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DENTRO DA LUTA
Não
peço para que os tires do mundo, mas que os livres do mal.
Jesus (JOÃO, 17:15).
Não
peças o afastamento de tua dor.
Roga
forças para suportá-la, com serenidade e heroísmo, a fim de que lhe não percas
as vantagens do contato.
Não
solicites o desaparecimento das pedras de teu caminho.
Insiste
na recepção de pensamentos que te ajudem a aproveitá-las.
Não
exijas a expulsão do adversário.
Pede
recursos para a elevação de ti mesmo, a fim de que lhe transformes os sentimentos.
Não
supliques a extinção das dificuldades.
Procura
meios de superá-las, assimilando-lhes lições.
Nada
existe sem razão de ser.
A sabedoria
do Senhor não deixa margem à inutilidade.
O
sofrimento tem a sua função preciosa nos planos da alma, tanto quanto a
tempestade tem o seu lugar importante na economia da natureza física.
A
árvore, desde o nascimento, cresce e produz, vencendo resistências.
O
corpo da criatura se desenvolve entre perigos de variada espécie.
Aceitemos
o nosso dia de serviço, onde e como determine a Vontade Sábia do Senhor.
Apresentando
os discípulos ao Pai Celestial, disse o Mestre: "Não peço que os tires do
mundo, mas que os livres do mal."
A
Terra tem a sua missão e a sua grandeza; libertemo-nos do mal que opera em nós próprios
e receber-lhe-emos o amparo sublime, convertendo-nos junto dela em agentes
vivos do abençoado reino de Deus.
NOSSA REFLEXÃO
Essa parte
da oração de Jesus, em (JOÃO 17:15), já no final de sua missão, próximo ao seu
martírio, pode ser interpretado como sendo um apelo a Deus, para que nos livre
dos males oriundos de um mundo em que estamos encarnados, convivendo com os
mais diversos Espíritos, cuja moral está em desenvolvimento, e passando pelos
os mais diversos sofrimentos morais ou físicos decorrentes dessa convivência,
sem falar das doenças que nos acometem.
Não, estamos
num mundo de expiações e de provas[i]. Logo, somos merecedores
dessas. É bem verdade que o mal (escândalos) é necessário, mas, conforme o
Mestre, ai de quem por quem venham os escândalos[ii].
A luta diante do opressor, seja configurada em uma dor decorrente de uma convivência familiar/social ou de uma doença difícil de curar ou relação de autoridade, deve ser cristã. Devemos lutar por uma vida digna, que pressupõe: saúde o mais estável, respeito entre os semelhantes, inclusive na família; Educação para todos; relações trabalhistas o mais respeitáveis possíveis, sem fugirmos dos debates que representam os avanços já conquistados pela sociedade humana, tais quais: direito à greve (baseado em Leis humanas consolidadas); manifestações democráticas sem violências, mesmo que sejamos violentados; respeito aos direitos humanos; e liberdade de expressão.
Contudo, cumpramos os nossos deveres cidadãos, de modo cristão, também, tanto como superior, quanto inferior[iii]. Isto é, nesse contexto, não devemos perder de vista que não devemos avançar no campo de nossas inferioridades (o mal que Jesus cita no versículo apresentado por Emmanuel no caput dessa mensagem, que ora refletimos e na Oração dominical)[iv], para não perdermos a oportunidade de crescimento espiritual.
Que aproveitemos a oportunidades da luta pra crescermos enquanto Espíritos. Fazendo assim, estaremos lutando por um mundo mais cristianizado. Sejamos cristãos, acima de tudo. Convivamos com o mal, respeitando o que o Mestre Jesus pediu a Deus, na Oração Dominical e o que Emmanuel nos afirma, categoricamente, nesta mensagem: “Nada existe sem razão de ser. A sabedoria do Senhor não deixa margem à inutilidade”.
Que Deus
nos ajude.
Domício.
[i] Vide O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. III, itens 13 a 15.
[ii] Vide O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. VIII, itens 11 a 17.
[iii] Tenhamos como referência o que nos traz
O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVII, item 9.
[iv] Na Oração dominical (Mateus, 6:9 a 13),
Jesus finaliza com um pedido similar, pedindo que “Não nos deixes entregues à
tentação, mas livra-nos do mal”. Vide desdobramento dessa oração, com base no
Espiritismo em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXVIII, itens 2 e 3.