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NA SENDA ESCABROSA
Nunca te deixarei, nem te desampararei.
Paulo (HEBREUS, 13: 5).
A palavra do Senhor não se reporta somente à sustentação da
vida física, na subida pedregosa da ascensão.
Muito mais que de pão do corpo, necessitamos de pão do
espírito.
Se as células do campo fisiológico sofrem fome e reclamam a
sopa comum, as necessidades e desejos, impulsos e emoções da alma provocam, por
vezes, aflições desmedidas, exigindo mais ampla alimentação espiritual.
Há momentos de profunda exaustão, em nossas reservas mais
íntimas.
As energias parecem esgotadas e as esperanças se retraem
apáticas.
Instala-se a sombra, dentro de nós, como se espessa noite
nos envolvesse.
E qual acontece à natureza, sob o manto noturno, embora guardemos
fontes de entendimento e flores de boa-vontade, na vasta extensão do nosso país
interior, tudo permanece velado pelo nevoeiro de nossas inquietações.
O Todo-Misericordioso, contudo, ainda aí, não nos deixa completamente
relegados à treva de nossas indecisões e desapontamentos. Assim como faz
brilhar as estrelas fulgurantes no alto, desvelando os caminhos constelados do
firmamento ao viajor perdido no mundo, acende, no céu de nossos ideais,
convicções novas e aspirações mais elevadas, a fim de que nosso espírito não se
perca na viagem para a vida superior.
"Nunca te deixarei, nem te desampararei" -
promete a divina Bondade.
Nem solidão, nem abandono.
A Providência celestial prossegue velando...
Mantenhamos,
pois, a confortadora certeza de que toda tempestade é seguida pela atmosfera
tranquila e de que não existe noite sem alvorecer.
NOSSA REFLEXÃO
Essa mensagem
nos reporta aos quadros lancinantes que muitos passam nessa vida. Esquecemos das
situações mais agonizantes, por que passam tantos irmãos nossos nesse planeta,
quando nos detemos em reclamações das situações adversas por que passamos.
Essa mensagem
nos lembra a bem-aventurança “bem-aventurados os aflitos[1]” anotada para nós por
Jesus. A esperança em dias melhores nos fortalece diante dos revezes da vida. A
paciência e a resignação ativa nos elevam diante das dores do mundo exemplificando
a fé e a esperança num mundo melhor, que não necessariamente este, mas se
pudermos ficar nele, quando se efetivar como mundo de regeneração[2], melhor.
O ditado “depois
da tempestade vem a bonança” é considerado com outras palavras por Emmanuel. A
renovação pode vir depois da desolação; a construção, em geral, requer uma destruição.
A manutenção da vida pede a extinção de alguns elementos, em proporções providenciais.
Quantas células são mortas num banho para ficarmos limpos e cheirosos....
Desde que
tenha um fim útil, o revés nos traz muitas lições, nos colocando no prumo da vida,
nos fazendo pensar num “novo fim a partir de um novo recomeço”.
As decepções,
desilusões, perdas de oportunidades e insucessos nos trazem tristezas, nos
abatem como se estivéssemos diante de um vendaval pronto a nos sucumbir. Tenhamos
força e fé, pois qualquer temporal passa; deixa destroços, mas passa. O recomeço,
de modo colaborativo, pois sempre nos chega o auxilio nessas horas, é intimamente
renovador. Só o fato de estarmos vivos, e sempre estaremos, chova pedra ou
canivetes, já é um grande consolo.
Creiamos numa
vida futura[3]
melhor, seja ainda encarnado ou após a morte do corpo, quando temos a vida
verdadeira, que Jesus nos prometeu, na certeza de que nunca estaremos sozinhos,
mesmo nas situações que aparentemente pareçam de solidão; a companhia não nos faltará.
Creiamos na
bondade e providência do Senhor.
Domício.