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IR E ENSINAR
Portanto,
ide e ensinai.
Jesus (Mateus, 28:19 e
20).
Estudando a recomendação do Senhor aos discípulos – ide e
ensinai – é justo não olvidar que Jesus veio e ensinou.
Veio da Altura Celestial e ensinou o caminho de elevação
aos que jaziam atolados na sombra terrestre.
Poderia o Cristo haver mandado a lição por emissários
fiéis... Poderia ter falado brilhantemente esclarecendo como fazer...
Preferiu, contudo, para ensinar com segurança e proveito,
vir aos homens e viver com eles, para mostrar-lhes como viver no rumo da perfeição.
Para isso, antes de tudo, fez-se humilde e simples na
Manjedoura, honrou o trabalho e o estudo no lar e, em plena atividade pública,
foi o irmão providencial de todos, amparando a cada um, conforme as suas
necessidades.
Com indiscutível acerto, Jesus é chamado o divino Mestre.
Não porque possuísse uma cátedra de ouro...
Não porque fosse o dono da melhor biblioteca do mundo...
Não porque simplesmente exaltasse a palavra correta e irrepreensível...
Não porque subisse ao trono da superioridade cultural,
ditando obrigações para os ouvintes...
Mas sim porque alçou o próprio coração ao amor fraterno e, ensinando,
converteu-se em benfeitor de quantos lhe recolhiam os sublimes ensinamentos.
Falou-nos do eterno Pai e revelou-nos, com o seu
sacrifício, a justa maneira de buscá-lo.
Se te propões, desse modo, cooperar com o Evangelho,
recorda que não basta falar, aconselhar e informar.
"Ide
e ensinai", na palavra do Cristo, quer dizer "ide e exemplificai para
que os outros aprendam como é preciso fazer".
NOSSA REFLEXÃO
Quantos de nós exemplificamos o mal e isso se torna exemplo
para outros que se justificam, ao fazer um mal semelhante, por não se sentir
sozinhos na sementeira do mal.
Nosso exemplo diz o que somos. E como não estamos, nunca,
sozinhos, o que nos assemelham, ou se sintonizam conosco, nos acompanham
naquilo que faz parte de nós e nisso se comprazem. E às vezes, de modo culposo,
contribuímos para o mal das pessoas, entendendo que o que praticamos não faz
mal a nós, o que é um engodo.
Um bom professor é aquele que, ao ensinar, mostra o seu
ofício sintonizado com o que ensina. Se não dissesse como faz, o seu modo de
fazer já seria o suficiente. Quantos professores, hoje, são reflexos de seus bons
professores que não eram da disciplina Didática?
Assim era o Mestre Jesus, que, sem títulos acadêmicos,
muito nos ensinou, fazendo. Primeiramente, desceu das alturas de sua Excelência
espiritual para estar mais próximo de seus pupilos, todos nós. Como diz
Emmanuel, em relação a Jesus, nesta mensagem que ora refletimos: “Preferiu,
contudo, para ensinar com segurança e proveito, vir aos homens e viver com
eles, para mostrar-lhes como viver no rumo da perfeição”.
Então, o que devemos ensinar como bons cristãos, fazendo? Devemos
lembrar que Jesus subiu ao monte e nos exortou as bem-aventuranças[1]. Então, sem pregar,
podemos: sofrer com resignação; praticar a humildade e a pureza do coração; ser
mansos e pacíficos; praticar a misericórdia; enfim, ser caridosos[2].
Assim, devemos, se quisermos ensinar a Doutrina cristã, ser
fiéis ao Mestre que a vivenciou. Quanto a isso, lembremos de outra orientação
do Espírito Emmanuel, em seu livro “Caminho, Verdade e Vida”, Cap. 109 – A quem segues?:
O aprendiz menos centralizado nos ensinos do
Mestre acredita que pode servir a dois senhores e, por vezes, chega a admitir
que é possível atender a todos os desvairamentos dos sentidos, sem prejudicar a
paz de sua alma. Justificam-se, para isso, em doutrinas novas, filhas das
novidades científicas do século; valem-se de certos filósofos improvisados que
conferem demasiado valor aos instintos; mas, chegados a esse ponto, preparem-se
para os grandes fracassos porque a necessidade de edificação espiritual
permanece viva e cada vez mais imperiosa. Poderão recorrer aos conceitos dos
pretensos sábios do mundo, entretanto, Jesus não ensinou assim.
Que Deus nos ajude e Jesus Cristo tenha paciência conosco.
Domício.
[1] Vide os capítulos V, VII, VIII, XIX e X
de O Evangelho Segundo o Espiritismo.
[2] Os Espíritos Superiores que ditaram a
Terceira Revelação (o Espiritismos) à A. Kardec, na questão de nº 886, nos
ensinaram qual o sentido da palavra Caridade, segundo o Cristo: “Benevolência
para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das
ofensas.” (O Livro dos Espíritos – FEB).