domingo, 30 de agosto de 2020

DENTRO DA LUTA

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DENTRO DA LUTA

Não peço para que os tires do mundo, mas que os livres do mal.

Jesus (JOÃO, 17:15).

Não peças o afastamento de tua dor.

Roga forças para suportá-la, com serenidade e heroísmo, a fim de que lhe não percas as vantagens do contato.

Não solicites o desaparecimento das pedras de teu caminho.

Insiste na recepção de pensamentos que te ajudem a aproveitá-las.

Não exijas a expulsão do adversário.

Pede recursos para a elevação de ti mesmo, a fim de que lhe transformes os sentimentos.

Não supliques a extinção das dificuldades.

Procura meios de superá-las, assimilando-lhes lições.

Nada existe sem razão de ser.

A sabedoria do Senhor não deixa margem à inutilidade.

O sofrimento tem a sua função preciosa nos planos da alma, tanto quanto a tempestade tem o seu lugar importante na economia da natureza física.

A árvore, desde o nascimento, cresce e produz, vencendo resistências.

O corpo da criatura se desenvolve entre perigos de variada espécie.

Aceitemos o nosso dia de serviço, onde e como determine a Vontade Sábia do Senhor.

Apresentando os discípulos ao Pai Celestial, disse o Mestre: "Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal."

A Terra tem a sua missão e a sua grandeza; libertemo-nos do mal que opera em nós próprios e receber-lhe-emos o amparo sublime, convertendo-nos junto dela em agentes vivos do abençoado reino de Deus.

NOSSA REFLEXÃO

Essa parte da oração de Jesus, em (JOÃO 17:15), já no final de sua missão, próximo ao seu martírio, pode ser interpretado como sendo um apelo a Deus, para que nos livre dos males oriundos de um mundo em que estamos encarnados, convivendo com os mais diversos Espíritos, cuja moral está em desenvolvimento, e passando pelos os mais diversos sofrimentos morais ou físicos decorrentes dessa convivência, sem falar das doenças que nos acometem.

Não, estamos num mundo de expiações e de provas[i]. Logo, somos merecedores dessas. É bem verdade que o mal (escândalos) é necessário, mas, conforme o Mestre, ai de quem por quem venham os escândalos[ii].

A luta diante do opressor, seja configurada em uma dor decorrente de uma convivência familiar/social ou de uma doença difícil de curar ou relação de autoridade, deve ser cristã. Devemos lutar por uma vida digna, que pressupõe: saúde o mais estável, respeito entre os semelhantes, inclusive na família; Educação para todos; relações trabalhistas o mais respeitáveis possíveis, sem fugirmos dos debates que representam os avanços já conquistados pela sociedade humana, tais quais: direito à greve (baseado em Leis humanas consolidadas); manifestações democráticas sem violências, mesmo que sejamos violentados; respeito aos direitos humanos; e liberdade de expressão.

Contudo, cumpramos os nossos deveres cidadãos, de modo cristão, também, tanto como superior, quanto inferior[iii]Isto é, nesse contexto, não devemos perder de vista que não devemos avançar no campo de nossas inferioridades (o mal que Jesus cita no versículo apresentado por Emmanuel no caput dessa mensagem, que ora refletimos e na Oração dominical)[iv], para não perdermos a oportunidade de crescimento espiritual.

Que aproveitemos a oportunidades da luta pra crescermos enquanto Espíritos. Fazendo assim, estaremos lutando por um mundo mais cristianizado. Sejamos cristãos, acima de tudo. Convivamos com o mal, respeitando o que o Mestre Jesus pediu a Deus, na Oração Dominical e o que Emmanuel nos afirma, categoricamente, nesta mensagem: “Nada existe sem razão de ser. A sabedoria do Senhor não deixa margem à inutilidade”.

Que Deus nos ajude.

Domício.


[i] Vide O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. III, itens 13 a 15.

[ii] Vide O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. VIII, itens 11 a 17.

