domingo, 1 de outubro de 2017

NÃO TE PERTURBES

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NÃO TE PERTURBES
E o mandamento que era para a vida, achei eu que me era para a morte
Paulo (ROMANOS, 7:10).
Se perguntássemos ao grão de trigo que opinião alimenta acerca do moinho, naturalmente responderia que dentro dele encontra a casa de tortura em que se aflige e sofre; no entanto, é de lá que ele se ausenta aprimorado para a glória do pão na subsistência do mundo.
Se indagássemos da madeira, com respeito ao serrote, informaria que nele identifica o algoz de todos os momentos, a dilacerar-lhe as entranhas; todavia, sob o patrocínio do suposto verdugo, faz-se delicada e útil para servir em atividades sempre mais nobres.
Se consultarmos a pedra, com alusão ao buril, certo esclarecerá que descobriu nele o detestável, perseguidor de sua tranquilidade, a feri-Ia, desapiedado, dia e noite; entretanto, é dos golpes dele que se eleva aos tesouros terrestres, aperfeiçoada e brilhante.
Assim, a alma. Assim, a luta.
Peçamos o parecer do homem, quanto à carne, e pronunciará talvez impropriedades mil. Ouçamo-lo sobre a dor e registraremos velhos disparates verbais. Solicitemos-lhe que se externe com referência à dificuldade, e derramará fel e pranto.
Contudo, é imperioso reconhecer que do corpo disciplinado, do sofrimento purificador e do obstáculo asfixiante, o espírito ressurge sempre mais aformoseado, mais robusto e mais esclarecido para a imortalidade.
Não te perturbes, pois, diante da luta, e observa.
O que te parece derrota, muita vez é vitória. E o que se te afigura em favor de tua morte, é contribuição para o teu engrandecimento na vida eterna.

NOSSA REFLEXÃO
Em face do sofrimento que nos inquieta por tempo, que parece eterno, nós nos desesperamos, por nos sentir sem força para levar em frente tal cruz. Mas o que pesa no ombro de um, não tem o mesmo peso no ombro de outro. Tudo depende do valor que se dá ao peso, do objetivo dele se encontra no ombro.
O que pode nos aquietar a alma, para nos fortalecer diante da Cruz que carregamos por anos a fio? Primeiramente, lembramos o Cristo que não tinha nada a reparar nessa Terra e carregou uma cruz, tornando isso simbólico. Cumpriu sua missão perdoando a todos que o feriram e o traíram.
Em seguida, lembramos este ensinamento deixado por Ele:
Vinde a mim, todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, que Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei comigo que sou brando e humilde de coração e achareis repouso para vossas almas, pois é suave o meu jugo e leve o meu fardo. (Mateus, 11:28 a 30.)[1]
Segundo A. Kardec, o jugo é suave e o fardo é leve porque a única imposição moral presente nesses jugo e fardo é o dever da prática da caridade.
Lembramos ainda da importância do significado da expiação e sua diferença em relação a prova, já que habitamos um planeta de provas e expiações.
(...) Não há crer, no entanto, que todo sofrimento suportado neste mundo denote a existência de uma determinada falta. Muitas vezes são simples provas buscadas pelo Espírito para concluir a sua depuração e ativar o seu progresso. Assim, a expiação serve sempre de prova, mas nem sempre a prova é uma expiação (...) (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. V, Item 9).
(...) Mediante as diversas existências corpóreas é que os Espíritos se vão expungindo, pouco a pouco, de suas imperfeições. As provações da vida os fazem adiantar-se, quando bem suportadas. Como expiações, elas apagam as faltas e purificam. São o remédio que limpa as chagas e cura o doente. (...) (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. V, Item 10).
Há que se entender, as reclamações e lamúrias são sinais de expiação. O sofrimento está na não aceitação da mesma. Daí o Cristo nos consolar com a bem-aventurança reservada àqueles que bem sofre suas expiações (Mateus, 5:4, 6 e 10.), (Lucas, 6:20 e 21.), (Lucas, 6:24 e 25.). Essas passagens evangélicas são a base para a dissertação do capítulo V, intitulado “Bem-aventurados os Aflitos” de O Evangelho Segundo o Espiritismo, por A. Kardec.
Que tornemos nossa expiação em prova, suportando-a sem muitos queixumes e lavemos nossas almas das impurezas acumuladas em vidas passadas.
Que Deus nos ajude.
Domício.



[1] Vide interpretação por A. Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. 6, Item 2.

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