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POSSUÍMOS O QUE DAMOS
É mais bem-aventurado dar do que receber.
Paulo (Atos, 20:35).
Quando alguém se refere à passagem evangélica que considera
a ação de dar mais alta bem-aventurança que a ação de receber, quase todos os
aprendizes da Boa-Nova se recordam da palavra "dinheiro".
Sem dúvida, em nos reportando aos bens materiais, há sempre
mais alegria em ajudar que em ser ajudado, contudo, é imperioso não esquecer os
bens espirituais que, irradiados de nós mesmos, aumentam o teor e a intensidade
da alegria em torno de nossos passos.
Quem dá recolhe a felicidade de ver a multiplicação daquilo
que deu.
Oferece a gentileza e encorajarás a plantação da
fraternidade.
Estende a bênção do perdão e fortalecerás a justiça.
Administra a bondade e terás o crescimento da confiança.
Dá o teu bom exemplo e garantirás a nobreza do caráter.
Os recursos da Criação são distribuídos pelo Criador com as
Criaturas, a fim de que em doação permanente se multipliquem ao infinito.
Serás ajudado pelo Céu, conforme estiveres ajudando na
Terra.
Possuímos aquilo que damos.
Não te esqueças, pois, de que és mordomo da vida em que te encontras.
Cede
ao próximo algo mais que o dinheiro de que possas dispor. Dá também teu
interesse afetivo tua saúde, tua alegria e teu tempo e, em verdade, entrarás na
posse dos sublimes dons do amor, do equilíbrio, da felicidade e da paz, hoje e
amanhã, neste mundo e na vida eterna.
NOSSA REFLEXÃO
Decerto que temos dinheiro, pouco ou muito. E até, mesmo,
quando é pouco, dependendo do amor desenvolvido em nossos corações, podemos
compartilhar esse pouco (Marcos, 12:41 a 44; Lucas, 21:1 a 4.) [1]. Nessa situação, o que é
mais dado por nós é o amor, a compaixão, o que é verdadeiramente nosso.
Mas Emmanuel nos chama a atenção para outras espécies de
bens que podemos desenvolver ao longo da existência: gentileza, altruísmo, bom
humor, tolerância, paciência, indulgência, benevolência e perdão. Estando de posse
deles, sendo nosso, que ninguém pode tirar, poderemos dar o que verdadeiramente
possuímos. Interessante que esses bens nunca se esgotam, pois como Emmanuel nos
diz, nesta mensagem: “Os recursos da Criação são distribuídos pelo Criador com
as Criaturas, a fim de que em doação permanente se multipliquem ao infinito”.
Ou seja, quanto mais doarmos do que possuímos, mais ficaremos ricos dos bens
doados.
Nesse sentido, Pascal, Espírito Superior que trabalhou na
Revelação da Doutrina Espírita, considera o que segue, para alargarmos mais
ainda nossa compreensão sobre a verdadeira propriedade de um Espírito:
O homem
só possui em plena propriedade aquilo que lhe é dado levar deste mundo. Do que
encontra ao chegar e deixa ao partir goza ele enquanto aqui permanece. Forçado,
porém, que é a abandonar tudo isso, não tem das suas riquezas a posse real,
mas, simplesmente, o usufruto. Que é então o que ele possui? Nada do que é de
uso do corpo; tudo o que é de uso da alma: a inteligência, os conhecimentos, as
qualidades morais. Isso o que ele traz e leva consigo, o que ninguém lhe pode
arrebatar, o que lhe será de muito mais utilidade no outro mundo do que neste.
Depende dele ser mais rico ao partir do que ao chegar, visto como, do que tiver
adquirido em bem, resultará a sua posição futura.[2]
Encerramos essa nossa reflexão com um trecho muito
significativo, para nós, desta mensagem de Emanuel: “Serás ajudado pelo Céu,
conforme estiveres ajudando na Terra. Possuímos aquilo que damos. Não te
esqueças, pois, de que és mordomo da vida em que te encontras”.
Que Deus nos ajude a nunca esquecer disso.
Domício.
[1]
Vide dissertação espírita de Allan Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XIII, itens 5 e 6.
[2] O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVI, Item 9.
Em complemento ao pensamento do Espírito Pascal, posto o pensamento do Espírito João que contribuiu também com a Revelação espírita:
ResponderExcluir"Todos vós podeis dar. Qualquer que seja a classe a que pertençais,
de alguma coisa dispondes que podeis dividir. Seja o que for que Deus
vos haja outorgado, uma parte do que Ele vos deu deveis àquele que
carece do necessário, porquanto, em seu lugar, muito gostaríeis que
outro dividisse convosco. Os vossos tesouros da Terra serão um pouco
menores; contudo, os vossos tesouros do céu ficarão acrescidos. Lá
colhereis pelo cêntuplo o que houverdes semeado em benefícios neste
mundo". – João. (Bordeaux, 1861.).
O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XIII, Item 16.