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TENDO MEDO
E, tendo medo, escondi na terra o teu talento...
Mateus (25:25).
Na Parábola dos Talentos, o servo negligente atribui ao
medo a causa do insucesso em que se infelicita.
Recebera mais reduzidas possibilidades de ganho.
Contara apenas com um talento e temera lutar para
valorizá-lo.
Quanto aconteceu ao servidor invigilante da narrativa
evangélica, há muitas pessoas que se acusam pobres de recursos para transitar
no mundo como desejariam. E recolhem-se à ociosidade, alegando o medo da ação.
Medo de trabalhar.
Medo de servir.
Medo de fazer amigos.
Medo de desapontar.
Medo de sofrer.
Medo da incompreensão.
Medo da alegria.
Medo da dor.
E alcançam o fim do corpo, como sensitivas humanas, sem o
mínimo esforço para enriquecer a existência.
Na vida, agarram-se ao medo da morte.
Na morte, confessam o medo da vida.
E, a pretexto de serem menos favorecidos pelo destino, transformam-se,
gradativamente, em campeões da inutilidade e da preguiça.
Se
recebeste, pois, mais rude tarefa no mundo, não te atemorizes à frente dos
outros e faze dela o teu caminho de progresso e renovação. Por mais sombria
seja a estrada a que foste conduzido pelas circunstâncias, enriquece-a com a
luz do teu esforço no bem, porque o medo não serviu como justificativa
aceitável no acerto de contas entre o servo e o Senhor.
NOSSA REFLEXÃO
Muitos de nós, e lembremos que possamos estar incluídos
nesse rol, deixamos de nos direcionar a uma tarefa por medo de falhar.
Desculpamo-nos baseado tão somente na falta de recursos e oportunidades e,
muitas vezes, nos preconceitos, que existem na sociedade, relacionados a
meritocracia inspirada basicamente no capitalismo e/ou no neo-liberalismo que
culpa os mais pobres de recursos de continuarem pobres por não se esforçarem,
sem levar em contas que não lhes são dadas as possibilidades para ascender
socioeconomicamente.
Jesus utiliza a Parábola dos Talentos considerando o mundo
de Mamon que premia os que apostam seus bens nos bancos para render juros. Quem
tem mais ganha mais, materialmente falando, mas se aplicar o que tem. O capital
tem que render, mesmo ficando parado. Colocar debaixo do colchão não é muito
inteligente. Isso, sim, é temerário. Significa enterrar o dinheiro, como na
parábola. E o mais incrível que nesse mundo, também vale a realidade que se
traduz no seguinte pensamento: quem deve, perde e fica mais endividado.
Em verdade, o Mestre não fez a apologia à usura, nem ao enriquecimento
baseado no ócio. Mas não se deve tirar disso que não devamos fazer aplicações
na bolsa se o móvel não é o enriquecimento tão somente do capital. Se a “riqueza”
aplicada não foi adquirida de modo ilícito, ela é legítima. Nesse tocante, diz o
Espírito M. Espírito Protetor: “[...] uma propriedade só é legitimamente
adquirida quando, da sua aquisição, não resulta dano para ninguém (grifos do autor)[1].
Entretanto, moralmente falando, há que se meditar que
nossos talentos, aquilo que deve render, e que não são materiais, depois de recebê-los
do Senhor, inicialmente na forma de inteligência, podem e devem render frutos
não somente para uso pessoal. Pois de que vale adquirir conhecimento sem
reparti-lo? A estagnação desse talento empobrece a alma e a atrasa
espiritualmente no sentido da perfeição espiritual.
Nesse contexto vale também o princípio de quem tem mais ganha
mais, e é nesse contexto que devemos mais nos preocupar, prevendo a vida
futura. Pois são aos usufrutuários fiéis, dos bens materiais e espirituais
recebidos, que Deus oferece mais bens na forma de missões mais desafiadoras,
pensando na evolução moral dos irmãos mais atrasados, bem como no
desenvolvimento intelecto e socioeconômico da maioria do povo da Terra. Nesta
segunda questão, o Espírito Fénelon nos aconselha: “A todos os que podem dar,
pouco ou muito, direi, pois: dai esmola quando for preciso; mas, tanto quanto
possível, convertei-a em salário, a fim de que aquele que a receba não se
envergonhe dela.”[2]
Que tenhamos a grandeza de pensar alto, sem medo, em realizações
humanas que levem em conta: a liberdade de expressão; o respeito à diferença; o
trabalho digno; o acolhimento, cuidado e promoção dos menos favorecidos; e o
compartilhamento dos talentos já existentes na Terra, com responsabilidade e honestidade.
Que Deus nos ajude.
Domício.
Ps. Ofereço
uma poesia de L. Angel
TALENTOS DOADOS, TALENTOS DOBRADOS
L. ANGEL 22/07/10
Talentos
que se construiu,
Nas
oportunidades de ir e vir,
Nesta
Terra que o Senhor esculpiu,
Servem
para ajudar os outros a evoluir.
As
experiências exitosas,
Realizadas
em vida passada
Possibilita
outras ditosas
Nesta
vida privilegiada.
Ninguém é
perfeito absolutamente.
Eis uma
condição do Deus de Amor.
Então,
relativamente,
O
Espírito é inferior e superior.
Nas
diversas relações pessoais,
Doar
talentos é uma atitude certa,
Pois o
Espírito aprende mais,
Por
haurir novas descobertas.
[1] O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap.XVI, Item 10. Recomendo a leitura e
reflexão desse capítulo em sua totalidade.
ótima mensagem. Obrigado ... ótima reflexão!!!
ResponderExcluirGratíssimo, Fernando!!
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