domingo, 29 de setembro de 2019

IR E ENSINAR


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IR E ENSINAR
Portanto, ide e ensinai.
Jesus (Mateus, 28:19 e 20).
Estudando a recomendação do Senhor aos discípulos – ide e ensinai – é justo não olvidar que Jesus veio e ensinou.
Veio da Altura Celestial e ensinou o caminho de elevação aos que jaziam atolados na sombra terrestre.
Poderia o Cristo haver mandado a lição por emissários fiéis... Poderia ter falado brilhantemente esclarecendo como fazer...
Preferiu, contudo, para ensinar com segurança e proveito, vir aos homens e viver com eles, para mostrar-lhes como viver no rumo da perfeição.
Para isso, antes de tudo, fez-se humilde e simples na Manjedoura, honrou o trabalho e o estudo no lar e, em plena atividade pública, foi o irmão providencial de todos, amparando a cada um, conforme as suas necessidades.
Com indiscutível acerto, Jesus é chamado o divino Mestre.
Não porque possuísse uma cátedra de ouro...
Não porque fosse o dono da melhor biblioteca do mundo...
Não porque simplesmente exaltasse a palavra correta e irrepreensível...
Não porque subisse ao trono da superioridade cultural, ditando obrigações para os ouvintes...
Mas sim porque alçou o próprio coração ao amor fraterno e, ensinando, converteu-se em benfeitor de quantos lhe recolhiam os sublimes ensinamentos.
Falou-nos do eterno Pai e revelou-nos, com o seu sacrifício, a justa maneira de buscá-lo.
Se te propões, desse modo, cooperar com o Evangelho, recorda que não basta falar, aconselhar e informar.
"Ide e ensinai", na palavra do Cristo, quer dizer "ide e exemplificai para que os outros aprendam como é preciso fazer".
NOSSA REFLEXÃO
Quantos de nós exemplificamos o mal e isso se torna exemplo para outros que se justificam, ao fazer um mal semelhante, por não se sentir sozinhos na sementeira do mal.
Nosso exemplo diz o que somos. E como não estamos, nunca, sozinhos, o que nos assemelham, ou se sintonizam conosco, nos acompanham naquilo que faz parte de nós e nisso se comprazem. E às vezes, de modo culposo, contribuímos para o mal das pessoas, entendendo que o que praticamos não faz mal a nós, o que é um engodo.
Um bom professor é aquele que, ao ensinar, mostra o seu ofício sintonizado com o que ensina. Se não dissesse como faz, o seu modo de fazer já seria o suficiente. Quantos professores, hoje, são reflexos de seus bons professores que não eram da disciplina Didática?
Assim era o Mestre Jesus, que, sem títulos acadêmicos, muito nos ensinou, fazendo. Primeiramente, desceu das alturas de sua Excelência espiritual para estar mais próximo de seus pupilos, todos nós. Como diz Emmanuel, em relação a Jesus, nesta mensagem que ora refletimos: “Preferiu, contudo, para ensinar com segurança e proveito, vir aos homens e viver com eles, para mostrar-lhes como viver no rumo da perfeição”.
Então, o que devemos ensinar como bons cristãos, fazendo? Devemos lembrar que Jesus subiu ao monte e nos exortou as bem-aventuranças[1]. Então, sem pregar, podemos: sofrer com resignação; praticar a humildade e a pureza do coração; ser mansos e pacíficos; praticar a misericórdia; enfim, ser caridosos[2].
Assim, devemos, se quisermos ensinar a Doutrina cristã, ser fiéis ao Mestre que a vivenciou. Quanto a isso, lembremos de outra orientação do Espírito Emmanuel, em seu livro “Caminho, Verdade e Vida”, Cap. 109 – A quem segues?:

O aprendiz menos centralizado nos ensinos do Mestre acredita que pode servir a dois senhores e, por vezes, chega a admitir que é possível atender a todos os desvairamentos dos sentidos, sem prejudicar a paz de sua alma. Justificam-se, para isso, em doutrinas novas, filhas das novidades científicas do século; valem-se de certos filósofos improvisados que conferem demasiado valor aos instintos; mas, chegados a esse ponto, preparem-se para os grandes fracassos porque a necessidade de edificação espiritual permanece viva e cada vez mais imperiosa. Poderão recorrer aos conceitos dos pretensos sábios do mundo, entretanto, Jesus não ensinou assim.

Que Deus nos ajude e Jesus Cristo tenha paciência conosco.
Domício.

