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GUARDEMOS O CUIDADO
Mas nada é puro para os contaminados e infiéis.
Paulo. (TITO, 1: 15.)
O homem enxerga sempre, através da visão interior.
Com as cores que usa por dentro, julga os aspectos de fora.
Pelo que sente, examina os sentimentos alheios.
Na conduta dos outros, supõe encontrar os meios e fins das
ações que lhe são peculiares.
Daí, o imperativo de grande vigilância para que a nossa
consciência não se contamine pelo mal.
Quando a sombra vagueia em nossa mente, não vislumbramos
senão sombras em toda parte.
Junto das manifestações do amor mais puro, imaginamos
alucinações carnais.
Se encontramos um companheiro trajado com louvável apuro, pensamos
em vaidade.
Ante o amigo chamado à carreira pública, mentalizamos a
tirania política.
Se o vizinho sabe economizar com perfeito aproveitamento da
oportunidade, fixamo-lo com desconfiança e costumamos tecer longas reflexões em
torno de apropriações indébitas.
Quando ouvimos um amigo na defesa justa, usando a energia
que lhe compete, relegamo-lo, de imediato, à categoria dos intratáveis.
Quando a treva se estende, na intimidade de nossa vida,
deploráveis alterações nos atingem os pensamentos.
Virtudes, nessas circunstâncias, jamais são vistas.
Os males, contudo, sobram sempre.
Os mais largos gestos de bênção recebem lastimáveis
interpretações.
Guardemos cuidado toda vez que formos visitados pela
inveja, pelo ciúme, pela suspeita ou pela maledicência.
Casos intrincados existem nos quais o silêncio é o remédio
bendito e eficaz, porque, sem dúvida, cada espírito observa o caminho ou o caminheiro,
segundo a visão clara ou escura de que dispõe.
NOSSA
REFLEXÃO
Esta reflexão
de Emmanuel caiu forte, e de modo muito claro, em minha consciência. Vi-me na
situação de intolerante com os atos das pessoas. Por que sou intolerante? Eis a
pergunta. Entendo que é porque ainda vibra em mim o que fui, ou o que fiz no
passado e que ainda cala fundo em minha consciência. A gente não perdoa o outro
porque ainda não nos perdoamos pelo que fizemos. Eis o caminho para a libertação.
Há um pensamento de Emmanuel (por Chico Xavier) que nos ajuda nesse caminho: “Tens
paciência contigo e usarás verdadeira tolerância para com os outros”[1].
A luz que
venha existir no nosso interior é que nos fará ver uma boa coisa existente em qualquer
ser humano, mesmo o mais perverso: ser uma criatura de Deus com destino a ser
um Espírito Puro[2].
Portanto, pensando que um dia seremos, lembramos que o mais perverso também o
será, e considerando que se hoje não somos perversos, com certeza um dia fomos,
seremos bastante tolerantes com qualquer coisa que nos tira de um tônus vibratório
de equilíbrio. Lembremos, então, que, se melhoramos, qualquer pessoa também
melhorará.
Então,
guardemos o cuidado de simplesmente repudiar o mal feito e lembremos que
precisamos do perdão de Deus e de os Espíritos, encarnados ou desencarnados,
que convivem ou conviveram conosco em eras passadas e que porventura estão conosco,
agora, esperando e cobrando a reparação de um mal que tenhamos feito a eles.
De modo
especial, na convivência com aqueles(as) que temos afeto pessoal, procuremos
sempre ver o bem que são capazes de fazer, e já fizeram por nós, antes de ser intolerantes
com eles(as), pois precisamos dessa conduta por parte delas, também.
Deixemos a Luz
do Cristo, e de Deus e primeiro lugar, nos alcançar nos momentos de decepção,
ofensas, incompreensões, ingratidões sentidas, etc., pois é nessas horas que as
pessoas, em especial as mais queridas, mais precisam de nossas aquisições
cristãs que estão sendo trabalhadas em nós, no momento. Este pensamento serve
primeiro para este que pensa e escreve.
Que Deus e o nosso
Anjo Guardião nos ajudem.
Domício.
[1] Vide também, com mais atenção e estudo,
o Cap. IX (Bem-aventurados os que são brandos e pacíficos) de O
Evangelho Segundo o Espiritismo.
[2] Vide O Livro dos
Espíritos, questões 115 a 127, 634 e 1006.
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