[iii] Tenhamos como referência o que nos traz O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVII, item 9.

[iv] Na Oração dominical (Mateus, 6:9 a 13), Jesus finaliza com um pedido similar, pedindo que “Não nos deixes entregues à tentação, mas livra-nos do mal”. Vide desdobramento dessa oração, com base no Espiritismo em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXVIII, itens 2 e 3.

domingo, 23 de agosto de 2020

NO ESFORÇO COMUM

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NO ESFORÇO COMUM

Não sabeis que um pouco de fermento leveda a massa toda?

Paulo (GÁLATAS, 5 :9).

Não nos esqueçamos de que nossos pensamentos, palavras, atitudes e ações constituem moldes mentais para os que nos acompanham.

Cada dia, por nossa vez, sofremos a influência alheia na construção do próprio destino.

E, como recebemos conforme atraímos, e colhemos segundo plantamos, é imprescindível saibamos fornecer o melhor de nós, a fim de que os outros nos proporcionem o melhor de si mesmos.

Todos os teus pensamentos atuam nas mentes que te rodeiam. Todas as tuas palavras gerarão impulsos nos que te ouvem.

Todas as tuas frases escritas gerarão imagens nos que te leem. Todos os teus atos são modelos vivos, influenciando os que te cercam.

Por mais que te procures isolar, serás sempre uma peça viva na máquina da existência.

As rodas que pousam no chão garantem o conforto e a segurança do carro.

Somos uma equipe de trabalhadores, agindo em perfeita interdependência.

Da qualidade do nosso esforço nasce o êxito ou surge o fracasso do conjunto.

Nossa vida, em qualquer setor de luta, é uma grande oficina de moldagem.

Escravizar-nos-emos ao cativeiro da sombra ou libertar-nos-emos para a glória da luz, de conformidade com os moldes vivos que as nossas diretrizes e ações estabelecem.

Lembremo-nos da retidão e da nobreza nos mais obscuros gestos.

Recordemos a lição do Evangelho.

"Um pouco de fermento leveda a massa toda."

Façamos do próprio caminho abençoado manancial de trabalho e fraternidade, auxílio e esperança, a fim de que o nosso Hoje laborioso se converta para nós em divino Amanhã.

NOSSA REFLEXÃO

A questão da influência é muito importante para nós em relação a nossa participação no conjunto da sociedade, encarnada ou desencarnada. Seja no plano espiritual, seja no plano físico, influenciamo-nos uns aos outros pelos nossos pensamentos exteriorizados por palavras ou não. Conforme os Espíritos Superiores da Codificação espírita, os desencarnados nos influenciam muito mais que nós pensamos.[i] Isto nos faz lembrar de como Eles nos influenciam. Emmanuel nos esclarece sobre isso, particularmente em relação aos Espíritos Superiores quanto ao nosso trabalho evolutivo, seja intelectual ou moral.[ii]

Cabe a nós sabermos nos conduzir, pois assim como nós seguimos os exemplos de alguns que admiramos, outros fazem o mesmo em relação nós.

Na senda comum, cada pessoa segue, ou deixa de seguir uma outra, tanto pelo o que ela faz, como pelo que escreve, particularmente nos dias de hoje em que, nas redes sociais escrevemos muito, enviamos imagens, vídeos, poesias, nossas ou de outrem, matérias jornalísticas, conforme o que pensamos que seja certo no momento. Nesse contexto, ou no modo não virtual, podemos muito contribuir com o progresso da coletividade. Mas devemos ter em mente que, conforme Emmanuel, nessa mensagem:

Todos os teus pensamentos atuam nas mentes que te rodeiam. Todas as tuas palavras gerarão impulsos nos que te ouvem.

Todas as tuas frases escritas gerarão imagens nos que te leem. Todos os teus atos são modelos vivos, influenciando os que te cercam.

Que ajamos com essa consciência no dia a dia de nossas vidas, seja presencial ou virtualmente.

