domingo, 30 de junho de 2019

DIANTE DA MULTIDÃO


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DIANTE DA MULTIDÃO
E Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte.
Mateus (5:1).
O procedimento dos homens cultos para com o povo experimentará elevação crescente à medida que o Evangelho se estenda nos corações.
Infelizmente, até agora, raramente a multidão tem encontrado, por parte das grandes personalidades humanas, o tratamento a que faz jus.
Muitos sobem ao monte da autoridade e da fortuna, da inteligência e do poder, mas simplesmente para humilhá-la ou esquecê-la depois.
Sacerdotes inúmeros enriquecem-se de saber e buscam subjugá-la a seu talante.
Políticos astuciosos exploram-lhe as paixões em proveito próprio.
Tiranos disfarçados em condutores envenenam-lhe a alma e arrojam-na ao despenhadeiro da destruição, à maneira dos algozes de rebanho que apartam as reses para o matadouro.
Juízes menos preparados para a dignidade das funções que exercem, confundem-lhe o raciocínio.
Administradores menos escrupulosos arregimentam-lhe as expressões numéricas para a criação de efeitos contrários ao progresso.
Em todos os tempos, vemos o trabalho dos legítimos missionários do bem prejudicado pela ignorância que estabelece perturbações e espantalhos para a massa popular.
Entretanto, para a comunidade dos aprendizes do Evangelho, em qualquer clima da fé, o padrão de Jesus brilha soberano.
Vendo a multidão, o Mestre sobe a um monte e começa a ensinar...
É imprescindível empenhar as nossas energias, a serviço da educação.
Ajudemos o povo a pensar, a crescer e a aprimorar-se.
Auxiliar a todos para que todos se beneficiem e se elevem, tanto quanto nós desejamos melhoria e prosperidade para nós mesmos, constitui para nós a felicidade real e indiscutível.
Ao leste e ao oeste, ao norte e ao sul da nossa individualidade, movimentam-se milhares de criaturas, em posição inferior à nossa.
Estendamos os braços, alonguemos o coração e irradiemos entendimento, fraternidade e simpatia, ajudando-as sem condições.
Quando o cristão pronuncia as sagradas palavras "Pai Nosso", está reconhecendo não somente a Paternidade de Deus, mas aceitando também por sua família a humanidade inteira.
NOSSA REFLEXÃO
Há uma ilusão dos que pouco estudam e mais se apoiam naqueles que lhe guardam sintonia (se encontrando num status de poder) não demora a se desintegrar. Muitos, iludidos, apoiam aqueles que lhes são alvos de admiração e lhes prometem a manutenção de um estado de vantagens em relação à posição social que ocupam ou podem vir a ocupar.
Não demora muito e os heróis começam a mostrar-se como são, decepcionando e escravizando, ao tirar proveitos da condição em que foram lançados pelos seus admiradores.
Emmanuel, em outra obra, de seu pentateuco, nos lembra que:

Os fazedores de revoluções e os donos de projetos absurdos prometem maravilhas. Mas, se são vítimas da ambição, servos de propósitos inferiores, escravos de terríveis enganos, como poderão realizar para os outros a liberdade ou a elevação de que se conservam distantes? Não creias em salvadores que não demonstrem ações que confirmem a salvação de si mesmos.[1]

Em verdade, precisamos, num sentimento de altruísmo, lembrar de nossa participação na emancipação, tanto nossa quanto dos demais que são nossos patrícios ou mesmo habitantes desse planeta. Afinal, o Cristo precisa de todos para a evolução de todos.
Não sejamos tais quais foram, e são, os falsos profetas, pois aproveitam sua inteligência desenvolvida, além de uma boa eloquência, para enganar os que não estudam (e às vezes nem têm condições, materiais ou de tempo, para isto). O Cristo nos alertou sobre isso, quando nos advertiu:

Tende cuidado para que alguém não vos seduza; porque muitos virão em meu nome, dizendo: “Eu sou o Cristo”, e seduzirão a muitos. [...] Então, se alguém vos disser: “O Cristo está aqui, ou está ali”, não acrediteis absolutamente; porquanto falsos cristos e falsos profetas se levantarão e farão grandes prodígios e coisas de espantar, ao ponto de seduzirem, se fosse possível, os próprios escolhidos. (Mateus, 24:4, 5, 11 a 13, 23 e 24; Marcos, 13:5, 6, 21 e 22.)[2].

Emmanuel, nesta mensagem, ora refletida, também nos adverte quanto à nossa condição espiritual em relação a muitos que depende de nós, para que não nos tornemos falsos profetas:
É imprescindível empenhar as nossas energias, a serviço da educação. Ajudemos o povo a pensar, a crescer e a aprimorar-se. Auxiliar a todos para que todos se beneficiem e se elevem, tanto quanto nós desejamos melhoria e prosperidade para nós mesmos, constitui para nós a felicidade real e indiscutível.

Então, abracemos a causa do Cristo em nossos projetos, no nosso dia a dia, pois podemos muito fazer pelos nossos irmãos quando estamos cuidando de nossas atividades familiares, intelectuais, profissionais e religiosas.
Que Deus nos ajude a não esquecer disto.
Domício.


[1] Vide mensagem, na íntegra, em Caminho, Verdade e Vida.
[2] Vide interpretação de Allan Kardec e dos Espíritos Superiores em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXI.

2 comentários:

  1. Muito bom seu diagnóstico sobre a lenta e embassasa visão de nós mesmos. Não aproveitamos tudo o podemos aproveitar das oportunidades. Aprender a aprender e aprender a ensinar eis nossa responsabilidade para conosco e com o próximo.

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