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VÊ E SEGUE
Uma coisa sei: eu era cego e agora vejo.
João (9:25).
Apesar de o trabalho renovador do Evangelho, nos círculos
da consolação e da pregação, desdobrar-se, diante das massas, semeando milagres
de reconforto na alma do povo, o serviço sutil e quase desconhecido do
aproveitamento da Boa Nova é sempre individual e intransferível.
Os aprendizes da vida cristã, na atividade vulgar do
caminho, desfrutam do conceito de normalidade, mas se não gozam de vantagens
observáveis no imediatismo da experiência humana, quais sejam as da consolação,
do estímulo ou da prosperidade material, de maneira a gravarem o ensinamento
vivo de Jesus, nas próprias vidas, passam à categoria de pessoas estranhas,
muita vez ante os próprios companheiros de ministério.
Chegado a semelhante posição, e se sabe aproveitar a
sublime oportunidade pela submissão e diligência, o discípulo experimenta completa
transposição de plano.
Modifica a tabela de valores que o rodeiam.
Sabe onde se ocultam os fundamentos eternos.
Descortina esferas novas de luta, através da visão interior
que outros não compreendem.
Descobre diferentes motivos de elevação, por intermédio do
sacrifício pessoal, e identifica fontes mais altas de incentivo ao esforço
próprio.
Em vista disso, frequentemente provoca discussões acesas,
com respeito à atitude que adota à frente de Jesus.
Por ver, com mais clareza, as instruções reveladas pelo
Mestre, é tido à conta de fanático ou retrógrado, idiota ou louco.
Se,
porém, procuras efetivamente a redenção com o Senhor, prossegue seguro de ti
mesmo; repara, sem aflição e sem desânimo, as contendas que a ação genuína de
Jesus em ti recebe de corações incompreensivos e estacionários, repete as
palavras do cego que alcançou a visão e segue para diante.
NOSSA REFLEXÃO
O nosso egoísmo, acomodação às vantagens fáceis, defendidas
a unhas e dentes, têm sido nossa marca espiritual ao longo dos milênios. Apesar
de, muitos de nós, termos vivido na época de Jesus, e até mesmo, convivendo
contemporaneamente na mesma região dele, essas limitações têm dificultado nossa
ascensão espiritual. Se fomos orientadores do mundo, ou somos, a vaidade nos
embotou, e ainda nos embota, mais ainda, a nossa visão espiritual[1]. Em verdade, Jesus não
veio para os que diziam que viam, mas para àqueles que achavam que não viam e desejavam
ver (João, 9: 24 – 41)[2].
Conforme Emmanuel, nessa mensagem, ora refletida por nós,
não precisamos nos sentir contemplados/respeitados, em nossas crenças, se elas
nos modificarem, pois muito entenderão que não temos condições de os ensinar,
como ocorreu no episódio com o cego de Jericó. Acreditamos que, de fato, descobrimos
as verdades eternas no tempo certo. Vide o que aconteceu com Paulo, o Apóstolo.
Precisou ficar cego, materialmente falando, para conseguir, a partir de então,
ver as claridades trazidas pelo Mestre[3].
Que nós consigamos enxergar mais e seguir a Luz a nossa
frente.
Que Deus nos ajude.
Domício.
[1] Vide a mensagem, intitulada “Orientadores do mundo”, de Emmanuel, no livro “Caminho, Verdade e Vida”, com a nossa
reflexão.
[2] Vide interpretação de A. Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVIII, item 12.
[3] Vide, também, a mensagem de Emmanuel,
intitulada “O cego de Jericó”, do livro Caminho, Verdade e Vida, com a nossa reflexão.