domingo, 14 de junho de 2020

MALEDICÊNCIA

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MALEDICÊNCIA
Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Quem fala mal de um irmão, fala mal da lei e julga a lei; e, se tu julgas a lei, já não és observador da lei, mas juiz.
Tiago (4: 11).
Nem todas as horas são adequadas ao rumo da ternura na esfera das conversações leais.
A palestra de esclarecimento reclama, por vezes, a energia serena em afirmativas sem indecisão; entretanto, é indispensável grande cuidado no que concerne aos comentários posteriores.
A maledicência espera a sinceridade para turvar-lhe as águas e inutilizar-lhe esforços justos.
O mal não merece a coroa das observações sérias. Atribuir-lhe grande importância nas atividades verbais é dilatar-lhe a esfera de ação. Por isso mesmo, o conselho de Tiago reveste-se de santificada sabedoria.
Quando surja o problema de solução difícil, entre um e outro aprendiz, é razoável procurem a companhia do Mestre, solucionando-o à claridade da sua luz, mas que nunca se instalem na sombra, a distância um do outro, para comentários maliciosos da situação, agravando a dor das feridas abertas.
"Falar mal", na legítima significação, será render homenagem aos instintos inferiores e renunciar ao título de cooperador de Deus para ser crítico de suas obras.
Como observamos, a maledicência é um tóxico sutil que pode conduzir o discípulo a imensos disparates.
Quem sorva semelhante veneno é, acima de tudo, servo da tolice, mas sabemos, igualmente, que muitos desses tolos estão a um passo de grandes desventuras íntimas.
NOSSA REFLEXÃO
Emmanuel nos chama a atenção para o cuidado de, estando em reunião com um ou mais interlocutores, não nos extravasarmos a falar mal de pessoas ausentes na conversa ou mesmo dar sequência a uma maledicência partida de alguém com quem estamos conversando.
Como Emmanuel nos esclarece, ao fazermos isso, estaremos rendendo “[...] homenagem aos instintos inferiores[...]” que trazemos conosco. Nessa hora é que caímos em tentação[i]. Sabemos que o contamos a alguém, sobre outra pessoa, possivelmente será contado para outras pessoas, e, por nossa vez, se acolhemos o falatório sobre alguém, interessados aos detalhes, certamente que não ficaremos com o relatado só conosco. Espalharão ou espalharemos o que foi contado. Ou seja, estaremos contribuindo para um boato ou calúnia ser propagada e estaremos participando de uma influenciação na sociedade. Emmanuel nos chama a atenção sobre a nossa capacidade de influenciar as pessoas pelas nossas atitudes[ii]. Nesse ponto, precisamos estar atentos para que não sejamos veiculadores, também, de notícias falsas (fake news).
Vivemos num momento em que vivemos assaltados por escândalos[iii] gerados, seja por uma descoberta de um ato de corrupção ou por motivos sanitários. Muitas vezes, por um viés político, algo falso é veiculado com a rapidez das redes sociais, sem nem ao menos ser verificado a veracidade da notícia que foi forjada.
Em relação a um grupo, seja familiar, profissional ou social, é importante que os problemas sejam resolvidos no nível particular, entre dois ou mais afetados pessoalmente, e “[...] que nunca se instalem na sombra, a distância um do outro, para comentários maliciosos da situação, agravando a dor das feridas abertas”. Que saibamos contornar caridosamente a situação, com os envolvidos, e que não busquemos conversas fúteis sobre a questão com pessoas externas à situação.
Que busquemos a solidariedade em toda questão, auxiliando e não propaguemos algo com o intuito tão somente de espalhar notícias, muitas vezes recheadas de falsidades.
Que Deus nos ajude a estancar as mentiras, pois se somos veiculadores de escândalos, certamente seremos vítimas de algum, mais para frente[iv].
Domício.

P.S. Deixo as seguintes reflexões poéticas de L. Angel sobre nossa postura diante de um acontecimento, algo visto ou estória sobre alguém.

Nem sempre o que se falou foi compreendido.
Como nem tudo que foi compreendido foi falado.
Quem fala não deve pretender ser plenamente entendido.
Quem compreendeu, talvez não consiga ser fiel ao que foi ensinado.              
L. Angel               21/11/2017

Às vezes, vejo sem enxergar.
Ou enxergo sem ter visto.
Ora estou com a mente a vagar.
Ora não estou a pensar como o Cristo.
L. Angel                20/11/2017


[i] Vide mensagem “Origem das tentações” de Emmanuel, do livro Caminho, Verdade e Vida, e a nossa reflexão.
[ii] Vide mensagem “Um pouco de fermento” de Emmanuel, do livro Fonte Viva, e a nossa reflexão. Recomendo, também, a palestra "Falando de Política para espíritas" de André Trigueiro, in https://youtu.be/sxqUbmLeX0U.
[iii] “No sentido vulgar, escândalo se diz de toda ação que de modo ostensivo vá de encontro à moral ou ao decoro. O escândalo não está na ação em si mesma, mas na repercussão que possa ter. A palavra escândalo implica sempre a ideia de um certo arruído.” (ALLAN KARDEC in: O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. VIII, item 12).
[iv]Mas ai daquele por quem venha o escândalo. Quer dizer que o mal sendo sempre o mal, aquele que a seu mau grado servir de instrumento à Justiça divina, aquele cujos maus instintos foram utilizados, nem por isso deixou de praticar o mal e de merecer punição.” (ALLAN KARDEC in: O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. VIII, item 16).

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