[1] Vide os capítulos V, VII, VIII, XIX e X de O Evangelho Segundo o Espiritismo.
[2] Os Espíritos Superiores que ditaram a Terceira Revelação (o Espiritismos) à A. Kardec, na questão de nº 886, nos ensinaram qual o sentido da palavra Caridade, segundo o Cristo: “Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.” (O Livro dos Espíritos – FEB).

domingo, 22 de setembro de 2019

GUARDEMOS LEALDADE


115
GUARDEMOS LEALDADE
Além disso, requer-se nos despenseiros que cada um se ache fiel.
Paulo (I Coríntios, 4:2).
Vivamos cada dia fazendo o melhor ao nosso alcance.
Se administras, sê justo na distribuição do trabalho.
Se legislas, sê fiel ao bem de todos.
Se espalhas, os dons da fé, não te descuides das almas que te rodeiam.
Se ensinas, sê claro na lição.
Se te devotas à arte, não corrompas a inspiração divina.
Se curas, não menosprezes o doente.
Se constróis, atende à segurança.
Se aras o solo, faze-o com alegria.
Se cooperas na limpeza pública, abraça na higiene o teu sacerdócio.
Se edificaste um lar, sublima-o para as bênçãos de amor e luz, ainda mesmo que isso te custe aflição e sacrifício.
Não te inquietes por mudanças inesperadas, nem te impressione a vitória aparente daqueles que cuidam de múltiplos interesses, com exceção dos que lhes dizem respeito.
Recorda o olhar vigilante da divina Providência que nos observa todos os passos.
Lembra-te de que vives, onde te encontras, por iniciativa do Poder Maior que nos supervisiona os destinos e guardemos lealdade às obrigações que nos cercam. E, agindo incessantemente na extensão do bem, no campo de luta que a vida nos confia, esperemos por novas decisões da Lei a nosso respeito, porque a própria Lei nos elevará de plano e nos sublimará as atividades no momento oportuno.
NOSSA REFLEXÃO
Disse o Ministro Genésio, ao André Luiz, no livro “Nosso Lar”: “Quando o servidor está pronto, o serviço aparece”. E Emmanuel nos lembra, que quando estivermos num abençoado serviço ao bem, seja na lida profissional diária, seja numa atividade religiosa, seja no dia a dia no convívio com os familiares e amigos, que nós “[...] esperemos por novas decisões da Lei a nosso respeito, porque a própria Lei nos elevará de plano e nos sublimará as atividades no momento oportuno”.
Sejamos fiéis despenseiros das oportunidades de serviço, pois num planeta de provas e expiações, devemos estar sempre preparados para o serviço no bem. A Espiritualidade Maior nos avalia quanto ao nosso poder de ajudar alguém que lhe pediu ajuda, ou mesmo sem ter pedido, mas que se encontra necessitado.
Sejamos, sempre, qual o trabalhador da última hora, pois, no serviço do bem, as responsabilidades são cada vez mais engrandecidas a medida que mostramos evolução na maneira de se colocar à disposição para tarefas de maior envergadura.
No entanto, sejamos dóceis às minudências de um trabalho novo, pois temos, em geral, uma Coordenação acima de nós que quer aproveitar o máximo possível de nossa boa vontade e qualidade de nossos recursos colocados à disposição. A exemplo disso, podemos citar o trabalho inicial de Allan Kardec, sob a direção dos Espíritos Superiores que estavam à frente da Codificação espírita, do lado do plano espiritual. Nos “Prolegômenos” de O Livro dos Espíritos, A. Kardec recebeu a seguinte exortação dos Espíritos Superiores, como a lhe lembrar que havia uma Coordenação divina no trabalho a que ele aceitou de muito boa mente:
Ocupa-te, cheio de zelo e perseverança, do trabalho que empreendeste com o nosso concurso, pois esse trabalho é nosso. Nele pusemos as bases de um novo edifício que se eleva e que um dia há de reunir todos os homens num mesmo sentimento de amor e caridade. Mas, antes de o divulgares, revê-lo-emos juntos, a fim de lhe verificarmos todas as minúcias[1].

Que tenhamos, sempre, em mente, que todo trabalho deve contar com as bênçãos do Senhor, nosso Pai, e do nosso Irmão Jesus Cristo.
Que sejamos fiéis ao Senhor. Todo trabalho na seara cristã, não necessariamente realizado junto a um Centro Espírita ou outro templo religioso, requer boa vontade, persistência e humildade para que não estraguemos o serviço em andamento e a nossa evolução, consequentemente.
Que Deus nos ajude.
Domício.


