domingo, 27 de dezembro de 2020

REPAREMOS NOSSAS MÃOS

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REPAREMOS NOSSAS MÃOS

Mostrou-lhes as suas mãos.

João (20:20).

Reaparecendo aos discípulos, depois da morte, eis que Jesus, ao se identificar, lhes deixa ver o corpo ferido, mostrando-lhes destacadamente as mãos...

As mãos que haviam restituído a visão aos cegos, levantado paralíticos, curado enfermos e abençoado velhinhos e crianças, traziam as marcas do sacrifício.

Traspassadas pelos cravos da cruz, lembravam-lhe a suprema renúncia.

As mãos do divino Trabalhador não recolheram do mundo apenas calos do esforço intensivo na charrua do bem. Receberam feridas sanguinolentas e dolorosas...

O ensinamento recorda-nos a atividade das mãos em todos os recantos do Globo.

O coração inspira.

O cérebro pensa.

As mãos realizam.

Em toda parte, agita-se a vida humana pelas mãos que comandam e obedecem.

Mãos que dirigem, que constroem, que semeiam, que afagam, que ajudam e que ensinam... E mãos que matam, que ferem, que apedrejam, que batem, que incendeiam, que amaldiçoam...

Todos possuímos nas mãos antenas vivas por onde se nos exterioriza a vida espiritual.

Reflete, pois, sobre o que fazes, cada dia.

Não olvides que, além da morte, nossas mãos exibem os sinais da nossa passagem pela Terra. As do Cristo, o Eterno Benfeitor, revelavam as chagas obtidas na divina lavoura do amor. As tuas, amanhã, igualmente falarão de ti, no mundo espiritual, onde, interrompida a experiência terrestre, cada criatura arrecada as bênçãos ou as lições da vida, de acordo com as próprias obras.

NOSSA REFLEXÃO

A passagem evangélica, inspiradora desta página de Emmanuel, ocorreu na despedida de Jesus após o Seu sacrifício último entre nós.

Entre crença e descrença, os discípulos, particularmente Tomé, precisava ver a materialização do Mestre para confirmar as escrituras e mesmo solidificar sua fé.

As mãos de Jesus foi como uma constatação de que o Messias esteve entre nós. Emmanuel, inspirada e conscientemente, simboliza a demonstração das mãos do Mestre como a prestação de contas que todo nós, ao retornar ao plano espiritual, devermos fazer.

Entendemos que nas mãos, como Emmanuel nos apresenta, está a prestação de contas de nossa vida física, após o desenlace do Espírito. Como ele, nesta mensagem, diz: “O coração inspira. O cérebro pensa. As mãos realizam”. Assim, a mão se configura como extensão do coração e do cérebro. Ela é a nossa primeira e permanente tecnologia ao longo da vida para realizarmos nossos planos elaborados pelo cérebro com grande contribuição do coração.

Do coração, nasce a ideia, a intenção, o modo como cada ação será desenvolvida. Neste processo está a nossa vitória ou a nossa queda ou mudança espiritual nula. O Cristo não deixou de nos exortar o modo como deveríamos exercer a caridade, como está grafado em Mateus (6: 1-4):

Quando derdes esmola, não saiba a vossa mão esquerda o que faz a vossa mão direita; a fim de que a esmola fique em segredo, e vosso Pai, que vê o que se passa em segredo, vos recompensará. (Mateus, 6: 3 e 4).[i]

Devemos em toda ação, não só na Assistência Social, usar nossas “mãos” da melhor maneira que possa significar requisitos para a nossa credencial no Reino de Jesus. O que fazemos com elas reverte nossa roupagem (ou “túnica nupcial”) que teremos quando quisermos adentrar a este Reino.[ii]

De outro modo, “pelas suas obras é que se reconhece o cristão”.[iii]

Que tenhamos isto em mente em toda realização nossa.

Que Deus nos ajude.

Domício.


