domingo, 6 de outubro de 2019

POSSUÍMOS O QUE DAMOS


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POSSUÍMOS O QUE DAMOS
É mais bem-aventurado dar do que receber.
Paulo (Atos, 20:35).
Quando alguém se refere à passagem evangélica que considera a ação de dar mais alta bem-aventurança que a ação de receber, quase todos os aprendizes da Boa-Nova se recordam da palavra "dinheiro".
Sem dúvida, em nos reportando aos bens materiais, há sempre mais alegria em ajudar que em ser ajudado, contudo, é imperioso não esquecer os bens espirituais que, irradiados de nós mesmos, aumentam o teor e a intensidade da alegria em torno de nossos passos.
Quem dá recolhe a felicidade de ver a multiplicação daquilo que deu.
Oferece a gentileza e encorajarás a plantação da fraternidade.
Estende a bênção do perdão e fortalecerás a justiça.
Administra a bondade e terás o crescimento da confiança.
Dá o teu bom exemplo e garantirás a nobreza do caráter.
Os recursos da Criação são distribuídos pelo Criador com as Criaturas, a fim de que em doação permanente se multipliquem ao infinito.
Serás ajudado pelo Céu, conforme estiveres ajudando na Terra.
Possuímos aquilo que damos.
Não te esqueças, pois, de que és mordomo da vida em que te encontras.
Cede ao próximo algo mais que o dinheiro de que possas dispor. Dá também teu interesse afetivo tua saúde, tua alegria e teu tempo e, em verdade, entrarás na posse dos sublimes dons do amor, do equilíbrio, da felicidade e da paz, hoje e amanhã, neste mundo e na vida eterna.
NOSSA REFLEXÃO
Decerto que temos dinheiro, pouco ou muito. E até, mesmo, quando é pouco, dependendo do amor desenvolvido em nossos corações, podemos compartilhar esse pouco (Marcos, 12:41 a 44; Lucas, 21:1 a 4.) [1]. Nessa situação, o que é mais dado por nós é o amor, a compaixão, o que é verdadeiramente nosso.
Mas Emmanuel nos chama a atenção para outras espécies de bens que podemos desenvolver ao longo da existência: gentileza, altruísmo, bom humor, tolerância, paciência, indulgência, benevolência e perdão. Estando de posse deles, sendo nosso, que ninguém pode tirar, poderemos dar o que verdadeiramente possuímos. Interessante que esses bens nunca se esgotam, pois como Emmanuel nos diz, nesta mensagem: “Os recursos da Criação são distribuídos pelo Criador com as Criaturas, a fim de que em doação permanente se multipliquem ao infinito”. Ou seja, quanto mais doarmos do que possuímos, mais ficaremos ricos dos bens doados.
Nesse sentido, Pascal, Espírito Superior que trabalhou na Revelação da Doutrina Espírita, considera o que segue, para alargarmos mais ainda nossa compreensão sobre a verdadeira propriedade de um Espírito:
O homem só possui em plena propriedade aquilo que lhe é dado levar deste mundo. Do que encontra ao chegar e deixa ao partir goza ele enquanto aqui permanece. Forçado, porém, que é a abandonar tudo isso, não tem das suas riquezas a posse real, mas, simplesmente, o usufruto. Que é então o que ele possui? Nada do que é de uso do corpo; tudo o que é de uso da alma: a inteligência, os conhecimentos, as qualidades morais. Isso o que ele traz e leva consigo, o que ninguém lhe pode arrebatar, o que lhe será de muito mais utilidade no outro mundo do que neste. Depende dele ser mais rico ao partir do que ao chegar, visto como, do que tiver adquirido em bem, resultará a sua posição futura.[2]
Encerramos essa nossa reflexão com um trecho muito significativo, para nós, desta mensagem de Emanuel: “Serás ajudado pelo Céu, conforme estiveres ajudando na Terra. Possuímos aquilo que damos. Não te esqueças, pois, de que és mordomo da vida em que te encontras”.
Que Deus nos ajude a nunca esquecer disso.
Domício.


[1] Vide dissertação espírita de Allan Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XIII, itens 5 e 6.

Um comentário:

  1. Em complemento ao pensamento do Espírito Pascal, posto o pensamento do Espírito João que contribuiu também com a Revelação espírita:

    "Todos vós podeis dar. Qualquer que seja a classe a que pertençais,
    de alguma coisa dispondes que podeis dividir. Seja o que for que Deus
    vos haja outorgado, uma parte do que Ele vos deu deveis àquele que
    carece do necessário, porquanto, em seu lugar, muito gostaríeis que
    outro dividisse convosco. Os vossos tesouros da Terra serão um pouco
    menores; contudo, os vossos tesouros do céu ficarão acrescidos. Lá
    colhereis pelo cêntuplo o que houverdes semeado em benefícios neste
    mundo". – João. (Bordeaux, 1861.).
    O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XIII, Item 16.

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