[1] O Livro dos Espíritos, “Prolegômenos”, p. 69.

domingo, 15 de setembro de 2019

EMBAINHA TUA ESPADA


114
EMBAINHA TUA ESPADA
                   Embainha tua espada.
                       Jesus. (João, 18:11).
A guerra foi sempre o terror das nações.
Furacão de inconsciência, abre a porta a todos os monstros da iniquidade por onde se manifesta. O que a civilização ergue, ao preço dos séculos laboriosos de suor, destrói com a fúria de poucos dias.
Diante dela, surgem o morticínio e o arrasamento, que compelem o povo à crueldade e à barbaria, através das quais aparecem dias amargos de sofrimento e regeneração para as coletividades que lhe aceitaram os desvarios.
Ocorre o mesmo, dentro de nós, quando abrimos luta contra os semelhantes...
Sustentando a contenda com o próximo, destruidora tempestade de sentimentos nos desarvora o coração. Ideais superiores e aspirações sublimes longamente acariciados por nosso espírito, construções do presente para o futuro e plantações de luz e amor, no terreno de nossas almas, sofrem desabamento e desintegração, porque o desequilíbrio e a violência nos fazem tremer e cair nas vibrações do egoísmo absoluto que havíamos relegado à retaguarda da evolução.
Depois disso, muitas vezes devemos atravessar aflitivas existências de expiação para corrigir as brechas que nos aviltam o barco do destino, em breves momentos de insânia...
Em nosso aprendizado cristão, lembremo-nos da palavra do Senhor: "Embainha tua espada..."
Alimentando a guerra com os outros, perdemo-nos nas trevas exteriores, esquecendo o bom combate que nos cabe manter em nós mesmos.
Façamos a paz com os que nos cercam, lutando contra as sombras que ainda nos perturbam a existência, para que se faça em nós o reinado da luz.
De lança em riste, jamais conquistaremos o bem que desejamos.
A cruz do Mestre tem a forma de uma espada com a lâmina voltada para baixo.
Recordemos, assim, que, em se sacrificando sobre uma espada simbólica, devidamente ensarilhada, é que Jesus conferiu ao homem a bênção da paz, com felicidade e renovação.
NOSSA REFLEXÃO
Nesse mundo de incompreensões e injustiças, somos, muitas vezes, levados a nos defender de uma injúria, de uma ingratidão, ou seja, de uma injustiça. Todavia, nessas horas, deixamos de ser cristãos, dado que aceitamos a provocação a um duelo em que pode vencer aquele que está mais munido de mágoas. Assim, em vez de nos defender, atacamos e acusamos o outro com palavras[1].
Nessa hora, a misericórdia e a indulgência, elementos que, juntos com a benevolência, compõe as atitudes de um caridoso, são esquecidas[2]. Só depois é que caímos em si, e percebemos o quanto fomos descaridosos. Mas o mal já foi feito...
Como disse, Chico Xavier: “Fico triste quando alguém me ofende, mas, com certeza, eu ficaria mais triste se fosse eu o ofensor... Magoar alguém é terrível!”[3].
Então, devemos considerar que, conforme Emmanuel:
Enquanto nos demoramos na fortaleza defensiva, o adversário cogita de enriquecer as munições, mas se descemos à praça, desassombrados e serenos, mostrando novas disposições na luta, a ideia de acordo substitui, dentro de nós e em nossos passos, a escura fermentação da guerra. Alguém te magoa? Reinicia o esforço da boa compreensão. Alguém te não entende? Persevera em demonstrar os intentos mais nobres[4].

É verdade que Jesus nos disse, em outro momento que veio trazer a espada (Mateus,10:34), mas como Emmanuel nos esclarece:
Sim, na verdade o Cristo trouxe ao mundo a espada renovadora da guerra contra o mal, constituindo em si mesmo a divina fonte de repouso aos corações que se unem ao seu amor; esses, nas mais perigosas situações da Terra, encontram, nEle, a serenidade inalterável. É que Jesus começou o combate de salvação para a Humanidade, representando, ao mesmo tempo, o sustentáculo da paz sublime para todos os homens bons e sinceros[5].

Que nós tenhamos a compreensão de que vivemos em um mundo para nos harmonizar com os nossos afetos e desafetos.
Então, desembainhemos nossa espada...
Que Deus nos ajude.
Domício.


