domingo, 4 de fevereiro de 2018

GUARDEMOS O CUIDADO

34
GUARDEMOS O CUIDADO
Mas nada é puro para os contaminados e infiéis.
Paulo. (TITO, 1: 15.)
O homem enxerga sempre, através da visão interior.
Com as cores que usa por dentro, julga os aspectos de fora.
Pelo que sente, examina os sentimentos alheios.
Na conduta dos outros, supõe encontrar os meios e fins das ações que lhe são peculiares.
Daí, o imperativo de grande vigilância para que a nossa consciência não se contamine pelo mal.
Quando a sombra vagueia em nossa mente, não vislumbramos senão sombras em toda parte.
Junto das manifestações do amor mais puro, imaginamos alucinações carnais.
Se encontramos um companheiro trajado com louvável apuro, pensamos em vaidade.
Ante o amigo chamado à carreira pública, mentalizamos a tirania política.
Se o vizinho sabe economizar com perfeito aproveitamento da oportunidade, fixamo-lo com desconfiança e costumamos tecer longas reflexões em torno de apropriações indébitas.
Quando ouvimos um amigo na defesa justa, usando a energia que lhe compete, relegamo-lo, de imediato, à categoria dos intratáveis.
Quando a treva se estende, na intimidade de nossa vida, deploráveis alterações nos atingem os pensamentos.
Virtudes, nessas circunstâncias, jamais são vistas.
Os males, contudo, sobram sempre.
Os mais largos gestos de bênção recebem lastimáveis interpretações.
Guardemos cuidado toda vez que formos visitados pela inveja, pelo ciúme, pela suspeita ou pela maledicência.
Casos intrincados existem nos quais o silêncio é o remédio bendito e eficaz, porque, sem dúvida, cada espírito observa o caminho ou o caminheiro, segundo a visão clara ou escura de que dispõe.

NOSSA REFLEXÃO
Esta reflexão de Emmanuel caiu forte, e de modo muito claro, em minha consciência. Vi-me na situação de intolerante com os atos das pessoas. Por que sou intolerante? Eis a pergunta. Entendo que é porque ainda vibra em mim o que fui, ou o que fiz no passado e que ainda cala fundo em minha consciência. A gente não perdoa o outro porque ainda não nos perdoamos pelo que fizemos. Eis o caminho para a libertação. Há um pensamento de Emmanuel (por Chico Xavier) que nos ajuda nesse caminho: “Tens paciência contigo e usarás verdadeira tolerância para com os outros”[1].
A luz que venha existir no nosso interior é que nos fará ver uma boa coisa existente em qualquer ser humano, mesmo o mais perverso: ser uma criatura de Deus com destino a ser um Espírito Puro[2]. Portanto, pensando que um dia seremos, lembramos que o mais perverso também o será, e considerando que se hoje não somos perversos, com certeza um dia fomos, seremos bastante tolerantes com qualquer coisa que nos tira de um tônus vibratório de equilíbrio. Lembremos, então, que, se melhoramos, qualquer pessoa também melhorará.
Então, guardemos o cuidado de simplesmente repudiar o mal feito e lembremos que precisamos do perdão de Deus e de os Espíritos, encarnados ou desencarnados, que convivem ou conviveram conosco em eras passadas e que porventura estão conosco, agora, esperando e cobrando a reparação de um mal que tenhamos feito a eles.
De modo especial, na convivência com aqueles(as) que temos afeto pessoal, procuremos sempre ver o bem que são capazes de fazer, e já fizeram por nós, antes de ser intolerantes com eles(as), pois precisamos dessa conduta por parte delas, também.
Deixemos a Luz do Cristo, e de Deus e primeiro lugar, nos alcançar nos momentos de decepção, ofensas, incompreensões, ingratidões sentidas, etc., pois é nessas horas que as pessoas, em especial as mais queridas, mais precisam de nossas aquisições cristãs que estão sendo trabalhadas em nós, no momento. Este pensamento serve primeiro para este que pensa e escreve.
Que Deus e o nosso Anjo Guardião nos ajudem.
Domício.




[1] Vide também, com mais atenção e estudo, o Cap. IX (Bem-aventurados os que são brandos e pacíficos) de O Evangelho Segundo o Espiritismo.
[2] Vide O Livro dos Espíritos, questões 115 a 127, 634 e 1006.

Nenhum comentário:

Postar um comentário