Que Deus nos ajude.

Domício.


[i] Questão 459. Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos? “Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto que, de ordinário, são eles que vos dirigem.” (O Livro dos Espíritos – Parte Segunda, Cap. IX (Da intervenção dos Espíritos no mundo corporal).

[ii] Vide mensagem intitulada Coisas terrestres e celestiais, com a nossa reflexão.

domingo, 16 de agosto de 2020

NA LUTA VULGAR

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NA LUTA VULGAR

Pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará.

Paulo (GÁLATAS, 6:7).

Não é preciso morrer na carne para conhecer a lei das compensações.

Reparemos a luta vulgar.

O homem que vive na indiferença pelas dores do próximo, recebe dos semelhantes a indiferença pelas dores que lhe são próprias.

Afastemo-nos do convívio social e a solidão deprimente será para nós a resposta do mundo.

Se usamos severidade para com os outros, seremos julgados pelos outros com rigor e aspereza.

Se praticamos em sociedade ou em família a hostilidade e a aversão, entre parentes e vizinhos encontraremos a antipatia e a desconfiança.

Se insultamos nossa tarefa com a preguiça, nossa tarefa relegar-nos-á à inaptidão.

Um gesto de carinho para com o desconhecido na via pública granjear-nos-á o concurso fraterno dos grupos anônimos que nos cercam.

Pequeninas sementeiras de bondade geram abençoadas fontes de alegria.

O trabalho bem vivido produz o tesouro da competência.

Atitudes de compreensão e gentileza estabelecem solidariedade e respeito, junto de nós.

Otimismo e esperança, nobreza de caráter e puras intenções atraem preciosas oportunidades de serviço, em nosso favor.

Todo dia é tempo de semear.

Todo dia é tempo de colher.

Não é preciso atravessar a sombra do túmulo para encontrar a justiça, face a face. Nos princípios de causa e efeito, achamo-nos incessantemente sob a orientação dela, em todos os instantes de nossa vida.

NOSSA REFLEXÃO

Emmanuel nos traz nessa mensagem uma reflexão sobre a Lei de Causa e Efeito que encontramos discutida em O Livro dos Espíritos nas questões de nº 399, 807 e 847, que levam, também, a pensarmos sobre o livre arbítrio que Deus nos concede e do qual temos feito, milenarmente, mau uso. Daí, as consequências imperiosas a que temos nos submetidos.[i]

Então, tudo que fazemos tem uma consequência relativa, não só para os outros, mas, sobretudo, para nós, pois que devemos nos responsabilizar por nossos atos.[ii]

Enquanto detentores de algum poder, seja intelectual, religioso, administrativo ou político, devemos ter muito cuidado com o que fazemos com esse poder. Em primeiro lugar, todo poder subtende uma clientela que precisa que esse poder seja humanitário ou cristão. No mundo, precisamos ter consciência de bem fazer com o status social que adquirimos, pois essa posição pode se inverter de uma encarnação à outra. Daí, num contexto em que a desigualdade social impera no nosso planeta, o superior que maltrata o inferior ou o despreza com ações cujas consequências é o agravamento da pobreza, tanto material como intelectual, que mantém o inferior em sua condição, deverá sofrer com as consequências de seus atos.[iii]

Que tenhamos em mente que tudo que fizermos aos outros, bem ou mal, receberemos na mesma moeda posteriormente. A Justiça de Deus sempre estará ao nosso favor, seja para nos felicitar ou para nos corrigir. Que optemos por sempre fazermos o bem.

Que Deus nos ajude.

Domício.

Ps.: Ofereço aos reflexivos leitores um fragmento poético de L. Angel sobre essa temática.

 Sou fruto do meu passado.

Germino, hoje, o meu futuro.

Ontem fui caçador e hoje sou caçado.

Hoje espero amabilidades, mas ontem fui muito duro...