[1] Sobre o duelo, que nos dias de hoje, é realizado fazendo uso de palavras, diretamente ou via Internet, Allan Kardec, nos fala em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XII, Item 12: “Em certos casos, sem dúvida, pode o duelo constituir uma prova de coragem física, de desprezo pela vida, mas também é, incontestavelmente, uma prova de covardia moral, como o suicídio. O suicida não tem coragem de enfrentar as vicissitudes da vida; o duelista não tem a de suportar as ofensas. Não vos disse o Cristo que há mais honra e valor em apresentar a face esquerda àquele que bateu na direita, do que em vingar uma injúria? Não disse Ele a Pedro, no Jardim das Oliveiras: ‘Mete a tua espada na bainha, porquanto aquele que matar com a espada perecerá pela espada?’”
[2] O Livro dos Espíritos, questão nº 886. Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus? “Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.” Vide comentário de Alan Kardec a essa resposta dos Espíritos Superiores.
[4] Vide mensagem de Emmanuel, na íntegra e refletida por nós, em Renasce agora.
[5] Vide mensagem de Emmanuel, na íntegra e refletida por nós, em Espada Simbólica.

domingo, 8 de setembro de 2019

BUSQUEMOS O MELHOR


113
BUSQUEMOS O MELHOR
Por que reparas o argueiro no olho do teu irmão?
Jesus (Mateus, 7:3).
A pergunta do Mestre, ainda agora, é clara e oportuna.
Muitas vezes, o homem que traz o argueiro num dos olhos traz igualmente consigo os pés sangrando. Depois de laboriosa jornada na virtude, ele revela as mãos calejadas no trabalho e tem o coração ferido por mil golpes da Ignorância e da inexperiência.
É imprescindível habituar a visão na procura do melhor, a fim de que não sejamos ludibriados pela malícia que nos é própria.
Comumente, pelo vezo de buscar bagatelas, perdemos o ensejo das grandes realizações.
Colaboradores valiosos e respeitáveis são relegados à margem por nossa irreflexão, em muitas circunstâncias simplesmente porque são portadores de leves defeitos ou de sombras insignificantes do pretérito, que o movimento em serviço poderia sanar ou dissipar.
Nódulos na madeira não impedem a obra do artífice e certos trechos empedrados do campo não conseguem frustrar o esforço do lavrador na produção da semente nobre.
Aproveitemos o irmão de boa-vontade, na plantação do bem, olvidando as insignificâncias que lhe cercam a vida.
Que seria de nós se Jesus não nos desculpasse os erros e as defecções de cada dia?
E, se esperamos alcançar a nossa melhoria, contando com a benemerência do Senhor, por que negar ao próximo a confiança no futuro?
Consagremo-nos à tarefa que o Senhor nos reservou na edificação do bem e da luz e estejamos convictos de que, assim agindo, o argueiro que incomoda o olho do vizinho, tanto quanto a trave que nos obscurece o olhar, se desfarão espontaneamente restituindo-nos a felicidade e o equilíbrio por meio da incessante renovação.
NOSSA REFLEXÃO
O Cristo não esperou que a humanidade tivesse uma certa evolução moral para iniciar seu trabalho, contando conosco, senão iria demorar muito a começar. Seu trabalho foi dar uma empurrada considerável em nossa evolução. Então, não orientou que “anjos” descessem para lhe ajudar na grande obra de ascensão espiritual da nossa humanidade terráquea. Contou com Espíritos em evolução, como os 12 Discípulos e depois com aqueles que se alistaram na fileira do bem.
Portanto, somos todos devedores da confiança que o Mestre nos devotou e devota. Pois somos aprendizes em serviço, como os primeiros cristãos, notadamente os seus Discípulos, os 12 que conviveram, mais intimamente, com ele.
Então, antes de vermos o defeito do outro, no dia a dia de relações sociais, religiosas e, particularmente, familiares, que tenhamos a caridade de sermos indulgentes com suas falhas e de realçarmos suas qualidades, pois precisamos também da mesma postura dele. Como diz Emmanuel, nesta mensagem, ora refletida, “aproveitemos o irmão de boa-vontade, na plantação do bem, olvidando as insignificâncias que lhe cercam a vida. Que seria de nós se Jesus não nos desculpasse os erros e as defecções de cada dia?”
Allan Kardec, por sua vez, nos exorta à seguinte reflexão: Que pensaria eu se visse alguém fazer o que faço? Incontestavelmente, é o orgulho que induz o homem a dissimular, para si mesmo, os seus defeitos, tanto morais quanto físicos[1]. Quando somos muito severos com os outros em algum defeito, na verdade estamos nos desculpando do mesmo defeito que não admitimos tê-lo ou que tenhamos tido, nesta ou em outras encarnações.
Que tenhamos essa consciência, de relevar o defeito do outro e intervir, com caridade, se esse defeito for um empecilho para a harmonia e produção geral.
Que Deus nos ajude.
Domício.