[i] A. Kardec, sobre isso nos disserta: “Não saber a mão esquerda o que dá a mão direita é uma imagem que caracteriza admiravelmente a beneficência modesta. Mas, se há a modéstia real, também há a falsa modéstia, o simulacro da modéstia. Há pessoas que ocultam a mão que dá, tendo, porém, o cuidado de deixar aparecer um pedacinho, olhando em volta para verificar se alguém não o terá visto ocultá-la. Indigna paródia das máximas do Cristo! Se os benfeitores orgulhosos são depreciados entre os homens, que não será perante Deus? Também esses já receberam na Terra sua recompensa. Foram vistos; estão satisfeitos por terem sido vistos. É tudo o que terão (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. 13 (Não saiba a vossa mão esquerda o que dê a vossa mão direita), Item 3).
[ii] Mateus (22:11 e 12). Vide interpretação kardequiana à Parábola do Festim das Bodas, em que o Rei cobra a túnica nupcial a um dos participantes do festim, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVIII, Item 2: “[...] Jesus compara o Reino dos Céus, onde tudo é alegria e ventura, a um festim. Falando dos primeiros convidados, alude aos hebreus, que foram os primeiros chamados por Deus ao conhecimento da sua Lei. Os enviados do rei são os profetas que os vinham exortar a seguir a trilha da verdadeira felicidade; suas palavras, porém, quase não eram escutadas; suas advertências eram desprezadas; muitos foram mesmo massacrados, como os servos da parábola. Os convidados que se escusam, pretextando terem de ir cuidar de seus campos e de seus negócios, simbolizam as pessoas mundanas que, absorvidas pelas coisas terrenas, se conservam indiferentes às coisas celestes.”
[iii] Vide instrução do Espírito Simeão sobre este tema em O Evangelho Segundo o Espiritismo
, Cap. XVIII, Item 16.


domingo, 20 de dezembro de 2020

REVERÊNCIA E PIEDADE

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REVERÊNCIA E PIEDADE

Sirvamos a Deus, alegremente, com reverência e piedade.

Paulo (HEBREUS, 12:28).

"Sirvamos a Deus, alegremente" – solicita o Apóstolo –, mas não se esquece de acentuar a maneira pela qual nos compete servi-lo.

Não poderíamos estender a tristeza nas tarefas do bem.

Todos os elementos da Natureza obedecem às leis do Senhor, revelando alegria.

Brilha a constelação dentro da noite.

O Sol transborda calor e luz.

Cobre-se a Terra de flor e verdura.

Tem a fonte uma cantiga peculiar.

Entoa o pássaro melodias de louvor.

Não seria justo, pois, trazer, ao serviço que o Mestre nos designa, o pessimismo e a amargura.

O contentamento de ajudar é um dos sinais de nossa fé.

Entretanto, é necessário que a nossa alegria não se desmande em excessos.

Nem ruído inadequado, nem conceitos impróprios.

Nem palavras menos dignas, nem gargalhadas que poderiam apenas sugerir sarcasmo e desprezo.

Sirvamos alegremente, com reverência e piedade.

Reverência para com o Senhor e piedade para com o próximo.

Não podes pessoalizar o Todo-Misericordioso para lhe agradar, mas podemos servi-Lo diariamente na pessoa dos nossos irmãos de luta.

Conduzamos, assim, o carro de nosso trabalho sobre os trilhos do respeito e da caridade e encontraremos, em nosso favor, a alegria que nunca se extingue.

NOSSA REFLEXÃO

Fazendo uma analogia do modus operandi da Natureza com a nossa disposição de contribuir com o trabalho do Mestre, Emmanuel nos traz uma mensagem belíssima sobre o modo como devemos nos entregar ao trabalho cristão, pois nele estamos fazendo o que Pai e o Mestre, nosso intermediário ao Pai, esperam de nós.

Isto significa que devemos nos considerar uns aos outros “[...] para nos estimularmos à caridade e às boas obras”. (PAULO (HEBREUS 10 :24)). Sobre esta passagem evangélica, Emmanuel escreveu a página intitulada “Necessidade do Bem”, constante deste livro (mensagem de nº 176) e refletida por nós.

A serenidade, a alegria, indulgência e misericórdia deve estar conosco, e principalmente nos trabalhos coletivos de estudos e assistenciais espíritas. Se não for assim, estaremos atrapalhando mais que ajudando, sendo motivo destes sentimentos por parte dos demais.

