôs em Mateus (7: 7 a 11)[i], independentemente dos insucessos de qualquer hora e da demora em alcançarmos nossos desideratos.

Sejamos fervorosos e esperançosos, pois essas qualidades nos credenciam aos postos mais altos ao que nos encontramos no momento. Segundo José, Espírito Protetor, a fé é mãe da esperança e da caridade. Sobre isso, ele nos apresenta o seguinte pensamento:

A esperança e a caridade são corolários da fé e formam com esta uma trindade inseparável. Não é a fé que faculta a esperança na realização das promessas do Senhor? Se não tiverdes fé, que esperareis? Não é a fé que dá o amor? Se não tendes fé, qual será o vosso reconhecimento e, portanto, o vosso amor?[ii]

Que Deus e o nosso Anjo Guardião[iii] não nos deixem esquecer disso.

Domício.


[i] Vide, sobre essa passagem evangélica, em que se extrai a máxima BUSCAI E ACHAREIS, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXV (Buscai e Achareis).
[ii] Vide mensagem na íntegra em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XIX, Item 11.
[iii]
Sobre o Anjo Guardião ou Espírito Protetor, busque informações em O Livro dos Espíritos, questões 489 a 495.

domingo, 13 de setembro de 2020

DIANTE DE DEUS

 164

DIANTE DE DEUS

Pai nosso...

Jesus (MATEUS, 6:9).

Para Jesus, a existência de Deus não oferece motivo para contendas e altercações.

Não indaga em torno da natureza do Eterno.

Não pergunta onde mora.

Nele não vê a causa obscura e impessoal do Universo.

Chama-lhe simplesmente "nosso Pai".

Nos instantes de trabalho e de prece, de alegria e de sofrimento, dirige-se ao supremo Senhor, na posição de filho amoroso e confiante.

O Mestre padroniza para nós a atitude que nos cabe, perante Deus.

Nem pesquisa indébita.

Nem inquirição precipitada.

Nem exigência descabida.

Nem definição desrespeitosa.

Quando orares, procura a câmara secreta da consciência e confia-te a Deus, como nosso Pai Celestial.

Sê sincero e fiel.

Na condição de filhos necessitados, a Ele nos rendamos lealmente.

Não perguntes se Deus é um foco gerador de mundos ou se é uma força irradiando vidas.

Não possuímos ainda a inteligência suscetível de refletir-lhe a grandeza, mas trazemos o coração capaz de sentir-lhe o amor.

Procuremos, assim, nosso Pai, acima de tudo, e Deus, nosso Pai, nos escutará.

NOSSA REFLEXÃO

Essa entrega que Emmanuel nos propõe é coerente com o que Jesus Cristo nos assinalou, especialmente ao nos ensinar a orar ao nosso Pai.

Em nosso estágio evolutivo não é possível compreendermos a essência de Deus, pois segundo os Espíritos Superiores, respondendo à Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos (questões 10, 11 e 214):

10 – Pode o homem compreender a natureza íntima de Deus?

“Não; falta-lhe para isso o sentido.”

11 – Será dado um dia ao homem compreender o mistério da Divindade?

“Quando não mais tiver o espírito obscurecido pela matéria. Quando, pela sua perfeição, se houver aproximado de Deus, ele o verá e compreenderá.” A inferioridade das faculdades do homem não lhe permite compreender a natureza íntima de Deus. Na infância da Humanidade, o homem o confunde muitas vezes com a criatura, cujas imperfeições lhe atribui; mas, à medida que nele se desenvolve o senso moral, seu pensamento penetra melhor no âmago das coisas; então, faz ideia mais justa da Divindade e, ainda que sempre incompleta, mais conforme a sã razão.

244 – Os Espíritos veem a Deus?

“Só os Espíritos superiores o veem e compreendem. Os inferiores o sentem e adivinham.”

Emmanuel, um dos colaboradores da Codificação Espírita, nessa mensagem ora refletida, corrobora as respostas acima, quando nos fala que “não possuímos ainda a inteligência suscetível de refletir-lhe a grandeza, mas trazemos o coração capaz de sentir-lhe o amor”.

Um dia chegaremos à condição de Espíritos Puros[i] e, então, poderemos compreender a Deus.

Sejamos, então, humildes ao nos dirigir ao nosso Pai, pois somos suas crias e ele nos quer perfeitos. Emmanuel enfatiza, acima, que “na condição de filhos necessitados, a Ele nos rendamos lealmente”.

Que os bons Espíritos ajude a lembrar disso.

Domício.