L. Angel                        08/07/2016      16/08/2020


[i] A Lei de Causa e Efeito também é discutida nos capítulos V (Itens 3 e 7), VIII (Item 16) e XVII (Item 9) de O Evangelho Segundo o Espiritismo.

[ii] Paulo (Gálatas, 6: 7-8). O que Paulo orienta nessa carta aos Gálatas é traduzida no pensamento: “A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória”.

[iii] O Livro dos Espíritos, Questão nº 807. Que se deve pensar dos que abusam da superioridade de suas posições sociais, para, em proveito próprio, oprimir os fracos? “Merecem anátema! Ai deles! Serão, a seu turno, oprimidos: renascerão numa existência em que terão de sofrer tudo o que tiverem feito sofrer aos outros.” Vide também sobre a relação cristã que se deve ser estabelecida entre o superior e inferior em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVII, Item 9.

domingo, 9 de agosto de 2020

NA PRESENÇA DO AMOR

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NA PRESENÇA DO AMOR

Aquele que ama a seu irmão está na luz e nele não há escândalo.

João. (I João, 2:10).

Quem ama o próximo sabe, acima de tudo, compreender. E quem compreende sabe livrar os olhos e ouvidos do venenoso visco do escândalo, a fim de ajudar, ao invés de acusar ou desservir.

É necessário trazer o coração sob a luz da verdadeira fraternidade, para reconhecer que somos irmãos uns dos outros, filhos de um só Pai.

Enquanto nos demoramos na escura fase do apego exclusivo a nós mesmos, encarceramo-nos no egoísmo e exigimos que os outros nos amem. Nesse passo infeliz, não sabemos querer senão a nós próprios, tomando os semelhantes por instrumentos de nossa satisfação.

Mas se realmente amamos os companheiros de caminho, a paisagem de vida se modifica, de vez que a claridade do amor nos banhará a visão.

Ama, pois, e assim como a lama jamais ofende a luz, a ofensa não mais te alcançará.

Saberás que a miséria é fruto da ignorância e auxiliarás a vítima do mal, nela encontrando o próprio irmão necessitado de apoio e entendimento.

Aprenderás a ouvir sem,  revolta, ainda mesmo que o crime te procure os ouvidos, e cultivarás a ajuda ao adversário, ainda mesmo quando te vejas dilacerado, porque o perdão com esquecimento absoluto dos golpes recebidos surgirá espontâneo em teu espírito, assim como a tolerância aparece natural na fonte que acolhe no próprio seio as pedras que lhe atiram.

Ama e compreenderás.

Compreende e servirás sempre mais cada dia, porque então permanecerás sob a glória da luz, inacessível a qualquer incursão das trevas.

NOSSA REFLEXÃO

Estar na presença do Amor e senti-lo é o que faz a diferença na nossa vida em curso. Emmanuel, nesta mensagem, ora refletida, nos convida a sermos perfeitos, dentro de nossas possibilidades. Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, temos um capítulo, o de ordem XVII, que trata dessa necessidade que todos devemos priorizar. O frontispício do capítulo é a passagem evangélica grafada em Mateus (5: 44, 46 a 48). Racionalmente, é impossível sermos perfeitos absolutamente, pois assim, somente Deus o é. Entretanto, há algumas características, citadas nesse capítulo que, reunidas, dão o perfil de um homem de bem ou de um bom espírita. Este capítulo, ora citado, é um compêndio de como devemos nos comportar em sociedade. A compreensão das assertivas de Allan Kardec e das instruções do Espíritos Superiores nos garantirá momentos de paz e amor indescritível, cremos.

Emmanuel, nos lembra, nesta mensagem que, estando na presença do amor:

Aprenderás a ouvir sem revolta, ainda mesmo que o crime te procure os ouvidos, e cultivarás a ajuda ao adversário, ainda mesmo quando te vejas dilacerado, porque o perdão com esquecimento absoluto dos golpes recebidos surgirá espontâneo em teu espírito, assim como a tolerância aparece natural na fonte que acolhe no próprio seio as pedras que lhe atiram.