Emmanuel nos explica o significado mensagem de Paulo, no prompt desta mensagem: Sirvamos alegremente, com reverência e piedade. Reverência para com o Senhor e piedade para com o próximo.[i]

Que sejamos cristãos em toda parte e toda hora.

Que Deus nos ajude.


[i] Recomendamos a leitura e reflexão dos capítulos XVIII (em especial as Instruções dos Espíritos) e XX de O Evangelho Segundo o Espiritismo.

domingo, 13 de dezembro de 2020

RIQUEZA PARA O CÉU

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RIQUEZA PARA O CÉU

Ajuntai tesouros no céu.

Jesus (MATEUS: 6:20).

Quem se aflige indebitamente, ao ver o triunfo e a prosperidade de muitos homens impiedosos e egoístas, no fundo dá mostras de inveja, revolta, ambição e desesperança. É preciso que assim não seja!

Afinal, quem pode dizer que retém as vantagens da Terra, com o devido merecimento?

Se observamos homens e mulheres, despojados de qualquer escrúpulo moral, detendo valores transitórios do mundo, tenhamos, ao revés, pena deles.

A palavra do Cristo é clara e insofismável. – "Ajuntai tesouros no céu" – disse-nos o Senhor.

Isso quer dizer "acumulemos valores íntimos para comungar a glória eterna!"

Efêmera será sempre a galeria de evidência carnal.

Beleza física, poder temporário, propriedade passageira e fortuna amoedada podem ser simples atributo da máscara humana, que o tempo transforma, infatigável.

Amealhemos bondade e cultura, compreensão e simpatia.

Sem o tesouro da educação pessoal é inútil a nossa penetração nos Céus, porquanto estaríamos órfãos de sintonia para corresponder aos apelos da Vida superior.

Cresçamos na virtude e incorporemos a verdadeira sabedoria, porque amanhã serás visitado pela mão niveladora da morte e possuirás tão somente as qualidades nobres ou aviltantes que houveres instalado em ti mesmo.

NOSSA REFLEXÃO

Estamos na Terra, incorporado em um aparelho chamado corpo. Há um objetivo para isso: caminharmos em direção à perfeição espiritual que é relativa.

Isto é confirmado em O Livro dos Espíritos, na resposta dos Espíritos Superiores à A. Kardec, sobre a nossa progressão espiritual e como Deus nos possibilita isto:

(...) A cada um deu determinada missão, com o fim de esclarecê-los e de os fazer chegar progressivamente à perfeição, pelo conhecimento da verdade, para aproximá-los de si. Nesta perfeição é que eles encontram a pura e eterna felicidade.[i]

Neste processo, cada um vai acumulando dons, oferecidos por Deus, que são os legítimos tesouros que devemos acumular. Emmanuel, em sua mensagem, intitulada “Dons”, do livro Caminho, Verdade e Vida nos ilumina sobre isso[ii].

A despeito da realização dos outros, mesmo daqueles que demonstram ter alcançado por meios não legítimos, devemos nos resguardar de reclamar de nossa situação se não conseguimos tanto quanto gostaríamos de ter, pois nessa passagem carnal devemos objetivar, com mais ênfase, a nossa evolução espiritual que significa o acúmulo de bens espirituais e não patrimoniais.

Como nos diz nesta mensagem que refletimos:

“Amealhemos bondade e cultura, compreensão e simpatia. Sem o tesouro da educação pessoal é inútil a nossa penetração nos Céus, porquanto estaríamos órfãos de sintonia para corresponder aos apelos da Vida superior”.

Sigamos em frente, acumulando bens divinos, certos de que teremos, ao retornarmos à pátria espiritual, à vida futura, uma realização espiritual.[iii]

Que Deus nos ajude.

Domício.


[i] Vide em O Livro dos Espíritos, questão nº 115, sobre a progressão dos Espíritos: “Dos Espíritos, uns terão sido criados bons e outros maus?”
[ii] Vide a mensagem na íntegra, seguida de nossa reflexão, em nosso blog espírita Caminho, Verdade e Vida.
[iii]
Recomendo o estudo do capítulo 16 de O Evangelho Segundo o Espiritismo, intitulado “Não se pode servir a Deus e a Mamon”.

domingo, 6 de dezembro de 2020

NECESSIDADE DO BEM

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NECESSIDADE DO BEM

E consideremo-nos uns aos outros para nos estimularmos à caridade e às boas obras.

