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BUSQUEMOS O MELHOR
Por
que reparas o argueiro no olho do teu irmão?
Jesus (Mateus, 7:3).
A pergunta do Mestre, ainda agora, é clara e oportuna.
Muitas vezes, o homem que traz o argueiro num dos olhos
traz igualmente consigo os pés sangrando. Depois de laboriosa jornada na
virtude, ele revela as mãos calejadas no trabalho e tem o coração ferido por
mil golpes da Ignorância e da inexperiência.
É imprescindível habituar a visão na procura do melhor, a
fim de que não sejamos ludibriados pela malícia que nos é própria.
Comumente, pelo vezo de buscar bagatelas, perdemos o ensejo
das grandes realizações.
Colaboradores valiosos e respeitáveis são relegados à
margem por nossa irreflexão, em muitas circunstâncias simplesmente porque são portadores
de leves defeitos ou de sombras insignificantes do pretérito, que o movimento
em serviço poderia sanar ou dissipar.
Nódulos na madeira não impedem a obra do artífice e certos
trechos empedrados do campo não conseguem frustrar o esforço do lavrador na
produção da semente nobre.
Aproveitemos o irmão de boa-vontade, na plantação do bem, olvidando
as insignificâncias que lhe cercam a vida.
Que seria de nós se Jesus não nos desculpasse os erros e as
defecções de cada dia?
E, se esperamos alcançar a nossa melhoria, contando com a benemerência
do Senhor, por que negar ao próximo a confiança no futuro?
Consagremo-nos
à tarefa que o Senhor nos reservou na edificação do bem e da luz e estejamos
convictos de que, assim agindo, o argueiro que incomoda o olho do vizinho,
tanto quanto a trave que nos obscurece o olhar, se desfarão espontaneamente
restituindo-nos a felicidade e o equilíbrio por meio da incessante renovação.
NOSSA REFLEXÃO
O Cristo não esperou que a humanidade tivesse uma certa
evolução moral para iniciar seu trabalho, contando conosco, senão iria demorar muito
a começar. Seu trabalho foi dar uma empurrada considerável em nossa evolução.
Então, não orientou que “anjos” descessem para lhe ajudar na grande obra de
ascensão espiritual da nossa humanidade terráquea. Contou com Espíritos em
evolução, como os 12 Discípulos e depois com aqueles que se alistaram na
fileira do bem.
Portanto, somos todos devedores da confiança que o Mestre
nos devotou e devota. Pois somos aprendizes em serviço, como os primeiros
cristãos, notadamente os seus Discípulos, os 12 que conviveram, mais intimamente,
com ele.
Então, antes de vermos o defeito do outro, no dia a dia de
relações sociais, religiosas e, particularmente, familiares, que tenhamos a
caridade de sermos indulgentes com suas falhas e de realçarmos suas qualidades,
pois precisamos também da mesma postura dele. Como diz Emmanuel, nesta
mensagem, ora refletida, “aproveitemos o irmão de boa-vontade, na plantação do bem,
olvidando as insignificâncias que lhe cercam a vida. Que seria de nós se Jesus
não nos desculpasse os erros e as defecções de cada dia?”
Allan Kardec, por sua vez, nos exorta à seguinte reflexão: Que pensaria eu
se visse alguém fazer o que faço? Incontestavelmente, é o orgulho que induz o
homem a dissimular, para si mesmo, os seus defeitos, tanto morais quanto
físicos”[1].
Quando somos muito severos com os outros em algum defeito, na verdade estamos
nos desculpando do mesmo defeito que não admitimos tê-lo ou que tenhamos tido,
nesta ou em outras encarnações.
Que tenhamos essa consciência, de relevar o defeito do
outro e intervir, com caridade, se esse defeito for um empecilho para a
harmonia e produção geral.
Que Deus nos ajude.
Domício.
[1]
Vide a íntegra da dissertação de A. Kardec sobre o tema em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. X, Item 10.
Saudações fraternas, professor Domício.
ResponderExcluirObrigado pela reflexão!
- Marcelo
Valeu, Marcelo!
ExcluirEmmanuel nos ajuda mais ainda nesse processo de ver com bons olhos os defeitos dos outros, ao fazer a seguinte exortação:
ResponderExcluir"Observemos amando, porque apenas o amor puro arrancará por fim as escamas de treva dos nossos olhos para que os outros nos apareçam na Benção de Deus que, invariavelmente, trazem consigo".