domingo, 15 de abril de 2018

TENHAMOS FÉ


44
TENHAMOS FÉ
Vou preparar-vos lugar.
Jesus, (João, 14:2.)
Sabia o Mestre que, até à construção do Reino Divino na Terra, quantos o acompanhassem viveriam na condição de desajustados, trabalhando no progresso de todas as criaturas, todavia, "sem lugar" adequado aos sublimes ideais que entesouram.
Efetivamente, o cristão leal, em toda parte, raramente recebe o respeito que lhe é devido:
Por destoar, quase sempre, da coletividade, ainda não completamente cristianizada, sofre a descaridosa opinião de muitos.
Se exercita a humildade, é tido à conta de covarde.
Se adota a vida simples, é acusado pelo delito de relaxamento.
Se busca ser bondoso, é categorizado por tolo.
Se administra dignamente, é julgado orgulhoso.
Se obedece quanto é justo, é considerado servil.
Se usa a tolerância, é visto por incompetente.
Se mobiliza a energia, é conhecido por cruel.
Se trabalha, devotado, é interpretado por vaidoso.
Se procura melhorar-se, assumindo responsabilidades no esforço intensivo das boas obras ou das preleções consoladoras, é indicado por fingido.
Se tenta ajudar ao próximo, abeirando-se da multidão, com os seus gestos de bondade espontânea, muitas vezes é tachado de personalista e oportunista, atento aos interesses próprios.
Apesar de semelhantes conflitos, porém, prossigamos agindo e servindo, em nome do Senhor.
Reconhecendo que o domicílio de seus seguidores não se ergue sobre o chão do mundo, prometeu Jesus que lhes prepararia lugar na vida mais alta.
Continuemos, pois, trabalhando com duplicado fervor na sementeira do bem, à maneira de servidores provisoriamente distanciados do verdadeiro Lar.
"Há muitas moradas na Casa do Pai."
E o Cristo segue servindo, adiante de nós.
Tenhamos fé.

NOSSA REFLEXÃO
Essa mensagem tem forte sintonia com a mensagem de Emmanuel grafada no livro Caminho, Verdade e Vida, cap. 80. Naquela mensagem Emmanuel nos fortalece na senda do bem, e nos atenta para a seguinte orientação: Examina o material dos ignorantes e caluniadores como proveitosa advertência e recorda-te de que não é possível conciliar o dever com a leviandade, nem a verdade com a mentira.
O Cristo sabia da difícil tarefa de levar avante sua Boa Nova, pois ela significa rompimento com as nossas vaidades, orgulho e sentimento de posse de tudo que conseguimos amealhar.
Esta mensagem também nos reporta ao Cap. XXIII (Estranha Moral) de O Evangelho Segundo o Espiritismo, item 1, em que Jesus diz: Se alguém vem a mim e não odeia a seu pai e a sua mãe, a sua mulher e a seus filhos, a seus irmãos e irmãs, mesmo a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. E quem quer que não carregue a sua cruz e me siga, não pode ser meu discípulo. Assim, aquele dentre vós que não renunciar a tudo o que tem não pode ser meu discípulo. (Lucas (14:26 a 27 e 33). A. Kardec, nos itens seguintes do capítulo XXIII, de sua obra aqui citada, nos adverte para que não demos à palavra ódio o mesmo sentido que nós lhe atribuímos vulgarmente. Além disso, o Codificador nos esclarece o significado dessa “estranha moral” que, em verdade, tem o seguinte sentido: (...) "Os interesses da vida futura prevalecem sobre todos os interesses e todas as considerações humanas", porque esse pensamento está de acordo com a substância da doutrina de Jesus, ao passo que a ideia de uma renunciação à família seria a negação dessa doutrina. O editor da obra traz também uma nota que apresentamos abaixo, na íntegra[1].
No nosso entender, o Cristo quis chamar atenção para o que haveria de vir quando qualquer discípulo falasse em nome Dele. E, de fato, não foi fácil para os primeiros cristãos carregar a cruz de pregar a Boa Nova, e, em especial, para aqueles que conviveram com o Mestre, bem como para Paulo de Tarso. Ainda hoje há perseguição aos adeptos do Cristianismo pelo mundo.
Então, que tenhamos em mente que as opiniões que pretendem destruir um trabalho do bem, devem ser levadas em conta à resistência natural de Espíritos que não querem se modificar. Tenhamos fé e sigamos fazendo nossa parte sem querer agradar a “gregos e troianos”, lembrando que a verdadeira morada que o Cristo nos prometeu não se encontra nesse mundo físico.
Que Deus nos ajude.
Domício.



[1] Nota do Sr. Pezzani: Non odit, em latim: Kai ou misei em grego, não quer dizer odiar, porém, amar menos. O que o verbo grego misein exprime, ainda melhor o expressa o verbo hebreu, de que Jesus se há de ter servido. Esse verbo não significa apenas odiar, mas também amar menos, não amar igualmente, tanto quanto a um outro. No dialeto siríaco, do qual, dizem, Jesus usava com mais frequência, ainda melhor acentuada é essa significação. Nesse sentido é que o Gênesis (29:30 e 31) diz: E Jacó amou também mais a Raquel do que a Lia, e Jeová, vendo que Lia era odiada...” É evidente que o verdadeiro sentido aqui é: menos amada. Assim se deve traduzir. Em muitas outras passagens hebraicas e, sobretudo, siríacas, o mesmo verbo é empregado no sentido de não amar tanto quanto a outro, de sorte que fora contrassenso traduzi-lo por odiar, que tem outra acepção bem determinada. O texto de Mateus, aliás, afasta toda a dificuldade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário