domingo, 23 de fevereiro de 2020

DESCULPA SEMPRE


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DESCULPA SEMPRE
Se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará. – Jesus.
Mateus (6:14).
Por mais graves te pareçam as faltas do próximo, não te detenhas na reprovação.
Condenar é cristalizar as trevas, opondo barreiras ao serviço da luz.
Procura nas vítimas da maldade algum bem com que possas soerguê-las, assim como a vida opera o milagre do reverdecimento nas árvores aparentemente mortas.
Antes de tudo, lembra quão difícil é julgar as decisões de criaturas em experiências que divergem da nossa!
Como refletir, apropriando-nos da consciência alheia, e como sentir a realidade, usando um coração que não nos pertence?
Se o mundo, hoje, grita alarmado, em derredor de teus passos, faze silêncio e espera...
A observação justa é impraticável quando a neblina nos cerca.
Amanhã, quando o equilíbrio for restaurado, conseguirás suficiente clareza para que a sombra te não altere o entendimento.
Além disso, nos problemas de crítica, não te suponhas isento dela.
Através da nociva complacência para contigo mesmo, não percebes quantas vezes te mostras menos simpático aos semelhantes!
Se há quem nos ame as qualidades louváveis, há quem os destaque as cicatrizes e os defeitos.
Se há quem ajude; exaltando-nos o porvir luminoso, há quem nos perturbe, constrangendo-nos à revisão do passado escuro.
Usa, pois, a bondade, e desculpa incessantemente.
Ensina-nos a Boa Nova que o Amor cobre a multidão dos pecados.
Quem perdoa, esquecendo o mal e avivando o bem, recebe do Pai celestial, na simpatia e na cooperação do próximo, o alvará da libertação de si mesmo habilitando-se a sublimes renovações.
NOSSA REFLEXÃO
Na vida cotidiana, somos convidados, intimamente, a todo momento, a avaliar/julgar uma pessoa, uma instituição, uma sociedade, amigos e familiares. Recebemos deles uma carga emocional a partir de suas atitudes, ou falas, favoráveis ou não a nós ou à sociedade.
Muitas vezes, o que recebemos é contrário ao que pensamos, sentimos ou defendemos. É quando nos indignamos se ação não é pessoal e nos magoamos se pessoal. Emmanuel, a partir da exortação do Cristo, citada no caput desta mensagem, ora refletida, nos convida a perdoarmos sempre. Isto, no nosso entendimento, se configura como um antídoto contra a perda da paz interior.[1]
Misericórdia é o que devemos desenvolver em nós, pois não somos perfeitos e por isso somos necessitados da misericórdia de Deus e dos nossos semelhantes.
A Doutrina Espírita não condena a repreensão, mesmo por um imperfeito. Todavia, quem se acha no dever de fazê-la, deve fazer com caridade.
O Espírito São Luís, colaborador da codificação da Doutrina Espírita, foi questionado sobre isso[2] e nos respondeu como segue:
Certamente que não é essa a conclusão a tirar-se, porquanto cada um de vós deve trabalhar pelo progresso de todos e, sobretudo, daqueles cuja tutela vos foi confiada. Por isso mesmo, deveis fazê-lo com moderação, para um fim útil, e não, como as mais das vezes, pelo prazer de denegrir. Neste último caso, a repreensão é uma maldade; no primeiro, é um dever que a caridade manda seja cumprido com todo o cuidado possível. Ademais, a censura que alguém faça a outrem deve ao mesmo tempo dirigi-la a si próprio, procurando saber se não a terá merecido.
Assim, sempre que formos confrontados com um erro, considerado por nós, que sejamos humildes em reconhecer que se hoje não fazemos o que repreendemos, podemos ter feito em vidas passadas ou mesmo nessa. Se hoje perdoamos a nós mesmos por males feitos, que não fazemos mais, por que não termos um sentimento de caridade para com os outros que se encontram em seu momento de crescimento? Todavia, sigamos São Luís: se podemos fazer considerações, que podem se configurar como repreensões, que façamos de modo impessoal, fazendo arte, ou então, de modo pessoal, mas sem o prazer de denegrir, considerando sempre que qualquer censura que venhamos a fazer a uma pessoa ou pessoas, devemos fazê-la lembrando do nosso passado.
Além do mais, pensando nos nossos defeitos atuais, lembremos que esses podem não ser praticados por quem nós venhamos a repreender, mesmo pensando no seu bem.
Então, se já nos educamos em relação a certas coisas, que possamos ser educadores de outros, pelo nosso exemplo, mas sem a prepotência de se sentir melhor que os demais.
Que Deus nos ajude.
Domício.


[1] Veja a mensagem “Sigamos a Paz” de Emmanuel, também do livro Fonte Viva e que está postada e refletida em Sigamos a Paz.
[2] O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. X, Item 19 – Ninguém sendo perfeito, seguir-se-á que ninguém tem o direito de repreender o seu próximo?

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