Eis o nosso grande desafio e, também, o antídoto ao sofrimento egoístico de querermos sempre ser bem tratados, reverenciados por bons feitos que não foram senão nosso dever em realização, ser alvos de agradecimentos e nunca de ingratidões. É um chamado à reforma íntima, disciplinada e focada na perfeição futura. Entretanto, como isto não é fácil e por isso estamos na estrada há séculos sendo chamados para festa de núpcias que pede uma credencial especial, a túnica nupcial[i], é que Allan Kardec nos alivia a preocupação em sermos perfeitos da noite para o dia, quando nos fala: “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más” (grifos nossos)[ii].

Que procuremos a luz do Amor nos momentos mais difíceis de nossas vidas, pois nem sempre a procuramos, caindo na tentação do revide, da satisfação do prazer temporário e do orgulho de ter pessoas sempre gratas ao que fizemos por elas, algum dia.

Que Deus nos ajude.

Domício

Ps.: Ofereço uma poesia de L. Angel sobre a reforma íntima.

 A DIFICULDADE DE MUDAR (L. Angel     27/09/2018)
Por que é difícil mudar,
Se isso é o que queremos?
É que o nosso homem velho está a nos cobrar
Fidelidade aos comportamentos que outrora tivemos.


Assim, o bem que eu quero fazer,
Esse, eu não faço.
Mas o mal que não quero cometer,
Eu o realizo, não o rechaço*.


O esforço da reforma íntima
É o que nos torna verdadeiros cristãos,
Neste planeta de prova e expiação.


Mas desejar ser uma alma boníssima
É um passo para a perfeição espiritual,
Nossa meta, nosso ideal.
·        * 
Paulo (Romanos 7:19)


[i] “Então, disse a seus servos: ‘O festim das bodas está inteiramente preparado; mas os que para ele foram chamados não eram dignos dele. Ide, pois, às encruzilhadas e chamai para as bodas todos quantos encontrardes.’ — Os servos então saíram pelas ruas e trouxeram todos os que iam encontrando, bons e maus; a sala das bodas se encheu de pessoas que se puseram à mesa. Capítulo XVIII 244 Entrou, em seguida, o rei para ver os que estavam à mesa, e, dando com um homem que não vestia a túnica nupcial disse-lhe: ‘Meu amigo, como entraste aqui sem a túnica nupcial?’ O homem guardou silêncio. Então, disse o rei à sua gente: ‘Atai-lhe as mãos e os pés e lançai-o nas trevas exteriores: aí é que haverá prantos e ranger de dentes, porquanto, muitos há chamados, mas poucos escolhidos.’” (Mateus, 22:1 a 14, grifos nossos).

domingo, 2 de agosto de 2020

NA AUSÊNCIA DO AMOR

158

NA AUSÊNCIA DO AMOR

Mas aquele que aborrece a seu irmão está em trevas e anda em trevas e não sabe para onde deva ir, porque as trevas lhe cegaram os olhos.

João (I JOÃO, 2:11).

Se não sabes cultivar a verdadeira fraternidade, serás atacado fatalmente pelo pessimismo, tanto quanto a terra seca sofrerá o acúmulo de pó.

Tudo incomoda àquele que se recolhe à intransigência.

Os companheiros que fogem às tarefas do amor são profundamente tristes pelo fel de intolerância com que se alimentam.

Convidados ao esforço de equipe, asseveram que os homens respiram em bancarrota moral.

Trazidos ao culto da fé, supõem reconhecer, em toda parte, a maldade e a desilusão.

Chamados à caridade, consideram nos irmãos de sofrimento inimigos prováveis, afastando-se irritadiços.

Impelidos a essa ou àquela manifestação de contentamento, recuam, desencantados, crendo surpreender maldade e lama nas menores exteriorizações de beleza festiva.