[1] Vide a íntegra da dissertação de A. Kardec sobre o tema em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. X, Item 10.

domingo, 1 de setembro de 2019

QUE FAREI?


112
QUE FAREI?
Que farei?
Paulo (ATOS, 22:10).
Milhares de companheiros aproximam-se do Evangelho para o culto inveterado ao comodismo.
Como dominarei? – interrogam alguns.
Como descansarei? – indagam outros.
E os rogos se multiplicam, estranhos, reprováveis, incompreensíveis...
Há quem peça reconforto barato na carne, quem reclame afeições indébitas, quem suspire por negócios inconfessáveis e quem exija recursos para dificultar o serviço da paz e do bem.
A pergunta do apóstolo Paulo, no justo momento em que se vê agraciado pela Presença Divina, é padrão para todos os aprendizes e seguidores da Boa Nova.
O grande trabalhador da Revelação não pede transferência da Terra para o Céu e nem descamba para sugestões de favoritismo ao seu círculo pessoal. Não roga isenção de responsabilidade, nem foge ao dever da luta.
– Que farei? – disse a Jesus, compreendendo o impositivo do esforço que lhe cabia.
E o Mestre determina que o companheiro se levante para a sementeira de luz e de amor, através do próprio sacrifício.
Se foste chamado à fé, não recorras ao divino Orientador suplicando privilégios e benefícios que justifiquem tua permanência na estagnação espiritual.
Procuremos com o Senhor o serviço que a sua infinita Bondade nos reserva e caminharemos, vitoriosos, para a sublime renovação.
NOSSA REFLEXÃO
Saulo de Tarso, cioso que era do cumprimento de seus deveres para com a Lei mosaica, detentor das Escrituras, em síntese, um Doutor da Lei, não resistiu à Luz de Jesus. E justamente quem seria o primeiro a procurar em Damasco para eliminar, por ser um divulgador das ideias cristãs, foi quem o recebeu para lhe retornar a vista sã e dar-lhe os primeiros passos de seu apostolado[1]. Nesse encontro, Ananias, assim lhe orientou: “O Deus dos nossos pais escolheu você para saber a vontade dele, para ver e ouvir o Messias falar. Você levará a mensagem dele a toda parte, contando o que tem visto e ouvido” (Atos, 22:14-15)[2]. Paulo, assim o fez.
Desse modo, Saulo, que se tornou Paulo pelo batismo, veio a ser o maior divulgador da doutrina do Cristo. Não só ao povo judeu, mas também aos gentios[3].
Emmanuel, nesta mensagem, no esclarece que um discípulo do Cristo não deve esperar privilégios ou vantagens por se candidatar às hostes cristãs. Como o Cristo, todos os primeiros cristãos foram perseguidos. Atualmente, ainda há perseguições pelo mundo a quem aderem a fé cristã.
Allan Kardec foi perseguido pela Igreja por difundir uma ideia ampliada do amor de Deus. Uma contradição, mas ocorreu isso por ele ter sido o codificador da 3ª Revelação prometida por Cristo[4]. Também, no Brasil, os primeiros espíritas, foram proibidos, por Lei, de se reunirem.
Então, que saibamos fazer nossa parte sem esperar benefícios imediatos, pois nossa entrega a uma obra messiânica, como a do Cristo, não deve ser negociada. Como o Cristo disse na oração dominical: “Faça-se a tua vontade, assim na Terra como no Céu”.[5]
Que Deus nos ajude.
Domício.


[1] O Espírito Emmanuel conta esse episódio na obra “Paulo e Estêvão”, psicografada por Chico Xavier e publicada pela Federação Espírita Brasileira (FEB).
[2] DUTRA, Haroldo Dutra (trad.). O novo Testamento. 1. ed. 2. imp. Brasília:  FEB, 2013.
[3] “Na época de Jesus e em consequência das ideias acanhadas e materiais então em curso, tudo se circunscrevia e localizava. A casa de Israel era um pequeno povo; os gentios eram outros pequenos povos circunvizinhos” (A. Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo,.Cap. XXIV, item 9. Por isso, Paulo foi chamado o Apóstolo dos gentios.
[4] Vide O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. VI – O Consolador prometido.
[5] Vide desdobramento desse verso da oração em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXVIII – item 3:III (Oração dominical).