77
PAI – NOSSO
Pai – Nosso...Jesus.
(MATEUS, 6:9).
A grandeza da prece dominical nunca será devidamente compreendida
por nós que lhe recebemos as lições divinas.
Cada palavra, dentro dela, tem a fulguração de sublime luz.
De início, o Mestre divino lança-lhe os fundamentos em
Deus, ensinando que o supremo Doador da Vida deve constituir, para nós todos, o
princípio e a finalidade de nossas tarefas.
É necessário começar e continuar em Deus, associando nossos
impulsos ao plano divino, a fim de que nosso trabalho não se perca no movimento
ruinoso ou inútil.
O Espírito universal do Pai há de presidir-nos o mais
humilde esforço, na ação de pensar e falar, ensinar e fazer.
Em seguida, com um simples pronome possessivo, o Mestre exalta
a comunidade.
Depois de Deus, a Humanidade será o tema fundamental de
nossas vidas.
Compreenderemos as necessidades e as aflições, os males e
as lutas de todos os que nos cercam ou estaremos segregados no egoísmo primitivista.
Todos os triunfos e fracassos que iluminam e obscurecem a
Terra pertencem-nos, de algum modo.
Os soluços de um hemisfério repercutem no outro.
A dor do vizinho é uma advertência para a nossa casa.
O erro de um irmão, examinado nos fundamentos, é igualmente
nosso, porque somos componentes imperfeitos de uma sociedade menos perfeita,
gerando causas perigosas e, por isso, tragédias e falhas dos outros afetam-nos
por dentro.
Quando entendemos semelhante realidade o "império do
eu" passa a incorporar-se por célula bendita à vida santificante.
Sem amor a Deus e à humanidade, não estamos suficientemente
seguros na oração.
Pai nosso... - disse Jesus para começar.
Pai do universo... Nosso mundo...
Sem
nos associarmos aos propósitos do Pai, na pequenina tarefa que nos foi
permitido executar, nossa prece será, muitas vezes, simples repetição do
"eu quero", invariavelmente cheio de desejos, mas quase sempre vazio
de sensatez e de amor.
NOSSA REFLEXÃO
O Cristo se preocupou em nos habilitar a uma prece voltada
ao Pai de todos nós, com a seguinte característica:
[...] sob
a mais singela forma, ela resume todos os deveres do homem para com Deus, para
consigo mesmo e para com o próximo. Encerra uma profissão de fé, um ato de
adoração e de submissão; o pedido das coisas necessárias à vida e o princípio
da caridade. Quem a diga, em intenção de alguém, pede para este o que pediria
para si mesmo (ALLAN KARDEC)[1].
Corroborando Allan Kardec, o Espírito Emmanuel, colaborador
da Codificação da Doutrina Espírita, traz essas características, para nós, de
outro modo. Nos lembra que o Criador está acima de todos nós e de nossas vontades.
Antes de tudo, nossa vida deve ser dedicada a Ele. Desse modo, ao nos dedicar a
ele, estaremos nos dedicando a nós mesmos e aos nossos semelhantes.
Deus não nos criou para vivermos no isolacionismo. As
nossas atividades devem ser executadas com espírito de coletividade. Nós não
somos mais importantes que ninguém. Depois de Deus, o semelhante deve ser
pensado, quando estivermos pensando em nós, para que não usurpemos seus
direitos que queremos para nós. Particularmente, o direito a uma vida digna.
As nossas dificuldades podem ser a do vizinho e vice-versa.
Seus erros, podemos já tê-los cometido. Aquele que falha conosco precisa tanto
do perdão de Deus como nós; ou seja, devemos perdoá-lo quando falhar conosco.
Ao orarmos a Deus, devemos lembrar que Ele é Pai de todos
nós. Além disso, Sua soberana vontade está descrita em Sua Lei. Daí a humildade
ao Lhe pedir algo, pois antes de tudo, devemos pedir compreensão de Sua Lei,
pois nela está todos os caminhos para a felicidade. Desta forma, sempre teremos
bons Espíritos a nos fortalecer na luta do dia a dia.
Quando pedirmos algo a Deus, lembremos do ensinamento do
Espírito V. Monod:
A vossa
prece deve conter o pedido das graças de que necessitais, mas de que
necessitais em realidade. Inútil, portanto, pedir ao Senhor que vos abrevie as
provas, que vos dê alegrias e riquezas. Rogai-lhe que vos conceda os bens mais
preciosos da paciência, da resignação e da fé.[2]
Assim, sejamos, na medida de nossa evolução, um filho, antes
de tudo, cumpridor de seus deveres para com Deus, para consigo mesmo e para com
o próximo.
Que Deus nos ajude.
Domício.
[1] In: O
Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXVIII, Item 2.
[2] In: O
Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXVII, Item 22.
Nenhum comentário:
Postar um comentário