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NÃO FURTES
Aquele que furtava não furte mais; antes
trabalhe, fazendo com as suas mãos o que é bom, para que tenha o que repartir
com o que tiver necessidade.
Paulo (Efésios, 4:28).
Há roubos de variada natureza, jamais catalogados nos
códigos de justiça da Terra.
Furtos de tempo aos que trabalham.
Assaltos à tranquilidade do próximo.
Depredações da confiança alheia.
Invasões nos interesses dos outros.
Apropriações indébitas, através do pensamento.
Espoliações da alegria e da esperança.
Com as chaves falsas da intriga e da calúnia, da crueldade
e da má-fé, almas impiedosas existem, penetrando sutilmente nos corações desprevenidos
dilapidando-os em seus mais valiosos patrimônios espirituais...
Por esse motivo, a palavra de Paulo se reveste de sublime significação:
- "Aquele que furtava não furte mais."
Se aceitaste o Evangelho por norma de elevação da tua vida,
procura, acima de tudo, ocupar as tuas mãos em atividades edificantes, a fim de
que possas ser realmente útil aos que necessitam.
Na preguiça está sediada a gerência do mal.
Quem alguma coisa faz, tem algo a repartir.
Busca
o teu posto de serviço, cumpre dignamente as tuas obrigações de cada dia e,
atendendo; aos deveres que o Senhor te confiou, atravessarás caminho terrestre
sem furtar a ninguém.
NOSSA
REFLEXÃO
Lembramos do seguinte mandamento da Lei de Deus, baixada
via Moisés: “VII. Não roubeis.”[1] A princípio, pode se
pensar que ele se refere somente ao roubo de uma propriedade material alheia.
Mas Emmanuel nos chama a atenção a outros roubos que, invigilantemente, cometemos
no dia a dia.
Às vezes, direcionamos nossas crenças aos outros, pensando
estar fazendo um bem a elas, e nem sempre se dá assim. Devemos ter cuidado com
o que fazemos, pensando estar fazendo o bem, pois ao inverso, podemos estar
criando um mal estar a quem desejamos esclarecer sobre aquilo que temos
convicção, como sendo uma verdade. Mas nem sempre, e acontece com os outros, estamos receptíveis
a receber uma orientação que fere a nossa postura diante das coisas, bem como
nossas convicções. Bom, pode ser que certas atitudes
são impensadas, também, proporcionando prejuízos àqueles que estão em nosso
círculo de ação.
Se pensamos estar fazendo um bem, é interessante refletir
que cada um tem o seu momento de responder, positivamente, a um esclarecimento.
Às vezes, deve acontecer a dor, na própria pele, para que mude o comportamento
ou convicções acerca de um determinado assunto ou fatos.
Estamos vivendo um momento de aprender com a Ciência e não com
opinantes, principalmente aqueles que exercem um cargo público e que não tem
nenhum compromisso com a Ciência. A postura de quem escuta uma opinião deve ser
sempre a de buscar em alguma Ciência, material (Ciência das Leis materiais) ou
espiritual (Ciência do campo moral, como o Espiritismo) o respaldo da opinião
proferida. A pergunta deve ser, sempre: Onde está escrito? Quem opina tem a
competência de esclarecer ou dar uma certeza sobre o que está dizendo?
Então, antes de tudo, devemos aprender pelo Amor,
substanciado pelo Conhecimento. Como A. Kardec colocou no frontispício do O Evangelho Segundo o Espiritismo: Fé inabalável só o é a que pode
encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade. Então,
fazendo uma aliança entre a Ciência e Religião, estaremos baseados em A. Kardec[2].
Nesta fase, muito difícil, por que passa a humanidade
terrena, devemos considerar que o Cristo e seus prepostos estão trabalhando para
que possamos sair o mais inteligente possível desta pandemia, condizente com o
aprendizado que estamos tendo sobre o conhecimento relativo a Infectologia,
solidariedade e respeito a dor do próximo, bem com o cuidado que devemos ter
com os nossos hábitos comuns, como a higiene
pessoal. Estamos aprendendo com o resultado de nossa própria invigilância, e devemos
estar claro que o que estamos vivendo não foi pensado por Deus, mas é resultante
do uso de nosso livre arbítrio. Deus não inspirou ninguém a fazer o que fez
para o vírus se disseminar no planeta e nem os governantes a tomar decisões
erradas que ocasionaram milhares de mortes em vários países do planeta[3].
Nestas circunstâncias, poderíamos pensar: por que os Espíritos
não ditam logo uma vacina para a COVID-19? Emmanuel nos esclarece sobre isso em
“Auxílios do invisível”. Allan Kardec também nos esclarece:
Em
virtude desse princípio é que os Espíritos não acorrem a poupar o homem ao
trabalho das pesquisas, trazendo-lhe, já feitas e prontas a ser utilizadas,
descobertas e invenções, de modo a não ter ele mais do que tomar o que lhe
ponham nas mãos, sem o incômodo, sequer, de abaixar-se para apanhar, nem mesmo
o de pensar. Se assim fosse, o mais preguiçoso poderia enriquecer-se e o mais
ignorante tornar-se sábio à custa de nada e ambos se atribuírem o mérito do que
não fizeram. Não, os Espíritos não vêm isentar o homem da lei do trabalho: vêm
unicamente mostrar-lhe a meta que lhe cumpre atingir e o caminho que a ela
conduz, dizendo-lhe: Anda e chegarás. Toparás com pedras; olha e afasta-as tu
mesmo. Nós te daremos a força necessária, se a quiseres empregar. (O livro dos
médiuns, 2a Parte, cap. XXVI, itens 291 e seguintes.)[4]
Então, tendo a confiança em Deus de que se entramos nessa
situação, pelo uso de nosso livre arbítrio, Ele vai nos ajudar a sair dela
melhorados, apostando sempre no respeito mútuo, na Ciência e na capacidade de
todos pensarem no coletivo[5].
Sem furtar dos outros a paz e o direito de escolha, mas sem
cansar de lutar pelo esclarecimento geral, sigamos com o Mestre até o fim.
Que Deus nos ajude.
Domício.
[1] Vide considerações que A. Kardec fez sobre
a diferença entre a Lei de Deus e a lei mosaica em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. I, item 2.
[2] Vide O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. I, Item 8.
[3]
Vide como se dá a contribuição do
ser humano para um flagelo destruidor, na questão 741 de O Livro dos Espíritos:
Dado é ao homem conjurar os flagelos que o afligem? “Em parte, é;
não, porém, como geralmente o entendem. Muitos flagelos resultam da
imprevidência do homem. À medida que adquire conhecimentos e experiência, ele
os vai podendo conjurar, isto é, prevenir, se lhes sabe pesquisar as causas.
Contudo, entre os males que afligem a Humanidade, alguns há de caráter geral,
que estão nos decretos da Providência e dos quais cada indivíduo recebe, mais
ou menos, o contragolpe. A esses nada pode o homem opor, a não ser sua
submissão à vontade de Deus. Esses mesmos males, entretanto, ele muitas vezes
os agrava pela sua negligência.”
[4] Vide O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXV, Item 4.
[5] Questão nº 740 de O Livro dos Espíritos. Resposta: “Os flagelos são provas que dão ao homem
ocasião de exercitar a sua inteligência, de demonstrar sua paciência e
resignação ante a vontade de Deus e que lhe oferecem ensejo de manifestar seus
sentimentos de abnegação, de desinteresse e de amor ao próximo, se o não domina
o egoísmo.”
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