domingo, 30 de dezembro de 2018

CORAÇÕES CEVADOS


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CORAÇÕES CEVADOS
Cevastes os vossos corações, como num dia de matança.
Tiago (5:5).
Pela prosperidade e aperfeiçoamento do mundo, trabalha o Sol, que é a suprema expressão da Divindade vital no firmamento terrestre.
Colabora o verme na intimidade do solo, preparando ninho adequado às sementes.
Contribui a aragem, permutando o pólen das flores.
Esforça-se a água, incessantemente, entretendo a vida física e purificando-a.
Serve a árvore, florindo, frutificando e regenerando a atmosfera.
Coopera o animal, ajudando as realizações humanas, suando e morrendo para que haja vida normal no domínio da inteligência superior.
Indefectível lei de trabalho rege o universo.
O movimento e a ordem, na constância dos benefícios, constituem-lhe as características essenciais.
Há, porém, milhões de pessoas que se sentem exoneradas da glória de servir.
Para semelhantes criaturas, em cujo cérebro a razão dorme embotada e vazia, trabalho significa degredo e humilhação, inferno e sofrimento. Perseguem as facilidades delituosas, com o mesmo instinto de novidade da mosca em busca de detritos.
Conseguida a solução de ordem inferior que buscavam, circunscrevem as horas e as possibilidades ao desenfreado apego de si mesmas, imitando o poço de águas estagnadas que se envenena facilmente.
No fundo, são "corações cevados", de acordo com a feliz expressão do Apóstolo. Criam teias densas de ódio e egoísmo, indiferença e vaidade, orgulho e indolência sobre si próprios, e gravitam para baixo. Descendo, descendo, pelas pesadas vibrações a que se acolhem, rolam vagarosamente para o seio das vidas inferiores, onde é natural que encontrem a exigência de muitos, que se aproveitam deles, à maneira do homem comum que se vale dos animais gordos para a matança.
NOSSA REFLEXÃO
Nós, Espíritos criados por Deus, somos fadados a perfeição, ao estado de Espíritos Puros[1]. No entanto, para chegarmos neste estado, muita luta deve ser realizada ao longo de nossa vida espiritual[2].
No caminho, muitos vão ficando por se identificarem com a vida fácil, e, se preciso, ilícita.
Como Emmanuel nos fala, nesta mensagem, no nosso mundo existem “[...] milhões de pessoas que se sentem exoneradas da glória de servir.
No entanto, segundo os Espíritos Superiores da codificação da Doutrina Espírita: “O trabalho é lei da Natureza, por isso mesmo que constitui uma necessidade, e a civilização obriga o homem a trabalhar mais, porque lhe aumenta as necessidades e os gozos". [3]
Assim, como a natureza, que trabalha sem cessar, a exemplo do Pai e o Cristo[4], devemos, por nossa vez, fazer o mesmo.
Que Deus nos ajude.
Domício.


[1] In: O Livro dos Espíritos, questão nº 170. O que fica sendo o Espírito depois da sua última encarnação? “Espírito bem-aventurado; puro Espírito”.
[2]É um castigo a encarnação e somente os Espíritos culpados estão sujeitos a sofrê-la? A passagem dos Espíritos pela vida corporal é necessária para que eles possam cumprir, por meio de uma ação material, os desígnios cuja execução Deus lhes confia. É-lhes necessária, a bem deles, visto que a atividade que são obrigados a exercer lhes auxilia o desenvolvimento da inteligência. Sendo soberanamente justo, Deus tem de distribuir tudo igualmente por todos os seus filhos; assim é que estabeleceu para todos o mesmo ponto de partida, a mesma aptidão, as mesmas obrigações a cumprir e a mesma liberdade de proceder. Qualquer privilégio seria uma preferência, e toda preferência, uma injustiça; mas a encarnação, para todos os Espíritos, é apenas um estado transitório. É uma tarefa que Deus lhes impõe, quando iniciam a vida, como primeira experiência do uso que farão do livre-arbítrio. Os que desempenham com zelo essa tarefa transpõem rapidamente e menos penosamente os primeiros graus da iniciação e mais cedo gozam do fruto de seus labores. Os que, ao contrário, usam mal da liberdade que Deus lhes concede retardam a sua marcha e, tal seja a obstinação que demonstrem, podem prolongar indefinidamente a necessidade da reencarnação e é quando se torna um castigo”. – São Luís. (Paris, 1859.).In: O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. 4, Item 25.
[3] Vide questão de nº 674 e seguintes de O Livro dos Espíritos, Livro Terceiro, Das Leis Morais, Cap. III – Lei do Trabalho.
[4] “E por causa disso, os judeus perseguiam Jesus, que fazia essas [coisas] no sábado. Ele, porém, lhes respondeu: O meu Pai trabalha até agora, eu também trabalho. (João, 5: 16-17). In: O Novo Testamento (FEB – Tradução de Haroldo Dutra Dias).

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