domingo, 9 de setembro de 2018

SEMEADORES


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SEMEADORES
Eis que o semeador saiu a semear.
Jesus (MATEUS. 13:3).
Todo ensinamento do divino Mestre é profundo e sublime na menor expressão. Quando se dispõe a contar a Parábola do Semeador, começa com ensinamento de inestimável importância que vale relembrar.
Não nos fala que o semeador deva agir, através do contrato com terceiras pessoas, e sim que ele mesmo saiu a semear.
Transferindo a imagem para o solo do espírito, em que tantos imperativos de renovação convidam os obreiros da boa-vontade à santificante lavoura da elevação, somos levados a reconhecer que o servidor do Evangelho é compelido a sair de si próprio, a fim de beneficiar corações alheios.
É necessário desintegrar o velho cárcere do "ponto de vista" para nos devotarmos ao serviço do próximo.
Aprendendo a ciência de nos retirarmos da escura cadeia do "eu", excursionaremos através do grande continente denominado "interesse geral". E, na infinita extensão dele, encontraremos a "terra das almas", sufocada de espinheiros, ralada de pobreza, revestida de pedras ou intoxicada de pântanos, oferecendo-nos a divina oportunidade de agir a benefício de todos.
Foi nesse roteiro que o divino Semeador pautou o ministério da luz, iniciando a celeste missão do auxílio entre humildes tratadores de animais e continuando-a através dos amigos de Nazaré e dos doutores de Jerusalém, dos fariseus palavrosos e dos pescadores simples, dos justos e dos injustos, ricos e pobres, doentes do corpo e da alma, velhos e jovens, mulheres e crianças...
Segundo observamos, o semeador do Céu ausentou-se da grandeza a que se acolhe e veio até nós, espalhando as claridades da Revelação e aumentando-nos a visão e o discernimento. Humilhou-se para que nos exaltássemos e confundiu-se com a sombra a fim de que a nossa luz pudesse brilhar, embora lhe fosse fácil fazer-se substituído por milhões de mensageiros, se desejasse.
Afastemo-nos, pois, das nossas inibições e aprendamos com o Cristo a "sair para semear".
NOSSA REFLEXÃO
Entendemos que somos aprendizes de semeadores cristãos. Já temos a boa-vontade de trabalhar no movimento em prol dos que desejam também serem iluminados pela Doutrina Espírita. No entanto, sabemos que o terreno a semear é árido, e uns recebem a Revelação como se estivessem a caminhar sem preocupações; outros parecem um terreno com pedras – até a recebem com alegria, mas as imposições sociais os levam a se afastar; e, por último, há aqueles que parece um terreno espinhoso que não deixa os frutos sobressaírem. Porém, tem aqueles que se constituem em terreno de boa vontade em que se produz bastante frutos[1].
Apesar de nos candidatarmos a sermos semeadores, precisamos refletir em qual estágio nos encontramos em relação aos diversos tipos de terreno em que o Senhor semeia Sua iluminada Boa Nova. Podemos até fazer um bom trabalho de evangelização, participando de grupos de estudos das obras básicas, proferindo palestras, mas não devemos nos descuidar de nos limpar “[...] das nossas inibições [...]” e verdadeiramente nos dispor a aprender o modo cristão de  "[...] ‘sair para semear’", como nos aponta Emmanuel nesta mensagem que estamos a refletir.
O exercício da semeadura, para o aprendiz de cristão, é um verdadeiro aprendizado no esforço de se tornar cristão, pois devemos ter boa vontade com os mais diversos tipos de terrenos a semear, inclusive nós mesmos. Pois é no exercício que vamos, no dia a dia, sendo provados se a Boa Nova já rende frutos em nós.
Que aprendamos aceitar os outros, como devemos aceitar a nós mesmos e nos alegremos com a oportunidade de sermos melhores a cada dia.
Que Deus nos ajude.
Domício.



[1] Vide interpretação de A. Kardec à Parábola do Semeador em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVII, Item 6, comparando os sujeitos da parábola com os mais diversos tipos de espíritas.

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