domingo, 19 de abril de 2020

ACORDA E AJUDA


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ACORDA E AJUDA
Segue-me e deixa aos mortos o cuidado de enterrar os seus mortos.
Jesus (Mateus, 8:22).
Jesus não recomendou ao aprendiz deixasse “aos cadáveres o cuidado de enterrar os cadáveres” e sim conferisse “aos mortos o cuidado de enterrar os seus mortos”.
Há, em verdade, grande diferença.
O cadáver é carne sem vida, enquanto um morto é alguém que se ausenta da vida.
Há muita gente que perambula nas sombras da morte sem morrer.
Trânsfugas da evolução, cerram-se entre as paredes da própria mente, cristalizados no egoísmo ou na vaidade, negando-se a partilhar a experiência comum.
Mergulham-se em sepulcros de ouro, de vício, de amargura e ilusão.
Se vitimados pela tentação da riqueza, moram em túmulos de cifrões; se derrotados pelos hábitos perniciosos, encarceram-se em grades de sombra; se prostrados pelo desalento, dormem no pranto da bancarrota moral, e, se atormentados pelas mentiras com que envolvem a si mesmos, residem sob as lápides, dificilmente permeáveis, dos enganos fatais.
Aprende a participar da luta coletiva.
Sai, cada dia, de ti mesmo, e busca sentir a dor do vizinho, a necessidade do próximo, as angústias de teu irmão e ajuda quanto possas.
Não te galvanizes na esfera do próprio "eu".
Desperta e vive com todos, por todos e para todos, porque ninguém respira tão somente para si.
Em qualquer parte do Universo, somos usufrutuários do esforço e do sacrifício de milhões de existências.
Cedamos algo de nós mesmos, em favor dos outros, pelo muito que os outros fazem por nós.
Recordemos, desse modo, o ensinamento do Cristo.
Se encontrares algum cadáver, dá-lhe a bênção da sepultura, na relação das tuas obras de caridade, mas, em se tratando da jornada espiritual, deixa sempre "aos mortos o cuidado de enterrar os seus mortos".

NOSSA REFLEXÃO
Essa passagem evangélica é categorizada por Allan Kardec, como uma estranha moral. A. Kardec, didaticamente, reuniu, em um capítulo de O Evangelho Segundo o Espiritismo, o XXIII, intitulado, por isso mesmo, Estranha Moral, todos os ensinamentos de Jesus que trazem uma certa ideia de contradição em relação ao seu apostolado.
A proposição de Jesus Cristo não foi de cometimento de ingratidão ao Pai, mas de relevância a vida verdadeira, que é a vida espiritual, como A. Kardec nos esclarece no Item 8 do capítulo acima referido.
Emmanuel, em Aproveitemos (no livro Caminho, Verdade e Vida, refletido por nós), traz-nos a luz de aproveitarmos todo e qualquer momento para exercermos a disposição de servir ao próximo. O funeral pode ser um momento para falarmos sobre a vida do Espírito. Todavia, faz-se necessário que falemos se formos convidados a falar ou se o corpo que jaz no caixão for de nosso familiar consanguíneo e de primeiro grau.
Emmanuel, nesta mensagem que ora refletimos, nos convida a devolvermos o quanto temos recebido da humanidade, como segue:
Desperta e vive com todos, por todos e para todos, porque ninguém respira tão somente para si. Em qualquer parte do Universo, somos usufrutuários do esforço e do sacrifício de milhões de existências. Cedamos algo de nós mesmos, em favor dos outros, pelo muito que os outros fazem por nós.
De fato, o que seríamos de nós, hoje, se não tivéssemos tanta gente zelando por nós, desde o Lar, passando pela Escola, até o convívio saudável com as pessoas, de modo geral, no trabalho, nos clubes e nas redes sociais, sendo acompanhado diuturnamente pelos Espíritos Protetores, e, em particular, pelo o Anjo da Guarda.
Neste contexto, como Educador, lembramos de outra exortação de Emmanuel sobre a necessidade de cuidarmos de todos, como fomos cuidado, também, qual seja:
É imprescindível empenhar as nossas energias, a serviço da educação. Ajudemos o povo a pensar, a crescer e a aprimorar-se. Auxiliar a todos para que todos se beneficiem e se elevem, tanto quanto nós desejamos melhoria e prosperidade para nós mesmos, constitui para nós a felicidade real e indiscutível.[i]
Que tenhamos o espírito contínuo de solidariedade, em todos os momentos de nossas vidas, pois de que vale estarmos vivos, estando mortos?
Que Deus nos ajude.
Domício.

[i] Vide em Diante da Multidão (Fonte Viva, por Chico Xavier – FEB).

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