domingo, 15 de setembro de 2019

EMBAINHA TUA ESPADA


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EMBAINHA TUA ESPADA
                   Embainha tua espada.
                       Jesus. (João, 18:11).
A guerra foi sempre o terror das nações.
Furacão de inconsciência, abre a porta a todos os monstros da iniquidade por onde se manifesta. O que a civilização ergue, ao preço dos séculos laboriosos de suor, destrói com a fúria de poucos dias.
Diante dela, surgem o morticínio e o arrasamento, que compelem o povo à crueldade e à barbaria, através das quais aparecem dias amargos de sofrimento e regeneração para as coletividades que lhe aceitaram os desvarios.
Ocorre o mesmo, dentro de nós, quando abrimos luta contra os semelhantes...
Sustentando a contenda com o próximo, destruidora tempestade de sentimentos nos desarvora o coração. Ideais superiores e aspirações sublimes longamente acariciados por nosso espírito, construções do presente para o futuro e plantações de luz e amor, no terreno de nossas almas, sofrem desabamento e desintegração, porque o desequilíbrio e a violência nos fazem tremer e cair nas vibrações do egoísmo absoluto que havíamos relegado à retaguarda da evolução.
Depois disso, muitas vezes devemos atravessar aflitivas existências de expiação para corrigir as brechas que nos aviltam o barco do destino, em breves momentos de insânia...
Em nosso aprendizado cristão, lembremo-nos da palavra do Senhor: "Embainha tua espada..."
Alimentando a guerra com os outros, perdemo-nos nas trevas exteriores, esquecendo o bom combate que nos cabe manter em nós mesmos.
Façamos a paz com os que nos cercam, lutando contra as sombras que ainda nos perturbam a existência, para que se faça em nós o reinado da luz.
De lança em riste, jamais conquistaremos o bem que desejamos.
A cruz do Mestre tem a forma de uma espada com a lâmina voltada para baixo.
Recordemos, assim, que, em se sacrificando sobre uma espada simbólica, devidamente ensarilhada, é que Jesus conferiu ao homem a bênção da paz, com felicidade e renovação.
NOSSA REFLEXÃO
Nesse mundo de incompreensões e injustiças, somos, muitas vezes, levados a nos defender de uma injúria, de uma ingratidão, ou seja, de uma injustiça. Todavia, nessas horas, deixamos de ser cristãos, dado que aceitamos a provocação a um duelo em que pode vencer aquele que está mais munido de mágoas. Assim, em vez de nos defender, atacamos e acusamos o outro com palavras[1].
Nessa hora, a misericórdia e a indulgência, elementos que, juntos com a benevolência, compõe as atitudes de um caridoso, são esquecidas[2]. Só depois é que caímos em si, e percebemos o quanto fomos descaridosos. Mas o mal já foi feito...
Como disse, Chico Xavier: “Fico triste quando alguém me ofende, mas, com certeza, eu ficaria mais triste se fosse eu o ofensor... Magoar alguém é terrível!”[3].
Então, devemos considerar que, conforme Emmanuel:
Enquanto nos demoramos na fortaleza defensiva, o adversário cogita de enriquecer as munições, mas se descemos à praça, desassombrados e serenos, mostrando novas disposições na luta, a ideia de acordo substitui, dentro de nós e em nossos passos, a escura fermentação da guerra. Alguém te magoa? Reinicia o esforço da boa compreensão. Alguém te não entende? Persevera em demonstrar os intentos mais nobres[4].

É verdade que Jesus nos disse, em outro momento que veio trazer a espada (Mateus,10:34), mas como Emmanuel nos esclarece:
Sim, na verdade o Cristo trouxe ao mundo a espada renovadora da guerra contra o mal, constituindo em si mesmo a divina fonte de repouso aos corações que se unem ao seu amor; esses, nas mais perigosas situações da Terra, encontram, nEle, a serenidade inalterável. É que Jesus começou o combate de salvação para a Humanidade, representando, ao mesmo tempo, o sustentáculo da paz sublime para todos os homens bons e sinceros[5].

Que nós tenhamos a compreensão de que vivemos em um mundo para nos harmonizar com os nossos afetos e desafetos.
Então, desembainhemos nossa espada...
Que Deus nos ajude.
Domício.


[1] Sobre o duelo, que nos dias de hoje, é realizado fazendo uso de palavras, diretamente ou via Internet, Allan Kardec, nos fala em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XII, Item 12: “Em certos casos, sem dúvida, pode o duelo constituir uma prova de coragem física, de desprezo pela vida, mas também é, incontestavelmente, uma prova de covardia moral, como o suicídio. O suicida não tem coragem de enfrentar as vicissitudes da vida; o duelista não tem a de suportar as ofensas. Não vos disse o Cristo que há mais honra e valor em apresentar a face esquerda àquele que bateu na direita, do que em vingar uma injúria? Não disse Ele a Pedro, no Jardim das Oliveiras: ‘Mete a tua espada na bainha, porquanto aquele que matar com a espada perecerá pela espada?’”
[2] O Livro dos Espíritos, questão nº 886. Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus? “Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.” Vide comentário de Alan Kardec a essa resposta dos Espíritos Superiores.
[4] Vide mensagem de Emmanuel, na íntegra e refletida por nós, em Renasce agora.
[5] Vide mensagem de Emmanuel, na íntegra e refletida por nós, em Espada Simbólica.

2 comentários:

  1. Excelente Estudo desta mensagem de Emanuel

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    1. Grato, irmã(o)!! Que seja proveitoso para nós para os momentos em que somos chamados a provar a sua compreensão.

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