Paulo (HEBREUS 10 :24).

Muitas instituições da vida cristã, respeitáveis por seus programas e fundamentos, sofrem prejuízos incalculáveis, em razão da leviandade com que muitos companheiros se observam uns aos outros.

Aqui, comenta-se o passado desairoso de quem procura hoje recuperar-se dignamente; ali, pequenos gestos infelizes são analisados, através das escuras lentes do sarcasmo e da crítica...

A censura e a reprovação indiscriminadas, todavia, derramam-se na família de ideal, como chuva de corrosivos na plantação, aniquilando germes nascentes, destruindo flores viçosas e envenenando frutos destinados aos celeiros do progresso comum.

Nunca é demais repetir a necessidade de perdão, bondade e otimismo, em nossas fileiras e atividades.

Lembremo-nos de que, com o nosso auxílio, tudo hoje pode ser melhor que ontem, e tudo amanhã será melhor que hoje.

O mal, em qualquer circunstância, é desarmonia à frente da Lei e todo desequilíbrio redunda em dificuldade e sofrimento.

Examinemo-nos mutuamente, acendendo a luz da fraternidade para que a fraternidade nos clareie os destinos.

Sem perseverança no bem, não há caminho para a felicidade.

Por isso mesmo, recomendou-nos o Apóstolo Paulo: - "e consideremo-nos uns aos outros para nos estimularmos à caridade e às boas obras", porque somente nessa diretriz estaremos servindo à construção do Reino do Amor.

NOSSA REFLEXÃO

A união em torno de um projeto é fundamental para que ele chegue a ser bem sucedido. Emmanuel, nesta mensagem, nos conclama, baseado em Paulo, a sermos unidos, fraternos, indulgentes e misericordiosos com os companheiros de um trabalho cristão, como todo espírita o é.

Sendo humanos, habitantes de um planeta de provas e expiações, é natural as desavenças. Mas toda desavença é um indicativo de aprendizagem e exercício da caridade. Não podemos perder energias convencendo um grupo cristão de que nós é que estamos certos em uma reunião de trabalho coletivo. Sejamos abertos a ideias novas, mas que estejam condizentes com a Doutrina Cristã. Com vontade de ajudar, e, assim, somos ajudados a ajudar, caminharemos para o bom senso.

Sendo nós trabalhadores da última hora, lembremos o que nos diz O Espírito de Verdade sobre esta questão:

Ditosos os que hajam dito a seus irmãos: “Trabalhemos juntos e unamos os nossos esforços, a fim de que o Senhor, ao chegar, encontre acabada a obra”, porquanto o Senhor lhes dirá: “Vinde a mim, vós que sois bons servidores, vós que soubestes impor silêncio aos vossos ciúmes e às vossas discórdias, a fim de que daí não viesse dano para a obra!” Mas ai daqueles que, por efeito das suas dissensões, houverem retardado a hora da colheita, pois a tempestade virá e eles serão levados no turbilhão![i]

Tenhamos o entendimento que qualquer obra cristã não é de quem executa, mas, sim, do Mestre que conta com todos (as) aqueles (as) que estavam sem serviço e encontram uma oportunidade de colaborarem com uma obra que não é deles (as).[ii]

Tenhamos em mente que devemos ser humildes quando uma ideia nossa não é aceita pelos companheiros de um trabalho cristão. Ajudemos na medida do possível, sempre.

Que Deus nos ajude, hoje e sempre.

Domício.


[i] In: O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XX (Os trabalhadores de última hora), Item 5 (Os obreiros do Senhor). Sugiro ler a mensagem na íntegra.
[ii]
“2. O obreiro da última hora tem direito ao salário, mas é preciso que a sua boa vontade o haja conservado à disposição daquele que o tinha de empregar e que o seu retardamento não seja fruto da preguiça ou da má vontade. Tem ele direito ao salário, porque desde a alvorada esperava com impaciência aquele que por fim o chamaria para o trabalho. Laborioso, apenas lhe faltava o labor”(Constantino, Espírito Protetor in: O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XX, Item 2).