domingo, 26 de agosto de 2018

DEVAGAR, MAS SEMPRE


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DEVAGAR, MAS SEMPRE
Mas ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova, de dia em dia. – Paulo. (lI CORÍNTIOS, 4:16).
Observa o espírito de sequência e gradação que prevalece nos mínimos setores da natureza.
Nada se realiza aos saltos e, na pauta da Lei divina, não existe privilégio em parte alguma.
Enche-se a espiga de grão em grão.
Desenvolve-se a árvore, milímetro a milímetro.
Nasce a floresta de sementes insignificantes.
Levanta-se a construção, peça por peça.
Começa o tecido nos fios.
As mais famosas páginas foram produzidas, letra a letra.
A cidade mais rica é edificada, palmo a palmo.
As maiores fortunas de ouro e pedras foram extraídas do solo, fragmento a fragmento.
A estrada mais longa é pavimentada, metro a metro.
O grande rio que se despeja no mar é conjunto de filetes líquidos.
Não abandones o teu grande sonho de conhecer e fazer, nos domínios superiores da inteligência e do sentimento, mas não te esqueças do trabalho pequenino, dia a dia.
A vida é processo renovador, em toda parte, e, segundo a palavra sublime de Paulo, ainda que a carne se corrompa, a individualidade imperecível se reforma, incessantemente.
Para que não nos modifiquemos, todavia, em sentido oposto à expectativa do Alto, é indispensável saibamos perseverar com o esforço de autoaperfeiçoamento, em vigilância constante, na atividade que nos ajude e enobreça.
Se algum ideal divino te habita o espírito, não olvides o servicinho diário, para que se concretize em momento oportuno.
Há ensejo favorável à realização?
Age com regularidade, de alma voltada para a meta.
Há percalços e lutas, espinhos e pedrouços na senda?
Prossegue mesmo assim.
O tempo implacável dominador de civilizações e homens, marcha apenas com sessenta minutos por hora, mas nunca se detém.
Guardemos a lição e caminhemos para diante, com a melhoria de nós mesmos.
Devagar, mas sempre.
NOSSA REFLEXÃO
Viemos a esta vida corpórea com projetos de evolução espiritual. Estabelecemos meta(s). Todavia, ao mergulhar na carne, somos privados das lembranças da(s) meta(s) estabelecida(s) e vamos restabelecendo-as à medida que vamos readquirindo nossas inclinações mais nobres dentro de um contexto educacional familiar e escolar.
Nessa trajetória há as quedas desestimuladoras, mas não podemos esquecer da mensagem de Paulo, desenvolvida por Emmanuel em sua mensagem, agora refletida. Somos imperfeitos, portanto sujeitos a tropeços, com possibilidades de reerguimentos espirituais. O Cristo sempre perdoou aqueles que lhe buscou ou esteve em momentos de condenações e simplesmente dizia ao modo dessas palavras: eu não te julgo, porém não peques mais[1]. Assim, não devemos julgar os outros sem refletir se nosso julgamento terá proveitos, ou não, ao julgado. Além disso, o julgamento que venhamos a fazer de alguém deve ser sempre antecedido de uma reflexão sobre nós mesmo em relação ao caso, lembrando sempre que estamos em uma nova vida e que se não fazemos mais o que repreendemos hoje, podemos ter feito em vidas passadas.
A Doutrina Cristã, repaginada pelo Espiritismo, é consoladora na medida que não julga ninguém, mas dota todo Espírita de maturidade espiritual, de responsabilização de suas ações. Abre as portas da redenção para aquele que deseja acertar e continuar sua vida, se renovando dia a dia, como Emmanuel nos diz nesta mensagem.
Em última análise, esta mensagem vale para nossos ideais pessoais a serem conquistados nesta vida, que em geral não se constituem fáceis de realizar. Então, que possamos sempre encarar os obstáculos que são o cadinho da bela obra que vai se construindo à medida que vamos trabalhando em prol dela. Sejamos vitoriosos sobre nós mesmos, não nos deixando levar pelos pequenos fracassos ou demora nas coisas darem certo, mesmo que estejamos trabalhando duro para realizá-las.
Caminhemos “devagar, mas sempre”.
Que Deus nos ajude.
Domício.


[1] Vide Cap. 10, itens 11 a 13 de O Evangelho Segundo o Espiritismo.

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