domingo, 5 de maio de 2019

ALÉM DOS OUTROS


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ALÉM DOS OUTROS
Não fazem os publicanos também o mesmo? Jesus.
Mateus (5:46).
Trabalhar no horário comum irrepreensivelmente, cuidar dos deveres domésticos, satisfazer exigências legais e exercitar a correção de proceder, fazendo o bastante na esfera das obrigações inadiáveis, são tarefas peculiares a crentes e descrentes na senda diária.
Jesus, contudo, espera algo mais do discípulo.
Correspondes aos impositivos do trabalho diuturno, criando coragem, alegria e estímulo, em derredor de ti?
Sabes improvisar o bem, onde outras pessoas se mostraram infrutíferas?
Aproveitas, com êxito, o material que outrem desprezou por imprestável?
Aguardas, com paciência, onde outros desesperaram?
Na posição de crente, conservas o espírito de serviço, onde o descrente congelou o espírito de ação?
Partilhas a alegria de teus amigos, sem inveja e sem ciúme, e participas do sofrimento de teus adversários, sem falsa superioridade e sem alarde?
Que dás de ti mesmo no ministério da caridade?
Garantir o continuísmo da espécie, revelar utilidade geral e adaptar-se aos movimentos da vida são característicos dos próprios irracionais.
O homem vulgar, de muitos milênios para cá, vem comendo e bebendo, dormindo e agindo sem diferenças fundamentais, na ordem coletiva. De vinte séculos a esta parte, todavia, abençoada luz resplandece na Terra com os ensinamentos do Cristo, convidando-nos a escalar os cimos da espiritualidade superior. Nem todos a percebem, ainda, não obstante envolver a todos. Mas para quantos se felicitam em suas bênçãos extraordinárias, surge o desafio do Mestre, indagando sobre o que de extraordinário estamos fazendo.
NOSSA REFLEXÃO
Essa exortação do Cristo, que serviu de base para Emmanuel escrever essa mensagem, através da psicografia de Chico Xavier, está grafada e interpretada por A. Kardec no Cap. XII (Amai os inimigos) de O Evangelho Segundo o Espiritismo. No entanto, Emmanuel amplia o pensamento do Cristo, daquele momento, para as atividades comuns de nossas vidas.
A pergunta é: o que nos diferencia, nós, cristãos, dos descrentes, ou de outros pensamentos religiosos? O que nos diferencia dos demais? Se somos espíritas, o que nos diferencia dos demais cristãos, no que diz respeito ao pensamento e à prática cristã?
Somos convidados a rever nossas mudanças espirituais, nesta existência, tendo se filiado ao cristianismo. E eu destaco, particularmente, os espíritas.
É verdade que as mudanças interiores são mínimas e a gente quase não as identifica. Pensando no tempo que somos espíritas, o que mudamos na relação com os outros? E os nossos pensamentos, como estão? Como se encontra nossa vigilância? Temos consciência que não é fácil mudar. Mas, com certeza, analisando o que já vivemos e o que imaginamos viver, temos consciência daquilo que fizemos de mal com o nosso pensar e proceder, mesmo já sendo espíritas convictos. Temos um longo caminho a percorrer, mas caminhável, se tivermos consciência de qual é o Verdadeiro Caminho. Isto já temos: o Cristo. Como diz Emmanuel, em outra publicação, através de Chico Xavier:

O tempo, implacável dominador de civilizações e homens, marcha apenas com 60 minutos por hora, mas nunca se detém. Guardemos a lição e caminhemos para diante, com a melhoria de nós mesmos. Devagar, mas sempre. Emmanuel (In: Palavras de Emmanuel).
Cada mensagem lida, de cunho cristão, é um estímulo ao progresso, é um recomeçar, é sentir a necessidade de se esforçar mais[1]. O estudo e a reflexão são a porta da libertação espiritual. Que sejamos filósofos a perguntar sobre nossa vida, sobre nosso futuro, sobre nossos pensamentos e atitudes em relação aos nossos irmãos, independentemente de raça, credo, sexo e orientação sexual. Que sejamos espíritas! Que sejamos cristãos!
Que Deus nos ajude.
Domício.

Ps. Ofereço aos amigos leitores e reflexivos desta página uma poesia de L. Angel sobre a reforma íntima.

A DIFICULDADE DE MUDAR
L. Angel     27/09/2018
Por que é difícil mudar,
Se isso é o que queremos?
É que o nosso homem velho está a nos cobrar
Fidelidade aos comportamentos que outrora tivemos.
Assim, o bem que eu quero fazer,
Esse, eu não faço.
Mas o mal que não quero cometer,
Eu o realizo, não o rechaço*.
O esforço da reforma íntima
É o que nos torna verdadeiros cristãos,
Neste planeta de prova e expiação.
Mas desejar ser uma alma boníssima
É um passo para a perfeição espiritual,
Nossa meta, nosso ideal.
* Paulo (Romanos 7:19).



[1] Como Allan Kardec nos esclareceu: “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVII – Sede perfeitos, Item 4).

Um comentário:

  1. Sugiro assistir a palestra de Haroldo Dutra Dias sobre a reforma íntima em https://www.youtube.com/watch?v=kXjlCUo3PwI

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