127
HUMANIDADE REAL
Eis o
Homem!
Pilatos (JOÃO, 19:5).
Apresentando o Cristo à multidão, Pilatos não designava um triunfador
terrestre...
Nem banquete, nem púrpura.
Nem aplauso, nem flores.
Jesus achava-se diante da morte.
Terminava uma semana de terríveis flagelações.
Traído, não se rebelara.
Preso, exercera a paciência.
Humilhado, não se entregou a revides.
Esquecido, não se confiou à revolta.
Escarnecido, desculpara.
Açoitado, olvidou a ofensa.
Injustiçado, não se defendeu.
Sentenciado ao martírio, soube perdoar.
Crucificado, voltaria’ à convivência dos mesmos discípulos
e beneficiários que o haviam abandonado, para soerguer-lhes a esperança.
Mas, exibindo-o, diante do povo, Pilatos não afirma: - Eis
o condenado, eis a vítima!
Diz simplesmente: - "Eis o Homem!"
Aparentemente vencido, o Mestre surgia em plena grandeza espiritual,
revelando o mais alto padrão de dignidade humana.
Rememorando,
pois, semelhante passagem, recordemos que somente nas linhas morais do Cristo é
que atingiremos a humanidade real.
NOSSA REFLEXÃO
O Mestre foi um grande exemplo de dignidade moral que
passou pelo planeta. Melhor dizendo, foi o maior grande exemplo... Tanto que os
Espíritos Superiores o reverenciaram como o “[...] tipo mais perfeito que Deus tem
oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo [...]”[1].
Toda a sua vida messiânica foi voltada para nos ensinar a
retomar o caminho para Deus. Particularmente na hora crucial de sua vida, ele
mostrou que o Reino de Deus ainda não é deste mundo. Deu exemplo de fé e amor
aos desavisados da hora. Deu o exemplo de um Professor que, ao final da aula,
informa as lições da aula seguinte, além dos deveres a cumprir, dizendo: assim
que se faz.
Foi paciente, misericordioso e amoroso com todos. Sabia com
quem estava tratando, desde sempre.
Aquele que tinha o poder de o libertar não o condenou,
enfaticamente, porque não tinha provas contra ele. Apenas o entregou a massa,
lavando as mãos, para que ela não tivesse a responsabilidade do fato que estaria
para acontecer.
Emmanuel nos recorda que, para atingirmos a “humanidade real”,
ou seja, para que nos tornemos dignos do Reino de Deus, devemos ter em mente as
“[...] linhas morais do Cristo [...]”.
Depois de tantas investidas no mal, a alma cansa de sofrer
e é quando o Mestre e Médico autorizado de Deus estende suas mãos curadoras
sobre as feridas daquele que sofreu por livre e espontânea vontade. E Ele faz “Por
Amor”[2].
Que saibamos ser corretos quando o homem velho[3] se apresenta em nós. Nem
sempre somos.
Que Deus nos ajude.
Domício.
[1] Questão de nº 625 de O Livro dos Espíritos.
[2] Vide mensagem de Emmanuel, em “Caminho Verdade e Vida”, refletida por nós.
[3] “Assim, pois, meus queridos filhos, que
uma santa emulação vos anime e que cada um de vós se despoje do homem velho.
Deveis todos consagrar-vos à propagação desse Espiritismo que já deu começo à
vossa própria regeneração. Corre-vos o dever de fazer que os vossos irmãos
participem dos raios da sagrada luz. Mãos, portanto, à obra, meus muito
queridos filhos! Que nesta reunião solene todos os vossos corações aspirem a
esse grandioso objetivo de preparar para as gerações porvindouras um mundo no
qual já não seja vã a palavra felicidade. – François-Nicolas-Madeleine, cardeal
Morlot. (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. V, Item 20).