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ROTULAGEM
Mas
quem não possui o espírito do Cristo, esse não é dele.
Paulo (ROMANOS, 8:9).
A
rotulagem não tranquiliza.
Procuremos
a essência.
Há
louvores em memória do Cristo, em muitos estandartes que estimulam a
animosidade entre irmãos.
Há
símbolos do Cristo, em numerosos tribunais, que, em muitas ocasiões, apenas
exaltam a injustiça.
Há
preciosas referências ao Cristo, em vozes altamente categorizadas da cultura
terrestre, que, em nome do Evangelho, procuram estender a miséria e a
ignorância.
Há
juramentos por Cristo, através de conversações que constituem vastos corredores
na direção das trevas.
Há
invocações verbais ao Cristo, em operações puramente comerciais, que são
escuros atentados à harmonia da consciência.
Meditemos
na extensão de nossos deveres morais, no círculo das responsabilidades que
abraçamos com a fé cristã.
Jesus
permanece em imagens, cartazes, bandeiras, medalhas, adornos, cânticos, poemas,
narrativas, discursos, sermões, estudos e contendas, mas isso é muito pouco se
lhe não possuímos o ensinamento vivo, na consciência e no coração.
É
sempre fácil externar entusiasmo e convicção, votos brilhantes e frases
bem-feitas.
Acautelemo-nos,
porém, contra o perigo da simples rotulagem. Com o apóstolo, não nos esqueçamos
de que, se não possuímos o espírito do Cristo, dele nos achamos ainda
consideravelmente distantes.
NOSSA REFLEXÃO
Um
Mestre deve ser defendido, exaltado, colocado no mais alto posto da
consideração e deve ser seguido, em palavras e ações.
Na relação
Aprendiz e Mestre, se estabelece uma sintonia quando o Aprendiz retorna ao Mestre
sobre suas aprendizagens. E, então, o Mestre avaliará aquele quanto à mudança
de comportamentos esperada dele.
O
nosso Mestre Jesus espera mudança em nós há quase dois mil anos, a partir de
sua volta ao seu Reino.
O
rótulo só engana a quem se rotula, se exaltando em relação a outros. O Mestre Jesus
nos advertiu:
Nem
todos os que me dizem: “Senhor! Senhor!” — entrarão no Reino dos Céus; apenas
entrará aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, nesse
dia, me dirão: “Senhor! Senhor! não profetizamos em teu nome? Não expulsamos em
teu nome o demônio? Não fizemos muitos milagres em teu nome?” — Eu então lhes direi
em altas vozes: “Afastai-vos de mim, vós que fazeis obras de iniquidade” (MATEUS,
7:21 a 23).
Mas
aquele que ouve estas minhas palavras e não as pratica, se assemelha a um homem
insensato que construiu sua casa na areia (MATEUS, 7, 26).
Allan
Kardec se posicionou sobre essa passagem evangélica:
Serão
cristãos os que o honram com exteriores atos de devoção e, ao mesmo tempo,
sacrificam ao orgulho, ao egoísmo, à cupidez e a todas as suas paixões? Serão
seus discípulos os que passam os dias em oração e não se mostram nem melhores,
nem mais caridosos, nem mais indulgentes para com seus semelhantes? Não,
porquanto, do mesmo modo que os fariseus, eles têm a prece nos lábios, e não no
coração.[1]
Então,
como bons cristãos que queremos ser, devemos exaltar o Mestre Jesus seguindo o
que ele nos ensinou. O religioso cristão não deve levantar bandeiras de defesa à
sua crença e nem defender o seu Mestre por supostos ataques a Ele. O Cristo não
precisou ser defendido nem por toda a plêiade de Espíritos Superiores que deram
suporte a Ele em sua Missão. Até foi provocado a descer da cruz, com ironias,
por ele ter se sido considerado o Rei dos judeus. E Ele não respondeu à provocação.
Que
tenhamos em mente que o Cristo falou e fez, e tentemos desenvolver a
aprendizagem que ele espera de nós. Essa é a melhor defesa que podemos fazer a
nossa fé e ao nosso Mestre Jesus.
Para
nos considerarmos bons espíritas ou bons cristãos, sigamos outro Mestre, o A.
Kardec: “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e
pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más”.[2]
Que
Deus nos ajude.
Domício.