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NÃO TE PERTURBES
E
o mandamento que era para a vida, achei eu que me era para a morte
Paulo (ROMANOS, 7:10).
Se perguntássemos ao grão de trigo que opinião alimenta
acerca do moinho, naturalmente responderia que dentro dele encontra a casa de
tortura em que se aflige e sofre; no entanto, é de lá que ele se ausenta
aprimorado para a glória do pão na subsistência do mundo.
Se indagássemos da madeira, com respeito ao serrote,
informaria que nele identifica o algoz de todos os momentos, a dilacerar-lhe as
entranhas; todavia, sob o patrocínio do suposto verdugo, faz-se delicada e útil
para servir em atividades sempre mais nobres.
Se consultarmos a pedra, com alusão ao buril, certo
esclarecerá que descobriu nele o detestável, perseguidor de sua tranquilidade,
a feri-Ia, desapiedado, dia e noite; entretanto, é dos golpes dele que se eleva
aos tesouros terrestres, aperfeiçoada e brilhante.
Assim, a alma. Assim, a luta.
Peçamos o parecer do homem, quanto à carne, e pronunciará
talvez impropriedades mil. Ouçamo-lo sobre a dor e registraremos velhos disparates
verbais. Solicitemos-lhe que se externe com referência à dificuldade, e
derramará fel e pranto.
Contudo, é imperioso reconhecer que do corpo disciplinado,
do sofrimento purificador e do obstáculo asfixiante, o espírito ressurge sempre
mais aformoseado, mais robusto e mais esclarecido para a imortalidade.
Não te perturbes, pois, diante da luta, e observa.
O que te parece derrota, muita vez é vitória. E o que se te
afigura em favor de tua morte, é contribuição para o teu engrandecimento na vida
eterna.
NOSSA REFLEXÃO
Em face do sofrimento que nos inquieta por tempo, que
parece eterno, nós nos desesperamos, por nos sentir sem força para levar em
frente tal cruz. Mas o que pesa no ombro de um, não tem o mesmo peso no ombro
de outro. Tudo depende do valor que se dá ao peso, do objetivo dele se encontra
no ombro.
O que pode nos aquietar a alma, para nos fortalecer diante
da Cruz que carregamos por anos a fio? Primeiramente, lembramos o Cristo que
não tinha nada a reparar nessa Terra e carregou uma cruz, tornando isso simbólico.
Cumpriu sua missão perdoando a todos que o feriram e o traíram.
Em seguida, lembramos este ensinamento deixado por Ele:
Vinde
a mim, todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, que Eu vos aliviarei. Tomai
sobre vós o meu jugo e aprendei comigo que sou brando e humilde de coração e
achareis repouso para vossas almas, pois é suave o meu jugo e leve o meu fardo.
(Mateus, 11:28 a 30.)[1]
Segundo A. Kardec, o jugo é suave e o fardo é leve porque a
única imposição moral presente nesses jugo e fardo é o dever da prática da
caridade.
Lembramos ainda da importância do significado da expiação e
sua diferença em relação a prova, já que habitamos um planeta de provas e expiações.
(...) Não há crer, no entanto, que todo
sofrimento suportado neste mundo denote a existência de uma determinada falta.
Muitas vezes são simples provas buscadas pelo Espírito para concluir a sua
depuração e ativar o seu progresso. Assim, a expiação serve sempre de prova,
mas nem sempre a prova é uma expiação (...) (O
Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. V, Item 9).
(...)
Mediante as diversas existências corpóreas é que os Espíritos se vão expungindo,
pouco a pouco, de suas imperfeições. As provações da vida os fazem adiantar-se,
quando bem suportadas. Como expiações, elas apagam as faltas e purificam. São o
remédio que limpa as chagas e cura o doente. (...) (O Evangelho Segundo o
Espiritismo, Cap. V, Item 10).
Há que se entender, as reclamações e lamúrias são sinais de
expiação. O sofrimento está na não aceitação da mesma. Daí o Cristo nos
consolar com a bem-aventurança reservada àqueles que bem sofre suas expiações (Mateus,
5:4, 6 e 10.), (Lucas, 6:20 e 21.), (Lucas, 6:24 e 25.). Essas passagens
evangélicas são a base para a dissertação do capítulo V, intitulado “Bem-aventurados
os Aflitos” de O Evangelho Segundo o Espiritismo, por A. Kardec.
Que tornemos nossa expiação em prova, suportando-a sem
muitos queixumes e lavemos nossas almas das impurezas acumuladas em vidas
passadas.
Que Deus nos ajude.
Domício.
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