Ofereço ao leitor e à leitora  deste blog uma poema de L. Angel


Verbos auxiliares

L. Angel      12/09/2020

 

Quando algum mal inesperado surgir,

Causando-lhe certa angústia,

Sê firme e não deixe o desânimo te atingir:

Aceita, agradece, entrega e confia*.

 

Se as coisas não fazem jus à luta,

Desanimando a continuar, causando-lhe apatia,

Segue em frente e escuta:

Aceita, agradece, entrega e confia.

 

Na vida tudo passa, dia após dia.

Se algo não der certo,

Aceita, agradece, entrega e confia.

 

Se algo muito te desafia,

Não se sinta só, Deus está por perto.

Aceita, agradece, entrega e confia.

 

*Professor Hermógenes


[i] Vide Parte Segunda, Cap. I, itens 100 a 113 de O Livro dos Espíritos (especialmente os itens 112 e 113) sobre a Escala evolutiva dos Espíritos.

domingo, 6 de setembro de 2020

APRENDAMOS COM JESUS

 163

APRENDAMOS COM JESUS

Suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos uns aos outros, se algum tiver queixa; assim como o Cristo vos perdoou, assim fazei vós também.

Paulo (COLOSSENSES, 3:13).

É impossível qualquer ação de conjunto, sem base na tolerância.

Aprendamos com o Cristo.

O Homem identifica no próprio corpo a lei da cooperação, sem a qual não permaneceria na Terra.

Se o estômago não suportasse as extravagâncias da boca, se as mãos não obedecessem aos impulsos da mente, se os pés não tolerassem o peso da máquina orgânica, a harmonia física resultaria de todo impraticável.

A queixa desfigura a dignidade do trabalho, retardando-lhe a execução.

Indispensável cultivar a renúncia aos pequenos desejos que nos são peculiares, a fim de conquistarmos a capacidade de sacrifício, que nos estruturará a sublimação em mais altos níveis.

Para que o trabalho nos eleve, precisamos elevá-lo.

Para que a tarefa nos ajude, é imprescindível nos disponhamos a ajudá-la.

Recordemos que o supremo Orientador das equipes de serviço cristão é sempre Jesus. Dentro delas, a nossa oportunidade de algo fazer constitui só por si valioso prêmio.

Esqueçamo-nos, assim, de todo o mal, para construirmos todo o bem ao nosso alcance.

E, para que possamos agir nessas normas, é imperioso suportar-nos como irmãos, aprendendo com o Senhor, que nos tem tolerado infinitamente.

NOSSA REFLEXÃO

O bom Jesus foi um exemplo de conduta para toda a humanidade. Afinal, foi para isso que se sacrificou ao descer de sua altura, até nós, para nos ensinar, pessoalmente, como deveríamos nos conduzir perante a todos e todas que convivessem conosco, em família, no clube, no trabalho, na rua e no templo religioso.

Reuniu doze Discípulos e serviu a todos como um verdadeiro líder deve fazer, motivando a todos a fazer o certo. Disse Ele:

Aquele que quiser tornar-se o maior, seja vosso servo; e aquele que quiser ser o primeiro entre vós seja vosso escravo; do mesmo modo que o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção de muitos. (MATEUS, 20:20 a 28.)[i]

Então, baseados num princípio de humildade, devemos nos conduzir de modo cristão em qualquer trabalho, especialmente no trabalho espírita, como o Cristo nos ensinou. Na condição de líder de um grupo ou de um trabalho, devemos escutar a todos e a todas para que a sua Coordenação seja o resultado da compreensão real dos objetivos e procedimentos a serem executados.

Como Emmanuel nos adverte nesta mensagem, que ora refletimos:

Indispensável cultivar a renúncia aos pequenos desejos que nos são peculiares, a fim de conquistarmos a capacidade de sacrifício, que nos estruturará a sublimação em mais altos níveis.

Isto é, entender que o trabalho na seara cristã não é nosso, mas do Cristo, é indispensável para a harmonia de um grupo de trabalho espírita. Devemos ser nem muito arrogante, nem muito acrítico, pois muito vale a nossa experiência para o engrandecimento do trabalho. Contudo, não queiramos que sempre prevaleçam as nossas ideias.

Sejamos benevolentes com os nossos pares, como o Cristo é com todos nós, contando sempre com todos para que o seu trabalho cada vez mais surta efeito nas consciências de todos e todas que fazem ou buscam o trabalho assistencial ou espiritual oferecido pela Casa Espírita.

Que Deus nos ajude a ter sempre isso em mente no nosso dia a dia.

Domício.


[i] Allan Kardec disserta sobre essa passagem evangélica, e outras similares, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. VII (Bem-aventurados os pobres de espíritos), Item 6.