domingo, 15 de novembro de 2020

ANTE A LUZ DA VERDADE

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ANTE A LUZ DA VERDADE

Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.

Jesus (JOÃO, 8:32).

A palavra do Mestre é clara e segura.

Não seremos libertados pelos "aspectos da verdade" ou pelas "verdades provisórias" de que sejamos detentores no círculo das afirmações apaixonadas a que nos inclinemos.

Muitos, em política, filosofia, ciência e religião, se afeiçoam a certos ângulos da verdade e transformam a própria vida numa trincheira de luta desesperada, a pretexto de defendê-la, quando não passam de prisioneiros do "ponto de vista".

Muitos aceitam a verdade, estendem-lhe as lições, advogam-lhe a causa e proclamam-lhe os méritos, entretanto, a verdade libertadora é aquela que conhecemos na atividade incessante do eterno Bem.

Penetrá-la é compreender as obrigações que nos competem.

Discerni-la é renovar o próprio entendimento e converter a existência num campo de responsabilidade para com o melhor.

Só existe verdadeira liberdade na submissão ao dever fielmente cumprido.

Conhecer, portanto, a verdade é perceber o sentido da vida.

E perceber o sentido da vida é crescer em serviço e burilamento constantes.

Observa, desse modo, a tua posição diante da Luz...

Quem apenas vislumbra a glória ofuscante da realidade, fala muito e age menos. Quem, todavia, lhe penetra a grandeza indefinível, age mais e fala menos.

NOSSA REFLEXÃO

Essa passagem evangélica, faz parte de um debate de Jesus com os fariseus (que se diziam filhos de Abraão), quando eles questionaram o testemunho do Cristo de que Ele era o enviado de Deus, e que os interlocutores só veriam a Deus se o vissem como o Caminho, a Verdade e a Vida, pois Ele era o enviado do Pai (JOÃO, 8: 31-59).

Temos certo, que os detentores de muitas informações se consideram suficientemente preparados para se conduzir diante das coisas e seus semelhantes. Mas deter conhecimento não significa estar, de fato, esclarecido. É importante que o conhecimento se faça significativo e transformador de atos, pois considera-se que os pensamentos foram modificados em relação ao conhecimento.

Como Emmanuel nos esclarece, nesta mensagem, “muitos, em política, filosofia, ciência e religião, se afeiçoam a certos ângulos da verdade e transformam a própria vida numa trincheira de luta desesperada, a pretexto de defendê-la, quando não passam de prisioneiros do ‘ponto de vista’”.

Desse modo, religiosos (as) cristãos (ãs) de todos os matizes, particularmente, espíritas, acostumados a palestrarem, organizam-se em torno da “palavra” memorizada, extraída dos seus livros doutrinários/bíblicos e se dizem, por isso, que ficam com o Cristo, com a Bíblia ou com A. Kardec, por exemplo, esquecendo que a Verdade é muito maior que determinados trechos extraídos das obras referenciadas, conforme a crença. Devemos ter cuidado com o dogmatismo religioso decorrente de leituras estanques que não são, nas mais diversas vezes, contextualizadas..

Sejamos tal qual o segundo grupo dos referidos por Emmanuel no final desta mensagem: “Quem apenas vislumbra a glória ofuscante da realidade, fala muito e age menos. Quem, todavia, lhe penetra a grandeza indefinível, age mais e fala menos”[i].

Que Deus nos ajude.

Domício.



[i] Esta afirmação de Emmanuel é coerente com a máxima cristã “a quem muito é dado muito será pedido”. Encontramos uma dissertação de A. Kardec a respeito em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVIII, Item 12, em que ele comenta Lucas (12: 47 e 48) e João (9: 39 a 41). Apresentamos, aqui, um destaque da dissertação: “Aquele, portanto, que não aproveita essas máximas para melhorar-se, que as admira como coisas interessantes e curiosas, sem que lhe toquem o coração, que não se torna nem menos vão, nem menos orgulhoso, nem menos egoísta, nem menos apegado aos bens materiais, nem melhor para seu próximo, mais culpado é, porque mais meios tem de conhecer a verdade”.

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