Caminham no mundo entre a amargura e a desconfiança.

Não há carinho que lhes baste. Vampirizam criaturas por onde estagiam, chorando, reclamando, lamentando...

Não possuem rumo certo. Declaram-se expulsos da sociedade e da família.

É que, incapazes do amor ao próximo, jornadeiam pela Terra, sob o pesado nevoeiro do egoísmo que nos detém tão-somente no círculo estreito de nossas necessidades, sem qualquer expressão de respeito para com as necessidades alheias.

Afirmam-se incompreendidos, porque não desejam compreender.

Ausentes do amor, ressecam a máquina da vida, perdendo a visão espiritual.

Impermeáveis ao bem, fazem-se representantes do mal.

Se o pessimismo começa a abeirar-se de teu espírito, recolhe-te à oração e pede ao Senhor te multiplique as forças na resistência, ante o assalto das trevas.

Aprendamos a viver com todos, tolerando para que sejamos tolerados, ajudando para que sejamos ajudados, e o amor nos fará viver, prestimosos e otimistas, no clima luminoso em que a luta e o trabalho são bênçãos de esperança.

NOSSA REFLEXÃO

Os irmãos sinalizados nesta mensagem de Emmanuel nos lembra outra dele impressa na obra Caminho, Verdade e Vida, intitulada “Tristeza”. Quem escolhe ser triste, carece de uma mínima vivência no ato de amar. O triste está sempre a reclamar de tudo e de todos, inclusive de si mesmo. É um triste, segundo o mundo. Apresenta uma baixa autoestima e não acredita ou aceita que outros possam ter um mínimo de alegrias. Nele está instalada a ausência uma considerada ausência de amor. Suas características são acentuadas nesta mensagem que ora refletimos.

Devemos nos portar como aquele que consciente de seu dever para com Deus e consigo mesmo, realça aquele para com os outros. Em síntese, destaco trecho final dessa mensagem de Emmanuel, que figuramos como um antídoto contra o pessimismo, o negacionismo, má vontade para consigo mesmo e para com os que convivem conosco no atual momento, independentemente ser familiares ou estranhos na via pública, no comércio ou trabalho:

Se o pessimismo começa a abeirar-se de teu espírito, recolhe-te à oração e pede ao Senhor te multiplique as forças na resistência, ante o assalto das trevas.

Aprendamos a viver com todos, tolerando para que sejamos tolerados, ajudando para que sejamos ajudados, e o amor nos fará viver, prestimosos e otimistas, no clima luminoso em que a luta e o trabalho são bênçãos de esperança.

Essa assertiva de Emmanuel nos lembra a oração “Pai Nosso”[i] e a “Oração de São Francisco”.

Quando a tristeza, pois a Felicidade não é deste mundo, que sejamos triste segundo Deus e caminhemos assim, buscando a alegria de viver e de estarmos aprendendo com os nossos erros e com os erros dos outros.

Que Deus nos ilumine e que sintamos Sua luz nos banhar em qualquer momento de nossas vidas, como um bom cristão.

Domício.

Ps. Oferecemos uma poesia de L. Angel aos leitores reflexivos deste blog.


TRISTEZA

L. Angel     15/11/2019

A tristeza que vai n´Alma

É a do egoísta que deseja o que não merece.

É o sentimento que tira a calma.

É a consciência dizendo: profanaste o que hoje desmerece.

A tristeza da hora

Traduz-se de modo a lembrar

Que a frustração de agora

É o adiamento de uma alegria sem par.

Ser alegre na tristeza

É o gesto de todo caridoso,

Pois guarda uma grande certeza:

Nem todo caminho é tortuoso.

Nesse mundo de provas e expiações,

O choro é natural, mesmo que não se queira.

Traduz o afloramento de emoções,

Mas que seja como ocorreu no Monte das Oliveiras.


[i] Vide essa oração ampliada segundo os preceitos espíritas em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXVIII, itens 2 e 3.