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RICAMENTE
"A palavra do Cristo habite em vós,
ricamente...
Paulo
(Colossenses, 3:16).
Dizes confiar no poder do Cristo, mas, se o dia aparece em
cores contrárias à tua expectativa, demonstras deplorável indigência de fé na
inconformação.
Afirmas cultivar o amor que o Mestre nos legou, entretanto,
se o companheiro exterioriza pontos de vista diferentes dos teus, mostras enorme
pobreza de compreensão, confiando-te ao desagrado e à censura.
Declaras aceitar o Evangelho em sua simplicidade e pureza,
contudo, se o Senhor te pede algum sacrifício perfeitamente compatível com as
tuas possibilidades, exibes incontestável carência de cooperação, lançando
reptos e solicitando reparações.
Asseveras procurar a Vontade do celeste Benfeitor, no
entanto, se os teus caprichos não se encontram satisfeitos, mostras lastimável miséria
de paciência e esperança, arrojando teus melhores pensamentos ao lamaçal do
desencanto.
Acenderemos, porém, a luz, permanecendo nas trevas.
Daremos testemunho de obediência, exaltando a revolta?
Ensinaremos a serenidade, inclinando-nos à desesperação?
Proclamaremos a glória do amor, cultivando o ódio?
A palavra do Cristo não nos convida a marchar na fraqueza
ou na lamentação, como se fôssemos tutelados da ignorância.
Segundo
a conceituação iluminada de Paulo, Boa-Nova deve irradiar-se de nossa vida,
habitando a nossa alma, ricamente.
NOSSA REFLEXÃO
Nosso Mestre nos convidou a ser seus discípulos, sem deixar
de nos dar os elementos que nos fariam fortes em qualquer situação da vida, e o
Apóstolo Paulo nos lembra isso, pois considera que todo o esforço angelical e
incomensurável do Cristo não foi à toa.
Não podemos trair a nossa fé em Jesus, como no início do
Cristianismo, com Ele ainda entre nós, a exemplo dos próprios Apóstolos. Devemos
seguir os exemplos desses mesmos Apóstolos, logo depois da volta de seu Mestre
ao plano espiritual, bem como os exemplos testemunhados pelos primeiros
cristãos que foram perseguidos e mortos, com requintes de crueldade, como na
arena do Coliseu, mas sem perder a fé.
O Cristo não nos enganou quanto à perseguição que sofreriam
os seus seguidores e, até hoje, no mundo, temos notícias de perseguição aos
cristãos. Isto foi profetizado por Ele (Lucas, 21: 5-28)[1].
Allan Kardec disserta sobre as perseguições aos cristãos
interpretando o que nos traz Lucas (6: 22-23):
“Rejubilai-vos”, diz Jesus, “quando os homens
vos odiarem e perseguirem por minha causa, visto que sereis recompensados no
céu.” Podem traduzir-se assim essas verdades: Considerai-vos ditosos, quando haja
homens que, pela sua má vontade para convosco, vos deem ocasião de provar a
sinceridade da vossa fé, porquanto o mal que vos façam redundará em proveito
vosso. Lamentai-lhes a cegueira, porém, não os maldigais.”[2]
Mas não precisamos ser perseguidos para demonstrar a nossa
fé em Jesus Cristo, até por que a perseguição é só uma entre inúmeras situações
de demonstração de fé (Vide o Sermão do Monte[3]).
Devemos ser cristãos em pensamentos e atos. A caridade é a
bandeira, o termômetro de todas nossas ações, independentemente da Religião
cristã que professamos.
Então, as situações de conflitos de relacionamento, de
carência material, de posicionamentos políticos, etc. se configuram como provas
de nossa identidade com o Cristo e de oportunidades de irradiar, ricamente, a Boa-Nova
em nossas vidas.
Que sejamos ricamente cristãos.
Que o Senhor nos ajude.
Domício.
[1] Vide mensagem do Espírito Emmanuel,
grafada no livro “Caminho, Verdade e Vida”, intitulada Para testemunhar e refletida por nós.
[2] Vide O Evangelho Segundo o Espiritismo,
Cap. XXIV, Item 19.
[3] Os capítulos 5, 7, 8, 9 e 10 de O Evangelho Segundo o Espiritismo tratam de cada bem-aventurança prometida
por Jesus Cristo.
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