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A BOA PARTE
Maria escolheu a boa parte, que não lhe será
tirada.
Jesus. (LUCAS, 10:42.)
Não te esqueças da "boa parte" que reside em
todas as criaturas e em todas as coisas.
O fogo destrói, mas transporta consigo o elemento
purificador.
A pedra é contundente, mas consolida a segurança.
A ventania açoita impiedosa, todavia, ajuda a renovação.
A enxurrada é imundície, entretanto, costuma carrear o
adubo indispensável à sementeira vitoriosa.
Assim também há criaturas que, em se revelando negativas em
determinados setores da luta humana, são extremamente valiosas em outros.
A apreciação unilateral é sempre ruinosa.
A imperfeição completa, tanto quanto a perfeição integral,
não existem no plano em que evoluímos.
O criminoso, acusado por toda a gente, amanhã pode ser o enfermeiro
que te estende o copo d’água.
O companheiro, no qual descobres agora uma faixa de trevas,
pode ser depois o irmão sublimado que te convida ao bom exemplo.
A tempestade da hora em que vivemos é, muitas vezes, a
fonte do bem-estar das horas que vamos viver.
Busquemos o lado melhor das situações, dos acontecimentos e
das pessoas.
"Maria escolheu a boa parte, que não lhe será
tirada" - disse-nos o Senhor.
Assimilemos a essência da divina lição.
Quem
procura a "boa parte" e nela se detém, recolhe no campo da vida o
tesouro espiritual que jamais lhe será roubado.
NOSSA REFLEXÃO
Todos temos o gérmen da perfeição. Os anos e as
experiências vividas ao longo deles vão apresentando o melhor que temos em nós,
ou o que da perfeição já podemos apresentar. Por isso, devemos ver, em tudo, a “boa
parte” que salta aos olhos e que logo, logo, será ampliada e reconhecida.
A boa vontade em não ser duro com os outros tem a vantagem
de lhes dar a chance de reproduzirem o melhor que podem fazer, pois são valorizados
no ponto melhor de sua vida, naquele momento.
Uma outra análise de valorizar a “boa parte” dos outros
é calar, não passivamente, sobre os graves defeitos que eles apresentam. Não ser
passivo, é ser compreensível com o estágio evolutivo da criatura que nos incomoda.
Podemos, sim, reprimir uma má ação se não for com o intuito de humilhar.[1], O Espírito Dufêtre,
bispo de Nevers, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. X, item 18, nos
esclarece sobre o nosso dever de não exaltar as más qualidades dos outros, já que as
temos também.
Caros
amigos, sede severos convosco, indulgentes para as fraquezas dos outros. É esta
uma prática da santa caridade, que bem poucas pessoas observam. Todos vós
tendes maus pendores a vencer, defeitos a corrigir, hábitos a modificar; todos
tendes um fardo mais ou menos pesado a alijar, para poderdes galgar o cume da
montanha do progresso. Por que, então, haveis de mostrar-vos tão clarividentes
com relação ao próximo e tão cegos com relação a vós mesmos? Quando deixareis
de perceber, nos olhos de vossos irmãos, o pequenino argueiro que os incomoda,
sem atentardes na trave que, nos vossos olhos, vos cega, fazendo-vos ir de
queda em queda? Crede nos vossos irmãos, os Espíritos. Todo homem, bastante orgulhoso
para se julgar superior, em virtude e mérito, aos seus irmãos encarnados, é
insensato e culpado: Deus o castigará no dia da sua justiça.
Então, sabemos que todos somos imperfeitos, mas todos têm
um lado bom, até o pior criminoso. A misericórdia de Deus atua na fagulha de
bem que enxerga em seu mais imperfeito filho.
Sejamos a imagem e semelhança de Deus.
Que Ele nos ajude a sermos chamados Filho Dele.
Domício.
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