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SEPULCROS ABERTOS
A sua garganta é um sepulcro aberto.
Paulo (ROMANOS, 3: 13).
Reportando-se aos espíritos transviados da luz, asseverou
Paulo que têm a garganta semelhante a sepulcro aberto e, nessa imagem, podemos
emoldurar muitos companheiros, quando se afastam da Estrada Real do Evangelho
para os trilhos escabrosos do personalismo delinquente.
Logo se instalam no império escuro do "eu",
olvidando as obrigações que nos situam no Reino divino da Universalidade,
transfigura-se-lhes a garganta em verdadeiro túmulo descerrado. Deixam escapar
todo o fel envenenado que lhes transborda do íntimo, à maneira dum vaso de lodo,
e passam a sintonizar, exclusivamente, com os males que ainda apoquentam
vizinhos, amigos e companheiros.
Enxergam apenas os defeitos, os pontos frágeis e as zonas
enfermiças das pessoas de boa-vontade que lhes partilham a marcha.
Tecem longos comentários no exame de úlceras alheias, ao
invés de curá-las.
Eliminam precioso tempo em palestras compridas e ferinas, enegrecendo
as intenções dos outros.
Sobrecarregam a imaginação de quadros deprimentes, nos
domínios da suspeita e da intemperança mental.
Sobretudo, queixam-se de tudo e de todos.
Projetam emanações entorpecentes de má-fé, estendendo o desânimo
e a desconfiança contra a prosperidade da santificação, por onde passam,
crestando as flores da esperança e aniquilando os frutos imaturos da caridade.
Semelhantes aprendizes, profundamente desventurados pela
conduta a que se acolhem, afiguram-se-nos, de fato, sepulcros abertos...
Exalam ruínas e tóxicos de morte.
Quando te desviares, pois, para o resvaladiço terreno das lamentações
e das acusações, quase sempre indébitas, reconsidera os teus passos espirituais
e recorda que a nossa garganta deve ser consagrada ao bem, pois só assim se
expressará, por ela, o verbo sublime do Senhor.
NOSSA
REFLEXÃO
Apesar de
sabermos dos objetivos da encarnação[1], somos verdadeiros reclamadores da vida, quando algo acontece diferentemente do que estávamos
esperando. Caímos em prostração. Algo nos embota a vontade e deixamos de ser
produtivos. Eis o momento de aprendermos a trabalhar com as ferramentas que se
nos apresentam. O trabalho, mesmo com poucas ferramentas, nos é útil para
aprendermos a ter paciência, fé e esperança em dias melhores. Afinal, não descemos
aqui para sermos coroados de louros e facilidades. O Cristo ao descer, não
pediu ao Pai facilidades, e, realmente, não teve. Foi até perseguido,
incompreendido e traído. Mas fez o que veio fazer. Então, que entendamos que o
trabalho é sempre uma atividade útil, principalmente quando difícil, pois nos
ajuda a aperfeiçoar a nossa inteligência e a nossa moral[2].
Motivados
pelo desânimo, muito pelo contrário, não devemos ser motivo de baixo astral ao
contato com outros companheiros que se nos avizinham em nossa romagem terrena. Devemos,
sim, diferentemente dos que tem sepulcros abertos em suas gargantas, ser
estimuladores de seus trabalhos, exaltar suas contribuições e ajudá-los, na
medida de nossas possibilidades. Caso precisemos de ajuda, que façamos sem
lamúrias, pois afinal, nunca devemos nos sentir isolados. Sempre tem alguém
para somar aos nossos esforços, pois fazemos parte de uma grande coletividade
de Espíritos irmãos que devem se ajudar.
Que sejamos
tarefeiros no bem, sempre para somar e oportunizar frentes de trabalho para
outros de boa vontade, sem engrandecer, é claro, o nosso trabalho, pois ele é só
um na grande Seara do Mestre.
Que Deus nos
ajude com as ferramentas e saibamos aproveitar o que se nos apresenta.
Domício.
[1] Vide
O Livro dos Espíritos, questão 132 e seguintes e O Evangelho Segundo o Espiritismo Cap. IV.
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